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Tragédia de Mar Grande completa três anos sem responsabilização penal dos envolvidos

Alberto Maraux/SSP-BA
Naufrágio da lancha Cavalo Marinho I na Baía de Todos os Santos deixou 19 mortos   |   Bnews - Divulgação Alberto Maraux/SSP-BA

Publicado em 24/08/2020, às 17h28   Léo Sousa


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O naufrágio da lancha Cavalo Marinho I na Baía de Todos os Santos completou três anos nesta segunda-feira (24). A tragédia, ocorrida em agosto de 2017 quando a embarcação fazia a travessia Mar Grande-Salvador, deixou 19 mortos e 59 feridos. Até então, nenhum dos apontados como culpados pelo evento trágico respondeu criminalmente.

Na última quinta-feira (20), o engenheiro Henrique José Caribé Ribeiro, o dono Lívio Galvão e a empresa CL Empreendimentos Eirelli, responsáveis pela lancha, foram condenados por unanimidade pelo Tribunal Marítimo da Marinha do Brasil pelo naufrágio.

Apesar da punição da Marinha ter caráter administrativo, sobreviventes e familiares de vítimas da tragédia, acreditam que este pode ser um passo importante para que os acusados sejam responsabilizados na esfera penal.

"Esta condenação nos dá uma certeza: que eles são culpados [...] Pra nós, é uma meia vitória, é uma primeira etapa vencida. Esperamos que essa etapa traga frutos para a conclusão dos processos para que toda esta coisa termine de uma forma mais breve possível", diz Luís Marques, que ficou viúvo um ano após o naufrágio. 

Vigésima vítima da Cavalo Marinho I, Adailma Santana Gomes, esposa do português que mora na Bahia há 24 anos, se suicidou após a tragédia, devido a uma depressão profunda por estresse pós-traumático, depois de quatro tentativas.

"Era uma pessoa alegre, extrovertida, bastante comunicativa, com muitos amigos. No último ano de vida dela, a coisa se transformou de uma forma radical, com uma depressão profundíssima, com pesadelos, com sonhos noturnos... Foi um inferno social pra ela e para a família", recorda o marido, que pede indenização na Justiça pela filha de 6 anos, órfã da mãe. 

Sobrevivente da tragédia, Joisy Elem considerou a condenação do Tribunal Marítimo uma "batalha" vencida em meio à "guerra". "Trouxe pra gente uma resposta positiva [...] Não é toda a guerra, mas é uma batalha vencida, depois de três anos", diz a advogada de 23 anos, que até hoje tem traumas. "Até em ônibus mesmo, quando eles dão aquelas inclinadas, eu fico com medo, dá uma palpitação no coração", conta.

A tragédia

A lancha Cavalo Marinho I naufragou, na manhã do dia 24 de agosto de 2017, cerca de 15 minutos após sair do cais de Mar Grande, na cidade de Vera Cruz.

Os juízes do Tribunal Marítimo da Marinha do Brasil consideraram que o evento foi causado por problemas construtivos que não tinham sido detectados porque a embarcação não foi submetida à prova de inclinação e estudo de estabilidade depois que foi reformada.

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