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Negócio da China II: Funcionário de carreira da Agricultura é investigado por venda de agrotóxico falsificado

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A informação foi divulgada pelo delegado Wilson Bispo dos Santos, responsável pelas apurações. Operação foi deflagrada na manhã desta quarta-feira (14)  |   Bnews - Divulgação Reprodução/Google Meet

Publicado em 14/07/2021, às 12h23   Marcos Maia


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Um dos investigados pela Polícia Federal no âmbito da operação Negócio da China II, deflagrada na manhã desta quarta-feira (14), é um funcionário de carreira do Ministério da Agricultura com “forte influência" na região do Vale do São Francisco. 

A informação foi divulgada pelo delegado Wilson Bispo dos Santos, responsável pelas apurações. Ele participou de uma coletiva de imprensa, realizada por videoconferência, no final da manhã desta quinta-feira (14), junto ao chefe da delegacia de Juazeiro, Adriano Moreira de Oliveira Silva.  

Bispo explicou que as investigações tiveram início em 2015, após a descoberta das operações de uma organização criminosa que importava e vendia produtos agrícolas adulterados, que acabam sendo utilizados no plantio de manga e uva na região. A PF estima que eles movimentam aproximadamente R$ 1 milhão ao ano com a prática.

“As apreensões de hoje só confirmaram o que as investigações estavam apontando: Há sim um grupo especializado em trazer produtos ilícitos da China para comercializar de forma clandestina na região de Juazeiro e Petrolina”, concluiu Moreira. 

Concomitante a coletiva, uma equipe de policiais estava no porto de Recife, apreendendo um contêiner possivelmente carregado de agrotóxicos contrabandeados, pertencente a um dos alvos das investigações. Nenhum dos nomes foi divulgado para não comprometer o andamento das investigações.

Foram cumpridos 14 mandados de busca e apreensão, sendo três em Juazeiro (BA), nove em Petrolina (PE) e dois em Jaboticabal (SP). "Estamos com algumas equipes na rua ainda. Até o momento, em torno de 2 mil litros da substância agrotóxica contrabandeada foram apreendidos, e três flagrantes estão sendo lavrados", informou Bispo.  

Nenhum valor foi apreendido até o momento. Um dos alvos também havia sido implicado na operação Negócio da China, realizada em 2008, para coagir práticas similares às investigadas pela atual ação. Para Bispo, as medidas definidas naquela época "não foram suficientes" para coagir a prática. 

Empresários que comercializam legalmente agrotóxico também são alvos da Negócio da China II, bem como empregados destas empresas, que passaram a conseguir o produto adulterado por outros meios e passaram a vendê-lo por conta própria. 

O agrotóxico adulterado, contrabandeado, também era vendido de forma dissimulada. "Alguns empregados notaram que o negócio era lucrativo e decidiram abrir concorrência em relação aos patrões", acrescenta Bispo 

O nomes das empresas também não foram divulgados.  

As investigações apontam que pequenos, médios e grandes produtores costumam adquirir o agrotóxico adulterado cientes do fato. Nesse contexto, cada um deles adquire quantidades proporcionais ao volume de suas produções.   

"Os pequenos adquirem pequenas quantidades, enquanto os grandes produtores compram quantidades maiores, às vezes até comprando sem intermediadores. [...]. Os grandes, em via de regra, compram diretamente destes importadores", explicou Bispo. 

O produto sai da China em túneis e são etiquetados com informações distintas das substâncias. "Não há qualquer preocupação com a saúde pública, nenhuma preocupação com a população que está consumindo essas frutas. A única preocupação do grupo é lucrar de forma fácil", acrescentou.

As autoridades chinesas ainda não foram informadas da operação de hoje - o que acontecerá assim que as diligências em andamento forem concluídas.

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