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RMS abriga lixão com resíduos de fabricação de blocos cerâmicos; Prefeitura diz que não há "irregularidade”

Leitor BNews
O lixão pode contaminar o solo, sendo prejudicial aos organismos que habitam as áreas e ao ser humano, segundo especialista  |   Bnews - Divulgação Leitor BNews
Letícia Rastelly

por Letícia Rastelly

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Publicado em 22/10/2022, às 05h50


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Uma operação ilegal de descarte de resíduos estaria acontecendo a céu aberto e diretamente no solo, nas margens da BA 093, km 26, no distrito de Camboata, em Mata de São João, Região Metropolitana de Salvador (RMS). Tais resíduos, que seriam prejudiciais ao meio ambiente e também a saúde humana e animal, acontece em uma região que possuí licença ambiental para a fabricação de blocos cerâmicos, entretanto, de acordo com a denúncia recebida pela BNews, não é isso que acontece no local.

Em imagens enviadas à Redação é possível ver o descarregamento de lixo e de um líquido preto no local, ocorrendo a luz do dia. Procurada, a Prefeitura de Mata de São João alegou que recebeu uma denúncia sobre a situação em junho, mas que técnicos da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente do município (Sedur) não teriam constatado “nenhum tipo irregularidade”.

“No local constatou-se que a borra oleosa é utilizada como insumo do processo produtivo dos blocos cerâmicos, estando armazenada em área coberta, devidamente arejada e com piso impermeável” diz a nota enviada ao BNews. Contudo, pela imagem, abaixo, é possível perceber que a tal “borra oleosa”, na verdade, está sendo jogada diretamente ao solo.

lixão

Ainda em nota, a Prefeitura disse que “cumpre-se registrar que em consonância com as condicionantes da licença ambiental, as empresas realizam o monitoramento das emissões gasosas de suas chaminés, bem como foi constatado, através de documentos, a realização do envio dos resíduos inservíveis para destinação ambientalmente correta, não sendo constatado nenhum tipo irregularidade”.

Para entender o quanto esse lixão pode ser prejudicial à região, o BNews entrou em contato com um biólogo, especialista na área. Ele explicou que tal descarte promove a “contaminação do solo inutilizando-o tanto para a agricultura, quanto para a edificação, promovendo infiltração e contaminação do lençol freático, que pode ocasionar um grau progressivo de contaminação local e, posteriormente, de outras áreas, provocando acidentes com a fauna e ainda a intoxicação de trabalhadores expostos”.

Ainda segundo o especialista, esse descarte “não poderia, sob qualquer hipótese, estar sendo lançado no solo”, sendo a descrição feita pela Prefeitura a melhor forma de cuidar desses inservíveis. “Do jeito que está é prejudicial aos organismos que habitam as áreas (aves, mamíferos, répteis) e ao ser humano, já que a inalação ou contato com a pode gerar danos”, enfatizou o biólogo.

lixão

Confrontada com as imagens e informações de que para além do óleo, em condições que não se aplicam ao descrito, há também o descarte de lixo sendo feito no terreno, a Prefeitura afirmou que ainda na manhã deste sábado (22) uma equipe da “Secretaria de Meio Ambiente estará fazendo vistoria”.

O Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), autarquia Estadual responsável pelos processos de licenciamento e autorizações para intervenção ambiental, que teria liberado a área para a suposta fabricação de blocos cerâmicos, não retornou ao contato feito pela reportagem.

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