Coronavírus

Ex-diretor do FMI avalia que “ruídos políticos” durante pandemia provocam prejuízos a economia

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“Uma parte do baque da pandemia do novo coronavírus não vai ser desfeita. Muitos postos de trabalho vão desaparecer para sempre”, diz Otaviano Canuto   |   Bnews - Divulgação Reprodução/USP

Publicado em 17/05/2020, às 10h00   Redação BNews


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O economista, ex-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) e diretor do Center for Macroeconomics and Development, Otaviano Canuto avalia que "não é preciso ser especialista" para perceber o prejuízo que os ruídos políticos representam para a economia. 

Em entrevista ao jornal O Globo deste domingo (17), Canuto ressalta que as saídas de ministros durante a pandemia do novo coronavírus aumentam a preocupação com o futuro das reformas econômicas. 

Na sua avaliação, os fatores internos aumentam a avaliação de risco sobre o país. “Além de possíveis problemas nas políticas anticrise, o ruído político também pesa sobre o câmbio, uma vez que os investidores enxergam a probabilidade maior de que aconteçam eventos negativos no Brasil, fazendo com que eles acabem ponderando que o risco é alto”, afirmou.

Ele também alertou que será possível retomar as atividades econômicas sem controlar a curva de contágio da Covid-19, e citou o exemplo da Alemanha – que começa a dar os primeiros passos para a reabertura da economia implantando testagem em massa de sua população e monitorando de perto a saúde individual de seus cidadãos. 

“Para fazer o isolamento vertical, como o presidente do Brasil defende, e como já foi adotado em Cingapura e Taiwan, por exemplo, não é possível ter como único parâmetro a idade da população. É preciso ter um bom monitoramento dos casos de doença e combate aos focos de disseminação do vírus. Quando o presidente fala em retomar a atividade econômica, não imagino que ele esteja trabalhando com estas necessidades”, avaliou.

Por fim, Canuto destaca que no Brasil, em virtude da pandemia, está sendo criado um gigante quadro com informações sociais, e que, no futuro, esses dados podem servir para a elaboração de novas políticas de “inserção economia”, seja por projetos sociais ou políticas de melhora de capacitação. “Uma parte do baque da pandemia do novo coronavírus não vai ser desfeita. Muitos postos de trabalho vão desaparecer para sempre”, teorizou.

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