Coronavírus

Live: Diretora do Instituto Couto Maia tira dúvidas sobre o novo coronavírus

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Ceuci Nunes é médica infectologista e respondeu perguntas dos leitores   |   Bnews - Divulgação Ilustrativa

Publicado em 03/06/2020, às 21h10   Aina Kaorner


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A pandemia do novo coronavírus surgiu há pouco tempo e, por isso, ainda existem muitas dúvidas a respeito do assunto.

Quais são os principais sintomas da doença? Existe risco de reinfecção? É preciso passar álcool gel nas compras do supermercado e lavar os cabelos toda vez que voltar da rua? A médica infectologista e diretora do Instituto Couto Maia, Ceuci Nunes, concedeu uma entrevista ao BNews, através de uma transmissão ao vivo, nesta quarta-feira (3), e tirou todas essas dúvidas.

Confira:

Por que o coronavírus se manifesta de forma tão diferente nas pessoas?
Existem varas hipóteses para isso, mas não é a primeira doença que tem variedade de quadro clinico, desde o assintomático, o oligossintomático e os casos mais graves. A própria influenza também é assim. No caso do coronavírus, ele tem surpreendido a medicina, porque não é uma doença única, é uma síndrome. Podem aparecer quadros completamente diferentes, embora, em mais de 90% dos casos há a tosse e febre.

Sempre há febre?
A maioria dos pacientes que tem um quadro mais importante tem febre, exceto o paciente muito idoso, que pode ter vários tipos de infecção sem febre. Mas 80% dos pacientes não vão desenvolver praticamente nada. Os outros 10% de casos mais graves representam muito para a população e para o sistema de saúde.

Pessoas do grupo de risco também podem ser assintomáticas?
Sim. Vemos isso na prática. Já vimos paciente idoso, com comorbidade, com exame positivo e sem nenhum quadro clinico.

Se é um vírus respiratório, ele não fica no ar?
As doenças respiratórias têm dois tipos de transmissão: por gotículas e por via aerossol. O coronavírus é transmitido por gotículas, que são partículas maiores e não ficam muito tempo no ar. Já a transmissão por aerossol, como é o caso da tuberculose, são partículas muito menores que ficam no ar. No ambiente, em geral, a transmissão mais importante é face a face. Até os profissionais de saúde não estão se contaminando com os pacientes, mas sim, na hora do intervalo, do cafezinho. Os que estão assintomáticos acabam passando para o outro.

É preciso desinfetar as compras do supermercado?
Já está surgindo um estudo do Centro de Controle de Doenças (CCD) dos Estados Unidos e da Organização Mundial de Saúde (OMS), mostrando que a transmissão por superfícies é muito pequena. Esse costume de lavar compras só acontece no Brasil. Não precisa ficar lavando pacote de macarrão. Claro que temos que ter cuidado, porque se a pessoa tossir, pegar no objeto e a outra pegar na mesma hora, pode se contaminar, mas o vírus não fica na superfície por dias e horas. O mais importante é lavar as mãos e usar máscara.

Quem já teve o coronavírus corre o risco de reinfecção?
A ciência ainda não responde essa pergunta, mas é possível que a pessoa fique imune para o resto da vida. Não há registro de reinfecções. A gente sabe que o vírus persiste nas narinas por muito tempo, mas não necessariamente a pessoa está transmitindo. Podem ser partículas virais não-infectantes.

É preciso lavar o cabelo sempre que voltar da rua?
Não há necessidade, se você não está em um ambiente hospitalar, onde pode haver partículas de secreção.

É permitido usar joias e a assessórios? 
No ambiente hospitalar ninguém deve usar, mas na vida normal não há problemas.

Quais são os principais sintomas da doença?
Principalmente a febre. Temos visto também, com frequência, a perda de olfato e paladar. Como não é comum na maioria das doenças, isso chama atenção para a possiblidade de coronavírus. Esse sintoma pode, inclusive, aparecer sozinho. 

O que a pessoa deve fazer se apresentar sintomas do coronavírus?
É importante lembrar que através do telefone 155 a pessoa recebe as orientações sobre o que deve fazer, a depender dos sintomas. O Instituto Couto Maia atende através da regulação e do Samu, por isso, antes é preciso passar por uma UPA. A pessoa só deve se preocupar se está tendo febre persistente e tosse. Nós orientamos a usar um aparelho chamado oxímetro, que mede a oxigenação do sangue. Se a oxigenação estiver baixa, tem que vir imediatamente para o serviço de saúde. O aparelho vende em lojas de matérias hospitalares.

Qual sua opinião sobre o uso da Ivermectina?
Não existe evidencia cientifica e essa medicação pode ser tóxica. A cloroquina também não sabemos ainda se é boa ou ruim. Se nós já tivéssemos uma droga muito boa, com seis meses de pandemia, já teríamos esses resultados.

Assista a live completa:

Classificação Indicativa: Livre

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