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Operação Ragnarok: Oposição promete batalha contra Consórcio do Nordeste após compra de respiradores

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Parlamentares estaduais nordestinos realizaram a primeira reunião do colegiado  |   Bnews - Divulgação Arquivo

Publicado em 08/06/2020, às 18h43   Henrique Brinco


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Deputados estaduais nordestinos de oposição prometem ir para cima do Consórcio Nordeste após a Operação Ragnarok, deflagrada pela Polícia Civil da Bahia na semana passada. A investigação apura a compra de 300 respiradores adquiridos pelo grupo e não entregues por uma empresa suspeita.

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Nesta segunda-feira (8), a Comissão Parlamentar Interestadual de Acompanhamento e Fiscalização do Consórcio Nordeste promoveu uma reunião e decidiu solicitar dos governos estaduais informações sobre a fonte dos recursos utilizados para a compra dos respiradores que resultou em prejuízo de R$ 49 milhões para a região. O governo baiano teve um prejuízo de R$ 10 milhões na negociação.

Na Bahia, além do deputado Sandro Régis (Democratas), líder da oposição na Assembleia Legislativa (ALBA), participaram os parlamentares Alan Sanches (Democratas) e Tiago Correia (PSDB), vice-líderes do bloco. Durante o encontro, realizado por videoconferência, os parlamentares baianos levantaram uma série de questões sobre o consórcio. 

"No caso da compra dos respiradores, a Bahia fez a compra em nome dos outros estados. Ou seja, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), como presidente do consórcio, fez um convênio com ele mesmo para que, através da Secretaria da Saúde (Sesab), comprasse os respiradores. Isso precisa ser esclarecido", disse Régis, em nota. 

Para Correia, "essa compra deveria ter passado pelo crivo das procuradorias dos demais estados". Contudo, segundo ele, "existe a informação que na ata de constituição do consórcio, à qual os parlamentares da comissão ainda não tiveram acesso, diz que os pareceres jurídicos da procuradoria da Bahia, por ser Estado líder, seriam suficientes". 

"Qual é o CNPJ, o objeto social do consórcio, ou existe apenas uma ata de constituição? No caso dos respiradores, qual foi a fonte dos recursos usados para o pagamento? Os estados usaram a mesma fonte ou cada qual fez da maneira que quis? Além disso, por que os estados entraram com valores diferentes para constituir o consórcio, qual foi o critério para isso? São questões que precisam ser respondidas", declarou o tucano.

Os deputados da comissão decidiram também encaminhar pedidos de informações aos governos estaduais  sobre a compra dos respiradores e sobre a estrutura administrativa e despesas de manutenção do consórcio.

Na semana passada, o episódio ganhou um novo capítulo com a exoneração do ex-secretário da Casa Civil, Bruno Dauster, após ser citado pela dona da Hempcare, Cristiana Prestes, investigada na Operação Ragnarok. “A minha negociação, noventa e nove vírgula nove por cento, foi com Bruno Dauster”, disse a empresária em entrevista à TV Bahia.

A saída de Dauster foi anunciada pelo Governo da Bahia na última quinta-feira. Em nota, a Secretaria de Comunicação informou que ele alegou "motivos pessoais numa carta encaminhada ao governador Rui Costa, na qual ele agradece a oportunidade e afirma sempre ter lutado pela construção de uma sociedade mais igual e democrática". "Finaliza colocando-se à disposição do Governo da Bahia para defender projetos que gerem emprego e desenvolvimento para o Estado", diz o texto, divulgado na ocasião.

Dauster, por sua vez, afirmou posteriormente que decidiu deixar o governo de Rui Costa para “evitar politização” da menção do nome dele por uma das investigadas. "Minha atuação no caso objeto de investigação noticiado na imprensa foi sempre para que pudéssemos ter ventiladores para as UTIs dos nossos hospitais durante a grave crise da pandemia, no momento em que a carência deste equipamento se dava em uma escala global nunca antes imaginada".

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