Coronavírus

Médica acusa Hospital das Clínicas de despreparo e diz que local poderia abrigar até 80 leitos para Covid-19

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A unidade não é um centro de referência para receber pacientes com suspeitas da doença e não há uma ala separada, o que pode ter contribuído para disseminação   |   Bnews - Divulgação Divulgação/Hupes/Ufba

Publicado em 16/06/2020, às 07h37   Redação BNews


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Uma médica do Hospital Universitário Professor Edgard Santos (Hupes), conhecido como Hospital das Clínicas, acusa a unidade de despreparo no enfrentamento à Covid-19, que teria propiciado a contaminação de 123 profissionais do quadro, desde o mês de março.

A unidade não é um centro de referência para receber pacientes com suspeitas da doença e não há uma ala separada, o que pode ter contribuído para disseminação do vírus.

De acordo com informações do Correio, funcionários relataram que o hospital não se adequou à realidade imposta pela pandemia. Dos 2640 profissionais no quadro do Hospital das Clínicas, das áreas médicas, assistencial e administrativa, pouco mais de 300 foram testados.

A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), que é vinculada ao Ministério da Educação e administra a unidade, afirmou que não é possível saber se a transmissão aconteceu internamente, já que a maior parte dos funcionários trabalham em outros locais. Segundo a empresa, os trabalhadores que apresentaram sintomas do novo coronavírus foram atendidos e afastado, retornando somente após o fim do período de quarentena.

Antônio Carlos Lemos, superintendente do Hospital Universitário, admite que não foi criada uma ala específica para suspeitos de Covid-19, mas nega que a denúncia de má condição de trabalho e falta de preparo.

“Todos os casos, quando são diagnosticados e têm condições clínicas de serem transferidos, são imediatamente transferidos. Quando colocamos os pacientes na chamada Enfermaria 4A, com suspeita de covid-19, todos os EPIs [Equipamentos de Proteção Individual] são fornecidos para os trabalhadores como se covid-19 os pacientes tivessem, até que se prove se tem ou não têm”, informou. 

A médica, que preferiu não se identificar, diz que não houve separação dos profissionais que atenderam casos suspeitos e os que não, o que cria um "ambiente de exposição" do vírus.

Ela acrescenta que se tivesse um alinhamento entre o reitor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), João Carlos Salles, e o governador Rui Costa (PT), o Hospital Universitário poderia abrigar até "80 leitos exclusivos de Covid-19" e pouparia os gastos na construção de hospitais de campanha.

“O hospital recebe pacientes da regulação, mas não testa os pacientes, então é um ambiente de exposição.  Existe uma situação de despreparo, não é um hospital de referência e nem está articulado com a rede de saúde, tem um patamar considerável de casos de infecção. Nós teríamos 80 leitos exclusivos de covid-19 se o reitor e o estado tivessem interesse em organizar, teria poupado gastos com hospitais de campanha”, afirma.

Em março, a universidade anunciou que tinha capacidade para oferecer 80 leitos destinados a pacientes com o novo coronavírus e se colocou à disposição do secretário de Saúde, Fábio Vilas-Boas, para que fosse equipado com respiradores e monitores. Contudo, a Sesab não incluiu a unidade no plano de contingenciamento.

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