Coronavírus

Homem internado em hospital de campanha de Feira morre vítima de Covid-19; família denunciou problemas na regulação

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De acordo com a sua esposa, Regina Silva, ele foi levado inicialmente para a UPA de Mangabeira, onde teria sido destratado por funcionários  |   Bnews - Divulgação Reprodução/Redes Sociais

Publicado em 21/06/2020, às 19h42   Luiz Felipe Fernandez


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O homem que estava internado no hospital de campanha de Feira de Santana, cuja família denunciou maus tratos em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e problemas na regulação, morreu neste domingo (21).

Claudio Lima apresentou os primeiros sintomas no último dia 7. De acordo com a sua esposa, Regina Silva, ele foi levado inicialmente para a UPA de Mangabeira, onde teria sido destratado por funcionários.  

Neste mesmo dia, Cláudio só conseguiu uma regulação para uma hospital de Salvador e acabou retornado para casa. A sua esposa compartilhou todo o drama nas redes sociais.

No entanto, o quadro de saúde de Cláudio piorou e ele precisou ser internado na UPA de Queimadinha, quando finalmente foi regulado para o Hospital de Campanha de Feira de Santana.

Hipertenso e diabético, o homem veio a óbito neste domingo. A informação foi confirmada pela própria esposa, que no dia 16 compartilhou o estado de saúde do marido, que apesar de grave, era "estável".

Regina Silva também contraiu o novo coronavírus. Ela, contudo, relata que foi bem atendida mas suspeita que não teve o tratamento adequado e acredita ter infectado o marido. Medicada, ela foi orientada a voltar para casa.

A viúva diz ter sido informada que Cláudio não foi regulado para o Hospital de Campanha por não haver “suporte pra pacientes como ele”.

Em nota, a Secretaria de Saúde de Feira de Santana negou que a regulação não tinha sido feita por “qualquer deficiência” no hospital e que atende somente à demanda e disponibilidade de leitos, “não havendo a possibilidade de atender ao ‘gosto do cliente’, como acontece nas relações comerciais”.

BNews entrou em contato novamente com a assessoria da Prefeitura, que diz que a equipe médica do Hospital de Campanha informou que o paciente chegou à unidade em estado grave, com "necessidade imediatada de UTI".

A nota reitera ainda que Cláudio Lima não quis ser regulado para um hospital em Salvador, o que causou "perda de tempo precioso" para iniciar o tratamento contra a doença.

Francisco Mota, diretor do Hospital de Campanha, lamentou a morte de Cláudio e presta solidariedade à família. Ele salienta que toda equipe tem se esforçado para "minimizar as perdas" nesta pandemia.

Leia a nota na íntegra:

A equipe médica do Hospital Municipal de Campanha, em Feira de Santana, informa que o paciente chegou à unidade no dia 14 de junho, com necessidade imediata de UTI. Isto significa que o quadro dele, ao chegar no hospital, já era grave.

Cláudio era portador de diabetes  descompensada (possuia alterações em membros  inferiores, o que quer dizer vasculopatia diabética) e hipertensão arterial. Era, portanto, um paciente com potencial risco de agravar o quadro de saúde em virtude de haver contraído Covid-19.

Sobre o problema na primeira regulação dele, de uma UPA para um hospital especializado, o paciente não aceitou ser transferido para uma unidade de Salvador, o que certamente lhe causou perda de tempo precioso para iniciar tratamento intensivo.

Retornou para sua residência, sentiu agravamento do quadro e procurou socorro em outra UPA, da Queimadinha. Regulado desta vez para o Hospital de Campanha, já chegou em situação grave, com forte pneumonia causada pelo vírus, sendo imediatamente acolhido na Unidade de Terapia Intensiva. Porém não foi possível aos médicos salva-lo. Claudio sofreu parada cardiorrespiratória.

"Lamentamos profundamente e nos solidarizamos com a família. Estamos fazendo todos os esforços possíveis para minimizar as perdas, em meio a esta  grave crise de saúde pública", diz o diretor do Hospital Municipal  de Campanha, médico Francisco Mota. Ele apela a população que se mantenha atenta às orientações preventivas, "pois a doença, infelizmente, tem elevado risco de morte especialmente em pacientes com comorbidades".

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