Coronavírus
Publicado em 18/06/2021, às 12h34 Redação BNews
Os senadores Renan Calheiros (MDB), Randolfe Rodrigues (Rede) e Humberto Costa (PT) rebateram nesta sexta-feira (18) a avaliação de que a CPI da Pandemia estaria perdendo fôlego ao longo das últimas semanas.
A leitura vem sendo feita por membros do colegiado e pelo Governo Federal, alvo das apurações relacionadas a suas ações e omissões durante a pandemia do novo coronavírus.
Calheiros, relator da CPI, apontou que a ausência do empresário Carlos WIzard na última quinta-feira (17) não esvaziou as profundidades dos trabalhos nesta semana, por exemplo. Ele salienta que 29 depoentes já foram ouvidos e "horas e horas" de trabalho foram dispendidos na análise de documentos.
"Mais da metade das vertentes da investigação já estão comprovadas. A CPI já juntou muitas provas - como nenhuma outra Comissão Parlamentar de Inquérito na história. Ainda temos prazo, e outras linhas de investigação que precisam também ser levadas à cabo", afirmou.
Mais cedo, os parlamentares anunciaram o nome de 14 testemunhas que passaram a ser investigadas. Calheiros avaliou que o depoimento do ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel na última terça-feira (15) foi “surpreendente” ao apontar para questões estruturais na saúde do Estado.
"É o único Estado do Brasil que tem uma estrutura de hospitais do governo federal. Ele nos trouxe informações - que serão investigadas - de que há um grande negócio que se perpetua no tempo em detrimento da saúde dos cariocas", acrescentou.
Nova Fase
Na coletiva desta manhã, o trio salientou que há indícios que empresas que produzem medicamentos do “Kit Covid”, como a Ivermectina e a Cloroquina, verificaram um almento de receita a partir da aquisição destes fármacos por hospitais e planos de saúde, além de gastos públicos.
Essa “rede de medicamentos ineficazes” teria feito circular “uma fortuna”. Rodrigues, que é vice-presidente da comissão, ponderou que na semana que vem, a investigação da CPI entrará em um novo momento.
"Pensamos que era só negacionismo da ciência e fetiche pela hidroxicloroquina. Estamos descobrindo que houve um cumpliciamento criminoso entre agentes privados e agentes públicos para favorecimento", começou.
"Uma perna disso nós já temos: a atuação - inclusive com crimes de advocacia administrativa e outros mais - em favorecimento de empresas privadas. A segunda perna é quem foi beneficiado. É nessa área que começaremos a entrar nesta semana", completou.
Para Randolfe, não há dúvidas na sociedade brasileira de que houve omissão na aquisição de vacinas por parte do Governo Federal, e citou a existência de 81 emails da farmacêutica Pfizer ao Ministério da Saúde - 90 % desses sem resposta - para oferecer imunizante.
Na avaliação de Randolfe também não há mais dúvidas quanto ao papel do negacionismo como bússola para elaboração e implantação de políticas públicas de combate à pandemia - o que na sua avaliação colaborou para o agravamento.
"A audiência de hoje só reforça isso", acrescentou se referindo a audiência desta manhã com os médicos Ricardo Ariel Zimerman e Francisco Eduardo Cardoso Alves, ambos favoráveis a utilização de medicamentos sem eficácia no combate a covid-19 - o que eles chamam de "tratamento precoce".
Não existe profilaxia para o novo coronavírus, ou estudos científicos, até o momento, que comprovem o sucesso de qualquer medicação na prevenção a covid-19. Questionado se a ausência na audiência desta manhã poderia ser interpretada como um sinal de parcialidade, ele disse que se recusava a debater sobre medicamentos que não funcionam.
Novela vs Realidade
Ainda sobre a percepção de que os trabalhos do colegiado estariam perdendo a força, Costa argumentou que CPI's não funcionam como novelas, com "emoções diferentes" todos os dias ou ganchos atrativos para os próximos episódios.
"Nós, e nossos assessores, temos de desvendar milhares de documentos que chegaram até aqui. Se não tivermos um momento para sentar, analisar, ver como se enquadra, isso não é feito sem que a gente tenha um tempo. Aqueles que dizem que a CPI está morrendo estão um pouco assodados nesta avaliação", concluiu o petista.
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