Coronavírus

"Nunca passei tão mal na minha vida": os relatos de baianos que venceram a Covid-19 em 2021

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Baianos que venceram a Covid-19 relataram os medos após a doença  |   Bnews - Divulgação Arquivo Pessoal

Publicado em 28/12/2021, às 12h00   Diego Vieira


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A ceia de Natal, na última sexta-feira (24), na casa da aposentada Maria de Fátima, de 66 anos, foi completamente diferente da de 2020. Um ano depois de sair do hospital, onde ficou internada por complicações da Covid-19, ela aproveitou o clima natalino para agradecer por estar viva. Em dezembro do ano passado, a esteticista ficou oito dias hospitalizada com 50% do pulmão comprometido em razão da doença e recebeu alta justamente na véspera do Natal.

maria de fátima
Maria de Fátima ao lado da filha durante o Natal deste ano

Apesar do alívio em deixar a unidade de saúde, dona Maria precisou conviver em 2021 com as diversas sequelas deixadas pela Covid. Questionada pela reportagem como definiria o ano que chega ao fim na próxima sexta (31), a aposentada não se hesitou em responder: "Muito difícil, atípico e assustador". E ela tem motivos de sobra para defini-lo assim.

Depois que sair do hospital eu ainda fiquei vários dias em isolamento dentro de casa. Fiquei debilitada o ano todo. Estou encerrando esse ano já melhor do meu intestino, mas eu tive sequelas terríveis o ano inteiro. Passei 2021 todo tomando antibióticos por causas dessas infecções decorrentes da Covid. Além disso, tive queda de cabelo insônia, manchas na pele. Nunca passei tão mal na minha vida. Só quem passa é quem sabe. 

Além disso, ela conta que precisou lidar ainda com o afastamento das pessoas o que acabou desencadeando uma depressão.

"Foi um ano muito problemático pra mim emocionalmente. As pessoas se afastam de você quando elas descobrem que você teve covid. Eu me senti muito sozinha, me sentia excluída da minha família e amigos. As pessoas acreditavam que a doença não passava depois, que não tinha cura. Foi um momento muito delicado. Um baque muito grande", diz a aposentada que atribui a sua cura a fé.

Minha fé foi muito grande porque tudo correu bem. Deus esteve à frente de tudo e agradeço muito a ele.

Agora vacinada com as três doses da vacina, ela faz um alerta sobre a importância da imunização. "As pessoas precisam levar a sério porque o vírus existe e eu sou prova real disso. As pessoas precisam ter cuidado com as suas vidas e tomarem a vacina. Eu tomei a vacina acreditando que a coisa iria melhorar e eu não tive mais depois que tomei", afirma.

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Assim como a esteticista, Rodrigo Alves, de 42 anos, também fala com propriedade da importância em se vacinar. O professor teve covid por duas vezes durante o ano, a última em junho, quando passou 21 dias internado, quatro deles na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Rodrigo Alves

Ao BNews, ele relatou quando contraiu a doença pela segunda vez já tinha tomado a primeira dose do imunizante, o que pra ele foi essencial para a sua sobrevivência.

"É um universo que você fica em completo isolamento, sem contato com seus pais. Só quem viveu sabe como é. O procedimento da UTI é muito invasivo. Não é uma situação fácil e eu não desejo para ninguém", afirma Rodrigo que perdeu o movimento da mão esquerda em decorrência da doença.

A minha maior lição é que a gente precisa valorizar a nossa vida. Precisamos compreender a gente não pode viver de fake news, de chacotas das pessoas. Não é fácil estar tudo bem com a sua vida e de uma hora pra outra você acordar com uma de suas mãos paralisada. Mas, a nossa vida é prioridade e mais importante do que qualquer parte do corpo.

Assim como Rodrigo, Adilson Francisco também viu o medo de perto após ser diagnosticado com a doença. O cozinheiro de 36 anos ficou 48 dias em coma dos quatro meses que ficou internado por complicações do quadro clínico.

Adilson Francisco
Foto tirada no início da fisioterapia quando Adilson retomou parte dos movimentos do corpo

“No início foi tranquilo, mas quando chegou no 12º dia a situação se agravou e eu tive que acionar o Samu e fui hospitalizado aqui em Dias D'ávila. Fui intubado no dia 2 de abril e fui transferido para o Hospital Couto Maia onde fiquei dois meses. Fiquei com 100% do pulmão comprometido. Tive pneumonia e uma série de problemas”.

Adilson chegou a perder todos os movimentos do corpo. Hoje ainda em recuperação, o cozinheiro não ver a hora de retomar os movimentos das mãos, o seu principal instrumento de trabalho.

“Só mexia os olhos. Hoje eu já consigo andar. Só não recuperei totalmente o movimento das mãos, mas meu fisioterapeuta falou que com certeza os movimentos serão retomados”, diz Adilson que também reforçou a necessidade da imunização.

As pessoas precisam continuar se cuidando, usando máscara, mantendo distanciamento, fazendo uso do álcool e principalmente: 'tomem a vacina'. Essa doença não é brincadeira. É uma doença que a gente ainda não tem total ciência do que ela faz de verdade e a única coisa que a gente pode fazer é se prevenir.

De acordo com o Ministério da Saúde, assim como Maria de Fátima, Rodrigo e Adilson mais de 21 milhões de brasileiros haviam se recuperado da doença até está segunda-feira (27).

Por outro lado, o total de mortes causadas pela covid-19 chegou a 618.534. Só de ontem para hoje, mais 86 óbitos foram confirmados em todo o país. Ainda há 2.790 mortes em investigação, mas esses dados ainda estão passíveis de atualização.

Na Bahia, são 1.240.046 pessoas já consideradas recuperadas, segundo dados da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab). O total de mortes provocadas pela doença é de 27.471 até esta segunda.

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