Justiça

Gravação revela que juíza denunciada estava insatisfeita com novo magistrado da região Oeste

Divulgação/ TJ-BA
Em conversa interceptada, Marivalda Moutinho afirmou que novo juiz captaria eventuais vantagens indevidas de advogados que atuam na região  |   Bnews - Divulgação Divulgação/ TJ-BA

Publicado em 11/12/2019, às 13h34   Marcos Maia


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Intercepções telefônicas realizadas pelas investigações da operação Faroeste revelaram que a juíza Marivalda Moutinho estava insatisfeita com a chegada de um novo julgador na região Oeste do estado da Bahia. A magistrada está entre as 15 pessoas denunciadas pelo Procuradoria Geral da República na última terça-feira (11).

Anteriormente, a magistrada foi afastada de suas funções por ordem do ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça na Operação Faroeste – investigação sobre suposto esquema de venda de sentenças no Tribunal de Justiça da Bahia. 

O documento redigido pela Subprocuradora-Geral da República Célia Regina Souza Delgado revela que, na avaliação da denunciada, o novo magistrado captaria eventuais vantagens indevidas de advogados, nos moldes do juiz Sérgio Humberto, também denunciado. 

Atualmente, o juiz segue detido no Batalhão de Choque da Polícia Militar em Lauro de Freitas no último dia 23 de novembro. "Ele é um Sérgio Humberto número dois", disse durante ligação monitorada pela investigação. 

Com sua interlocutora, Marivalda reclamou que um magistrado chamado de "Dr João" por sua interlocutora cultivava o hábito de "só trabalhava nos processos que quer".  

Se referindo a ambos os colegas, Marivalda avaliou na mesma ligação que "esse pessoal consegue ganhar dinheiro". “Os advogados dão e ganham dinheiro! Como não sei como, a facilidade que tem!", observou. 
Ela acrescentou ainda que os defensores costumavam realizar os pagamentos sem pestanejar.

Em buscas no imóvel da magistrada, os investigadores encontraram anotações referentes às fazendas de Estrondo (em Formosa do Rio Preto) e ao grupo Horita - empresa agrícola com atuação no oeste da Bahia. Os escritos, segundo a PGR, conectam-se com a apuração.

"Nessa anotação também constam valores de 400.000 e 270.000, que podem ser as vantagens indevidas negociadas, além de menção a outros processos imobiliários", escreveu a subprocuradora.   

O documento também salienta que Antônio Roque era mentor de Marivalda. Vale salientar que na casa do ex-secretário, a investigação encontrou 54 minutas de despacho em posse de Roque. A maioria dos documentos tinha o nome dela.

Denuncia 

A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou, nesta terça-feira (10), 15 pessoas – entre elas os desembargadores Gesivaldo Britto, Maria do Socorro, Maria da Graça e José Olegário, além de três juízes estaduais – pelos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro. 

Encaminhada ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), a ação é decorrente de inquérito instaurado a partir da descoberta de indícios da existência de uma organização criminosa que operou entre 2013 e 2019, e que tem como principal operador Adaílton Maturino dos Santos.

Classificação Indicativa: Livre

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