Justiça

Conar manda Magalu e Mercado Livre provarem que têm entrega mais rápida

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Publicado em 07/07/2021, às 18h14   Daniele Madureira/Folhapress


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A briga pela entrega mais rápida do Brasil chegou ao "tribunal" do Conar - Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária. Magazine Luiza e Mercado Livre, duas das maiores empresas de comércio eletrônico do país, acusam uma à outra de publicidade indevida ao estamparem superioridade na entrega dos produtos adquiridos.

As denúncias se referem a campanhas do final do ano passado e do início deste ano. A Americanas.com também foi denunciada pelo Mercado Livre, mas seu anúncio esteve restrito à Black Friday de 2020.

O Conar acolheu as denúncias e determinou que as companhias alterem suas propagandas: elas precisam atestar ao consumidor, por meio de pesquisas indicadas nos respectivos anúncios, a veracidade da informação (a entrega é mais rápida em quais condições ou localidades, por exemplo).
Mas agora o Magazine Luiza diz que o órgão atestou sua pesquisa e não a do Mercado Livre. Este, por sua vez, diz a mesma coisa sobre o Magazine Luiza.

"A decisão permite ao Mercado Livre continuar a adotar o claim 'entrega mais rápida do Brasil', desde que inclua um disclaimer que delimite com clareza e veracidade os parâmetros utilizados para afirmar tal liderança", informou o Mercado Livre.

Já para o Magalu, a decisão do Conar é "clara ao permitir que a empresa continue a utilizar a expressão 'Entrega Mais Rápida do Brasil', devendo apenas incluir determinadas informações sobre a metodologia empregada na pesquisa que comprova esse fato".

O Mercado Livre diz que se baseou em estudo independente do instituto OnYou que considera compras reais, feitas nos principais marketplaces e em diversas capitais e cidades do interior de todas as regiões do país, e que tal estudo comprova que, "dentre os prazos de entrega de todos os marketplaces pesquisados", tem a entrega mais rápida.
O Magalu também diz basear-se em pesquisa. Seu levantamento, afirma, considera os prazos de entrega de oito empresas do setor, em 45 praças, entre capitais e cidades do interior, e de mais de 3 500 produtos de 48 categorias diferentes.

No caso da Americanas, a empresa afirmou que o debate no Conar envolve a sua campanha da Black Friday de 2020, e que o órgão já reconheceu que oferecia "a modalidade mais rápida de entrega em produtos e locais elegíveis".

A sentença em relação às três campanhas, que apregoam o mesmo diferencial foi proferida na última quarta-feira, 30 de junho. As empresas podem recorrer-Mercado Livre confirmou que fará isso, enquanto o Magalu disse que manterá detalhes das discussões restritas ao Conar. Mas é de praxe que as companhias atendam à recomendação do conselho (no caso, alterem os anúncios) até o resultado da revisão da sentença.

O Conar é um órgão de autorregulamentação e não fiscalização: as empresas, em tese, não são obrigadas a seguir as determinações. Mas desde que o Conar foi criado, em 1978, em meio à ditadura militar no Brasil, o setor privado se comprometeu a seguir as sentenças do órgão, para evitar qualquer tipo de censura ou regulação por parte do governo. E segue assim até hoje.

As sentenças do Conar são dadas por um colegiado que trabalha de maneira voluntária, formado por cerca de 200 representantes de agências publicitárias, veículos de mídia, institutos de pesquisa e especialistas em consumo.

COMÉRCIO ELETRÔNICO
No efervescente comércio eletrônico, que movimentou R$ 87,4 bilhões no ano passado, alta de 41% sobre 2019, o nome do jogo é logística. Quem tem o produto e pode entrega-lo mais rápido ganha o consumidor. A pandemia intensificou a disputa entre as maiores redes, que continua acirrada em 2021. Dados da consultoria Ebit|Nielsen apontam que, só no primeiro trimestre, o e-commerce cresceu 38,2% em relação ao mesmo período de 2020, para R$ 22,6 bilhões.

As empresas vêm fazendo investimentos gigantescos na sua cadeia logística para dar conta do recado, inclusive ampliando a gama de serviços nos seus marketplaces (shoppings virtuais, em que pequenos varejistas vendem seus produtos e pagam uma comissão ao dono do site, às vezes também pela entrega).

O Magazine Luiza anunciou este ano a contratação de cerca de 3.200 pessoas para trabalhar na área logística, o dobro do que havia contratado no ano passado. No Magalu, a área soma 6.800 colaboradores -contra 2.200 de 2017. Até o final do primeiro trimestre deste ano, a empresa tinha 25 centros de distribuição (CDs) e 37 estações de cross docking (pontos para preparar a mercadoria e sua documentação).

O Mercado Livre investiu R$ 4 bilhões no ano passado no Brasil, sendo que boa parte deste total foi destinada à entrega de mercadorias. Em 2021, o investimento total é de R$ 10 bilhões, incluindo logística para atingir mais regiões com entregas em até 48 horas. Este ano, a empresa está abrindo 7.200 vagas (em todas as áreas), o que deve mais do que dobrar o número de colaboradores de 2020, de cerca de 5.000.

Na Americanas, foram investidos cerca de R$ 700 milhões em tecnologia e logística no ano passado. No primeiro trimestre, 44% das entregas foram feitas em até 24 horas, frente ao patamar de 40% observado em dezembro. Ainda em dezembro do ano passado, o Magalu anunciava 45% das entregas em 24 horas.

Não por acaso, em 2020 o Brasil avançou dez posições no Índice Mundial de Comércio Eletrônico da Unctad (Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvovimento), que mede a situação do comércio digital. Em um ranking de 152 países, o Brasil ficou no 62º lugar. 

Segundo a Unctad, o Mercado Livre é o maior player de comércio eletrônico da América Latina.

Classificação Indicativa: Livre

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