Justiça

Júri rejeita alegações de Trump sobre fraude eleitoral nos EUA e vê perjúrio

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Júri que investiga a interferência de Trump e seus aliados nas eleições afirmou ter evidências de que pelo menos uma das testemunhas cometeiu perjúrio  |   Bnews - Divulgação Reprodução/CNN

Publicado em 17/02/2023, às 14h43   Folhapress


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O júri que investiga a interferência do ex-presidente dos EUA Donald Trump e seus aliados nas eleições de 2020 na Geórgia afirmou ter evidências de que pelo menos uma das testemunhas mentiu. Os jurados ainda refutaram as alegações de que houve fraude no pleito.

Após sete meses de consulta, as informações estão em breves trechos do relatório publicados nesta quinta-feira (16). O documento foi elaborado por um painel de cidadãos com poderes de investigação conferidos pelo Estado. Segundo a imprensa americana, mais de 70 pessoas foram ouvidas pelo órgão, incluindo Rudolph Giuliani, ex-advogado pessoal de Trump. O ex-presidente não foi ouvido.

A investigação em Atlanta, capital da Geórgia, é considerada uma das maiores ameaças legais contra o republicano, que na época das eleições pressionou autoridades eleitorais do estado a "encontrar" 11.780 votos necessários para reverter sua derrota nas eleições.

Agora, a promotora distrital do condado de Fulton, Fani T. Willis, decidirá se vai seguir as recomendações do relatório como base para levar o caso a outro júri, que pode emitir acusações.

Foram retiradas do documento divulgado trechos confidenciais, menções a pessoas e recomendações de acusações. O material indica que o relatório completo tem nove páginas -para comparação, o comitê que investiga o ataque de 6 de Janeiro ao Capitólio produziu um material de 845 páginas.

Ainda assim, os trechos disponíveis mostram a ameaça que o inquérito pode representar para Trump. "A maioria do júri acredita que pelo menos uma das testemunhas pode ter cometido perjúrio no depoimento", afirma o documento, que recomenda que Willis "busque acusações apropriadas quando evidências forem convincentes".

O júri chegou à conclusão unânime de que nenhuma fraude ocorreu na eleição na Geórgia em 2020 que pudesse resultar na anulação do resultado. Esse entendimento, escreveram, é resultado de "extensos testemunhos" de agentes de pesquisas eleitorais, investigadores, especialistas técnicos, funcionários públicos e até mesmo "pessoas que ainda afirmam que tal fraude ocorreu".

Ainda que as declarações apertem o cerco contra Trump, envolvido em uma série de outras investigações, o republicano manifestou postura diferente. Em um post na plataforma Truth Social na tarde de quinta, escreveu: "Obrigado ao grande júri especial no grande estado da Geórgia por seu patriotismo e coragem. Isenção total. Os EUA estão muito orgulhosos de vocês!"

A promotora Willis abriu uma investigação após um telefonema em 2 de janeiro de 2021, no qual o ex-presidente pediu a uma autoridade local que "encontrasse" cédulas de votação com seu nome. "Não há nada de errado em você dizer que decidiu por uma nova recontagem", disse Trump na época. "Tudo o que quero é encontrar 11.780 cédulas" -o suficiente para anular sua derrota para Joe Biden.

Quase 20 pessoas podem enfrentar acusações, incluindo Rudolph Giuliani, ex-advogado de Trump, e David Shafer, chefe do partido Republicano na Geórgia. Também foram chamados para testemunhar o senador Lindsey Graham e Mark Meadows, que atuava como chefe de gabinete da Casa Branca em 2020.

"É muito provável que Donald Trump enfrente acusações na Geórgia", disse Norman Eisen, advogado que atuou como conselheiro do Comitê Judiciário da Câmara durante o primeiro processo de impeachment contra Trump, em 2019. Ele afirmou que a conclusão do júri de que não houve fraude eleitoral "fere fatalmente qualquer defesa que ele possa ter por sua má conduta".

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