Cultura

Cantora acusa Secult de mudar cadastro de cota em edital e é criticada; pasta se solidariza e garante corrigir situação

Cantora avalia se irá judicializar o caso por danos morais - Reprodução | Instagram
Tertuliana submeteu projeto como ampla concorrência, mas resultado colocou como cotas para pessoas negras  |   Bnews - Divulgação Cantora avalia se irá judicializar o caso por danos morais - Reprodução | Instagram
Alex Torres

por Alex Torres

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Publicado em 04/12/2023, às 17h28 - Atualizado às 19h03


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A cantora Tertuliana Lustosa, da Banda As Travestis, acusou a Secretaria de Cultura da Bahia (Secult) de ter alterado o cadastro dela no edital da Lei Paulo Gustavo. Ela teria submetido o projeto como disputa em ampla concorrência, mas, na divulgação do resultado preliminar, o mesmo teria sido colocado para preencher vaga de cotas para pessoas negras.

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Em contato com o Bnews, a artista explicou a situação e relatou as criticas que recebeu por parte do público, a partir do momento em que ela é uma mulher trans e branca, mas estaria, em tese, preenchendo uma vaga para pessoas negras.

"Eu saí como uma das selecionadas pelas cotas para as pessoas negras. No entanto, nem eu, nem Luiz, que se inscreveu comigo, não declaramos essa cota. Acabou que as pessoas não sabiam disso, acharam que eu estava fazendo uma fraude. Por sorte, a gente tem acesso a toda a documentação no sistema. Eu printei, postei nas redes sociais para as pessoas verem que eu tinha me inscrito corretamente, que foi um erro da Secretaria de Cultura", relatou a cantora.

Por conta de toda a confusão, Tertuliana encaminhou um recurso para a pasta estadual revisar o caso dela. Ela afirma ainda que avalia se irá judicializar a situação por danos morais.

"Estava esperando abrir o recurso para enviar. Explicando essa confusão que aconteceu e como isso me prejudicou. Preciso até pensar em uma questão judicial, porque causou um dano irreparável pra minha imagem. Várias pessoas me julgaram dessa forma, sem nem ao menos me perguntar", contou a artista.

Posicionamento da Secult

O Bnews também entrou em contato com o secretário Bruno Monteiro para que houvesse uma explicação dos procedimentos que serão adotados. Assim como havia sido divulgado pela pasta, o titular da Cultura explicou que ainda ocorrerá uma etapa denominada de heteroidentificação.

"Importante esclarecermos que os resultados que foram divulgados até agora são preliminares. Agora, estamos na etapa de análise, que seria a heteroidentificação, para ver se as pessoas se enquadram ou não nas cotas e também o prazo para recursos. Somente após isso, teremos o resultado definitivo dos editais. Depois, os classificados serão chamados para apresentar sua documentação", esclareceu.

Com relação a situação de Tertuliana, Bruno garantiu que qualquer eventual problema com o cadastro do projeto será solucionado e a artista não será prejudicada. Ele ainda se solidarizou com a cantora, que foi alvo das críticas nas redes sociais.

"O caso de Tertuliana, que é uma mulher trans e foi divulgado nas redes, ela informou que não se inscreveu como cota e foi divulgado como cota. Então está havendo uma crítica muito grande com relação a isso. Quero me solidarizar com ela, porque, se houve algum erro, ele será corrigido. Não podemos expor a imagem de uma pessoa em um processo como esse, como se ela fosse a responsável por uma questão que ainda não sabemos o que ocorreu. Não podemos expor e nem julgar a pessoa dessa forma como está acontecendo", completou. 

Posteriormente, a Secult enviou uma nota explicando que, independente da informação que tem na planilha, o projeto teria sido selecionado por nota em ampla concorrência. A regra seria similar a concursos públicos ou demais editais: primeiro se completa as vagas destinadas à ampla concorrência, a partir das notas. Logo depois, são ocupadas as vagas de cotas.

Classificação Indicativa: Livre

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