Dona de canil acusa ativista de roubar cães e gatos em Salvador; militantes alegaram maus-tratos

A empresária Jaqueline Pio, proprietária do Canil Templarius Bull, em Lauro de Freitas, procurou o BNews para denunciar um suposto roubo de animais em seu empreendimento. Segundo a versão dela, registrada em boletim de ocorrência, o local foi arrombado por quatro mulheres, que levaram cães da raça bulldog francês. As militantes, por sua vez, desmentem a versão e alegam que os animais sofriam maus-tratos.

"O meu canil foi arrombado por quatro mulheres. E tentaram roubar meus cães da raça bulldog francês. Disseram que tinha mandado judicial para levar os cães. Me xingaram, disseram que o meu canil era ilegal e os meus cães tinha maus-tratos. Mostrei o registro do canil e elas viram que não tinha nenhum cachorro com maus-tratos", relata a denunciante.

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Ela continua: "Arrombou minha porta e se eu não tivesse em casa, elas iriam furtar meus cães. Uma delas disse que era advogada omitiu o nome dela dizendo que era Mariana. E descobri que o nome dela é Maria Alexandra Deering e trabalha na Câmera de Vereadores como assessora da vereadora Ana Rita Tavares".

E completa: Já fiz B.O. e mesmo assim sobe pressão levaram 3 staffordshire e 1 SRD, 01 gata que estava em tratamento pelo veterinário do canil. E fez filmagens impróprias de mim e do meu canil. Sem minha autorização". A empresária também enviou imagens de uma câmera de segurança instalada no local que, segundo ela, registram o ocorrido.

Outro lado
No perfil de Alexandra Deering no Instagram, ela se identifica como "Especialista em Direito Eleitoral e Docência em Ensino Superior", além de "Defensora do Meio Ambiente, em Especial da Proteção Animal". Na bio, ela disponibiliza o link do Instagram do projeto "Adotaí". O BNews tentou entrar em contato com o telefone divulgado na página, mas ninguém atendeu. 

Também procurada, a vereadora Ana Rita Tavares confirma que Alexandra Deering trabalha em seu gabinete e disse que apoia a ação. A vereadora afirmou, ainda, que entraria em contato com a ativista para que ela se manifestasse e desse a sua própria versão caso, mas até o fechamento da matéria (20h38), a ativista não havia entrado em contato com a reportagem. A matéria será atualizada se o posicionamento for enviado.

"Soube que esses cães estão sendo mantidos sobre condições de maus-tratos, inclusive todas as providências judiciais estão sendo tomadas", disse Ana Rita, que afirma não ter relação com o episódio. "Nesse caso quem fez foi uma ativista, é uma pessoa responsável. E eu assino embaixo de toda a ação que os ativistas que estão aí para combater esse tipo de coisa, essas pessoas que exploram animais. As fêmeas lá enclausuradas em grades, em locais de confinamento, porque é assim que eles fazem. Esse pessoal tem que ter a consciência de que está cometendo um crime. Em caso de flagrante delito, tem que invadir um domicílio para defender", completa.

A edil argumenta ainda que não é preciso de mandado judicial para ações do tipo. "É uma ação legal, onde há flagrante delito e necessidade de prestar socorro, tem que se adentrar mesmo a domicílio para retirar os animais que estão sob a tutela da Constituição Federal", justifica.

Atualização (27/08/2019 - 16h35)
Alexandra procurou o BNews quatro dias após a publicação da matéria. Ela desmente a versão de Jaqueline Pio e afirma que a denúncia se trata de uma "falácia". "Sou uma pessoa de conduta ilibada, respeitada na proteção animal, tenho um projeto focado apenas em adoção, onde trabalho de forma bem disfarçada e anônima, porque meu intuito não é aparecer", afirmou.

"Muitos moradores daquela região de Lauro de Freitas estavam denunciando há algum tempo este canil, mas ninguém imaginava que se tratava de um canil registrado pelos maus tratos que aconteciam ali. Várias pessoas ficaram curiosas. Em frente ao colégio chamado Fénix,  várias crianças ao ouvir gritos e latidos e eles começaram a ficar na porta. Quando eles empurraram a janela, começaram a ver bulldogs em várias gaiolinhas e um cheiro insuportável. E filmaram", relata.

"Por coincidência, eles haviam descartado um cachorrinho da raça chow chow na porta do canil. E começou a chamar a atenção da população, porque era um animal bontio que ficou visivelmente doente", continua. Segundo ela, outros protetores da região também filmaram os animais e entraram em contato com Alexandra.

"Coincidentemente a viatura passou, eles mostraram o absurdo que ocorrera ali. Foram instruídos a irem na Delegacia da 23ª e assim fizeram. Brenda e Hugo (casal de namorados que denunciaram, pararam a viatura e seguiram para o registro da ocorrência na 23ª). Laisa (outra ativista) também (denunciou). Acolheram o cão da raça chow chow. Porém, desejaram ficar no anonimato por medo de retaliação. Eu me comprometi em ajudar com exames e medicação. Às 15h00 estivemos no local, até porque a informação que tivemos é que o local estava abandonado e os cães sendo alimentados por  vizinhos."

Alexandra enviou imagens que, segundo ela, registram os maus tratos. Ela também enviou para a reportagem prints e áudios das conversas que manteve com os denunciantes.

Ao lado da proprietária do Canil Templarius Bull Pack, Jaqueline Pio

Vídeo que, segundo a ativista, mostra o momento que a dona do canil entrega os animais

Alexandra afirma que foto mostra a mãe e sócia de Jaqueline Pio, proprietária do Canil Templarius Bull Pack, vindo ao seu carro para entregar outro animal.

Matéria atualizada às 18h40