Denúncia

Água salobra causa problemas de saúde em moradores do Condomínio Solar de Maiorca, em Alphaville de Abrantes

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Moradores Condomínio Solar de Maiorca, em Alphaville de Abrantes, estão consumindo água imprópria  |   Bnews - Divulgação Reprodução // MRV
Rafael Albuquerque

por Rafael Albuquerque

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Publicado em 14/10/2022, às 15h54 - Atualizado às 18h41


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Moradores do Condomínio Solar de Maiorca, em Alphaville de Abrantes, têm passado por problemas devido à qualidade da água encanada do empreendimento. Há cerca de 15 dias, a água, considerada por muitos condôminos já insalobra em algum nível, passou a apresentar salinidade exagerada.

Além de não poderem usar a água para consumo, diversos moradores, inclusive crianças, apresentaram irritações na pele em decorrência do banho com a água oriunda de um poço que, segundo denunciantes que procuraram o BNews, seria de responsabilidade da construtora MRV.

Alessandra Xavier, moradora do residencial, explicou a situação: "já fizeram análise. A própria Solution fez a análise e a Embasa também. Segundo o administrador, em duas semanas iria melhorar, mas não melhorou. O que nos disseram é que se trata de um poço artesanal, mas no contrato diz que [o fornecimento] pode ser pela Embasa ou pelo poço".

Questionada sobre as providências que estão sendo tomadas para amenizar a situação, Alessandra afirmou que até enviaram um caminhão pipa, mas o problema ainda interfere na vida da maioria dos moradores: "Semana retrasada botaram um carro pipa. Mas uns moradores ainda estão com água salgada, outros estão com água meio pegajosa. Para cozinhar temos que gastar comprando água. Tem crianças já tendo problema de pele, irritação".

Fernanda Caterine também falou ao BNews sobre a situação a que os condôminos do Solar de Maiorca, em Alphaville de Abrantes, estão sendo submetidos há cerca de duas semanas.

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"A água, desde quando a gente veio morar aqui, já era um pouco salobra. Mas há 15 dias está pior, tanto que causou problema no chuveiro elétrico. Eu já não utilizava a água para consumo. Hoje de manhã dei banho na minha filha de um ano e onze meses e ela começou a coçar a região das costas, da nuca, da cabeça. Aí fui olhar no grupo de WhatsApp e vi que outras pessoas estavam com o mesmo sintomas. Tudo indica que realmente é a água", afirmou ao BNews.

A reportagem procurou a síndica Elinalva Trindade dos Santos, que afirmou que iria consultar o jurídico e posteriormente enviaria o posicionamento, que chegou através da Solutions Serv., administradora o condomínio.

A empresa deu o prazo de 24 horas para solucionar o problema: "informamos que, após intensa busca por empresa especializada e competente, que dispusesse de tempo hábil para tratar o caso com a URGÊNCIA que requer, a Síndica localizou a empresa Solar Plus, que nesta manhã, esteve no Condomínio, estabelecendo-se como medidas prioritárias e imediatas a instalação de esterilizadores ultravioleta nos poços, visando assegurar e garantir a qualidade da água captada. Após a instalação dos referidos esterilizadores, será dispensada a água presente no castelo, dando lugar à água tratada e 24h após este procedimento, é esperada a viabilização e normalização para o consumo".

Também informou que serão realizadas obras para que o problema não volte a ocorrer: "Nos dias que se seguirão, a empresa Solar Plus efetuará, sem ônus para a Condomínio, obras de infraestrutura na Estação de Tratamento, redimensionando-a e tornando-a plenamente eficiente, com o fito de resolver a situação de modo definitivo, evitando outros infortúnios como os das semanas anteriores; a estimativa para a execução e término das referidas obras é de, no máximo, 30 dias".

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Na nota, a Solutions informa que vai rescindir o contrato com a Girassol, empresa que prestava o serviço durante o aparecimento do problema, e que o condomínio vai acionar a referida empresa e a MRV na Justiça: "nesta oportunidade, informamos ainda, que será rescindido o contrato com a empresa Girassol, em virtude da constatação pela Síndica da sua inadequação ao cumprimento do esperado no tangente a qualidade, ao tratamento da água e à Estação de Tratamento, com a devida responsabilização judicial. Serão tomadas ainda, outras medidas judiciais até o final da próxima semana, direcionadas à MRV, em virtude do funcionamento deficitário da Estação de Tratamento de Água, bem como, em virtude de não haver oferecido solução ou resposta no prazo estipulado às notificações expedidas pelo Setor Jurídico nas semanas anteriores. Ressaltando-se que o número dos chamados e notificações assim como o seu teor podem ser verificados no comunicado datado de 06 de outubro de 2022. Informamos também que já estão sendo tomadas providências junto ao Ministério Público, para que efetue a devida intervenção nesta situação, por envolver a saúde e o interesse coletivos, tendo sido nesta data, registrada pela síndica solicitação protocolada sob o nº FPI12923".

Ao final da nota, a empresa pede que os condôminos continuem evitando o consumo da água "para cozinhar alimentos, beber, escovar os dentes e atividades afins; recomendamos ainda, que para tomar banho ou dar banho em crianças menores, a água seja fervida".

O Ministério Público da Bahia foi procurado para se posicionar considerando a quantidade de pessoas afetadas e, sobretudo, os problemas de saúde causados nos moradores que não têm outra alternativa a não ser usar a água salobra para tomar banho. 

"As denúncias podem ser realizadas por meio do site de atendimento ao cidadão (https://atendimento.mpba.mp.br/), disque 127, pelo e-mail [email protected] e na Promotoria de Justiça de Camaçari. O Ministério Público do Estado da Bahia, por meio do Centro de Apoio Operacional de Defesa do Consumidor (Ceacon) e das Promotorias de Justiça espalhadas pelo interior do estado, desenvolve o projeto "Água É Vida", realizando o acompanhamento da implementação das políticas públicas para garantia e aprimoramento do serviços de fornecimento de água de qualidade".

Procurada, a "construtora informa que o residencial Solar de Maiorca, entregue em dezembro de 2021, recebeu poços artesianos em conformidade para uso do condomínio já com uma Estação Tratamento de Água (ETA) que viabilizasse o uso desta água. Diante dos últimos ocorridos, a empresa está em contato com o síndico para ajudar na resolução do problema. Mas, reitera a importância do condomínio realizar manutenções preventivas que garantam o perfeito funcionamento do mesmo. Ainda reforça seu compromisso com a qualidade dos produtos entregues aos clientes e garante que todos os esforços estão sendo realizados para encontrar uma resposta e solução definitivas para esta situação".

Classificação Indicativa: Livre

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