Feriado / Dia Nacional da Consciência Negra
A visita de Tchongolola Tchongonga Ekuikui VI, soberano do maior grupo étnico da Angola, o Reino de Bailundo Ombala Yo Mbalundu, visitou o Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (MUNCAB), em Salvador, neste domingo (24). A sua presença transcende a mera formalidade diplomática, tornando-se um ato simbólico.
Ele sublinhou o propósito de sua passagem pelo Brasil e sua busca pela preservação da identidade cultural angolana no território brasileiro ao afirmar, durante a agenda oficial: “Nós estamos a cumprir a vontade dos nossos ancestrais”.
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Durante a visita guiada à exposição “Raízes: Começo, Meio e Começo”, o soberano compartilhou reflexões sobre o intercâmbio entre os dois povos. “A história nos une e a ancestralidade nos une, razão pela qual viemos aqui para a Bahia. Realmente, estamos a gostar de estar aqui. Esse espaço (MUNCAB) é muito bonito. Acreditamos que o mesmo processo que estão a levar a cabo é o mesmo processo que nós, como reino, estamos a levar a cabo. Estamos a levar os quatro pilares: o resgate, a preservação, a valorização e a divulgação da nossa identidade cultural”, esclareceu.
Ekuikui VI ponderou sobre os desafios enfrentados durante a colonização, agravados pelos conflitos internos contemporâneos em Angola. “Nossa identidade foi atropelada desde os 500 anos do modelo em que fomos colônia. E também na segunda fase, que foram as guerras civis que duraram aproximadamente 30 anos. E, agora, estamos na fase da globalização, que tem o poder muito forte de remover de tudo um pouco a nossa identidade cultural”, disse.
O rei destacou a diferença da atuação entre o MUNCAB e o Reino do Bailundo: “O que nós vemos aqui (MUNCAB), vocês estão em outros passos. Nós estamos na fase do resgate. Vocês estão na fase da preservação, da valorização e da divulgação. Estamos a começar o resgate, porque a colonização foi mais forte do que aquilo que vocês viveram aqui. Nós, em Angola, quando o português chegou, apagou, a partir da nossa espiritualidade, toda a nossa fé, a nossa confiança e a nossa resistência foi automaticamente abalada.”
Apesar das adversidades, o soberano ressaltou que os ancestrais angolanos mantiveram viva a cultura de seu povo. “O que aconteceu, ainda sobraram africanos que deram continuidade. Havia um guiador, um controlador das ‘fitas do mar’ [elo entre gerações], e eles preservaram o suficiente para que, hoje, possamos retomar nossa história”.
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