Dados do Banco Mundial, referentes a 2014, mostram que o spread bancário brasileiro, que indica o ganho das instituições financeiras com os juros do valor que concede em empréstimo, é o terceiro maior do mundo, com 22 pontos percentuais. O país fica atrás apenas de Madagascar e Malavi, na África.
O Brasil fica à frente de países menos desenvolvidos e com maior risco de crédito, como Serra Leoa e Congo, que possuem renda nacional bruta per capita de US$ 700 e US$ 380. Já a brasileira é de US$ 11,3 mil, mas isso não impede que os bancos onerem ao máximo os clientes.
As instituições financeiras fazem o que querem e abusam dos altos juros para cobrir possíveis perdas. Já na hora de tomar empréstimos no mercado, os bancos conseguem uma taxa pequena de captação.
Segundo o Banco Central, enquanto a taxa média de captação dos bancos brasileiros subiu 3 pontos percentuais em 12 meses até novembro, a taxa de aplicação, cobrada aos clientes, é absurda e chega a 10% no mesmo período.
Os bancos até tentam justificar a elevação dos juros, mas não conseguem. Nem a inadimplência justifica já que, segundo o Banco Mundial, a taxa foi de 3,1% em 2014.
Para Augusto Vasconcelos, Presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia, "a concorrência entre os bancos é muito pequena, 5 empresas controlam cerca de 90% das transações no país. Além disso, não há uma regulamentação clara do Sistema financeiro, conforme prevê o Art. 192 da Constituição. Em contrapartida, os ganhos dos bancos não se revestem em melhores condições de trabalho e atendimento à população. Temos que acabar com a farra dos juros", frisou.
