Economia & Mercado

Máquina de Vendas fecha acordo com indústria e busca CEO

Reprodução
Acordo negociado com 20 fornecedores, que respondem por 78% da dívida de R$ 1,5 bilhão para com a indústria de eletroeletrônicos, abre a possibilidade de as lojas voltarem a receber produtos  |   Bnews - Divulgação Reprodução

Publicado em 21/08/2018, às 13h16   Redação BNews


FacebookTwitterWhatsApp

A Máquina de Vendas, dona da rede Ricardo Eletro, conclui nesta semana a sua reestruturação. A Starboard, gestora de private equity que ficará com 72,5% da varejista, está buscando um novo presidente para comandar a rede de 650 lojas. Acordo negociado com 20 fornecedores, que respondem por 78% da dívida de R$ 1,5 bilhão para com a indústria de eletroeletrônicos, abre a possibilidade de as lojas voltarem a receber produtos.

O acordo libera "crédito novo", junto aos fornecedores, de R$ 800 milhões, equivalente a três meses de capital de giro, disse ontem ao Valor Pedro Bianchi, sócio da Starboard. Esta negociação, que durou quatro meses e não prevê seguro ao crédito novo, faz parte de um plano de recuperação extrajudicial a ser encaminhando ao Fórum Central de São Paulo ainda nesta semana, disse Pedro Magalhães, diretor financeiro da Máquina.

O plano prevê, basicamente, dois grupos de credores: os fornecedores que voltaram a financiar a venda de produtos à Máquina e aqueles que não concordaram. O primeiro grupo, formados por 20 fabricantes de eletroeletrônicos, não terá desconto em sua dívida e vai receber pelo modelo "pay if you can" (pague se você puder) ou "cash sweep", disse Bianchi. Funciona assim: a Máquina está prevendo que em maio do ano que vem terá um caixa de R$ 350 milhões. O valor acima disso será usado para começar a pagar a dívida dos 20 fornecedores. Whirlpool, Electrolux, Semp, Samsung, Britania e Mondial estão nesse grupo. A Máquina deve a 250 fornecedores.

O credor que não concordar com esse modelo, terá 60% de desconto em sua dívida e só terá seu débito quitado depois que o primeiro grupo for pago. Este piso, de R$ 350 milhões, será atualizado a cada ano. E a taxa de juros será de 2,75% ao ano.

 Após a homologação do acordo, estimada em três meses, a Starboard assume o controle da Máquina. A gestora ficará com 72,5% da rede. Será feito um aporte de R$ 250 milhões por meio de um fundo de investimento da Starboard. Entre os investidores deste fundo, que já levantou R$ 1,3 bilhão, está a própria Starboard.

Com a entrada da Starboard, todos os sócios da Máquina serão diluídos. Ricardo Nunes, Luiz Carlos Batista e a família Salfer ficam com os 27,5% restantes. Desta fatia, Nunes tem 55%, Batista 43% e a família Salfer, 2%.

Com os três maiores bancos do país - Bradesco, Itaú e Santander - está mantido acordo renegociado no fim de 2017. Na época, foi criada uma nova empresa, a MV Participações, de Nunes e Batista. A MV emitiu R$ 1,5 bilhão em debêntures compradas pelos três bancos, que já eram credores da Máquina. Esses recursos saíram da MV e viraram aporte na Ricardo Eletro. Com isso, a dívida foi "transferida" da Máquina à MV.

Com essa operação, caso Nunes e Batista sejam de alguma forma remunerados - na venda da empresa, por exemplo - os bancos recebem o dinheiro que entrar.

A situação da Máquina de Vendas ainda é difícil - sua crise já dura dois anos e meio. Entre 2014 e 2017, a receita caiu cerca de 40%. Em 2014, chegou a quase R$ 10 bilhões, com 1,2 mil lojas e 25 mil funcionários. No ano passado, faturou R$ 6 bilhões, com 650 lojas e 13 mil empregados. O prejuízo foi de R$ 580 milhões no ano passado. Neste ano deve cair para R$ 450 milhões, calcula Magalhães. De janeiro a junho deste ano, as vendas somaram R$ 2,4 bilhões, com perdas de R$ 280 milhões. No mesmo período de 2017, o prejuízo foi de R$ 340 milhões. As informações são da Valor.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp