Economia & Mercado

Indicativo de ampliação do horário dos shoppings gera temor de sobrecarga em lojistas e comerciários

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Os trabalhadores querem que as 8 horas diárias/ 44 horas semanais sejam respeitadas  |   Bnews - Divulgação Vagner Souza/ BNews

Publicado em 11/12/2020, às 19h43   Márcia Guimarães


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A possibilidade de ampliação dos horários de funcionamento dos shoppings centers em Salvador durante o período natalino, adiantada pelo prefeito ACM Neto (DEM) nesta sexta-feira (11), deixou lojistas e comerciários na expectativa por estratégias seguras de atendimento a essa demanda. Os trabalhadores querem que as 8 horas diárias/ 44 horas semanais sejam respeitadas. Já os empresários preferem que a extensão do funcionamento seja facultativa, pois não é garantido que o faturamento irá aumentar em tempos de pandemia e crise econômica.

O presidente do Sindicato dos Comerciários de Salvador, Renato Ezequiel, afirmou que a categoria não se opõe à ampliação durante o período natalino, mas os trabalhadores não podem ser sobrecarregados com horas extras, ainda mais diante do risco de infecção pelo coronavírus. Ele garantiu que a entidade irá fiscalizar o cumprimento da carga horária e das medidas sanitárias. 

“O horário pode ser estendido, desde que sejam cumpridas as normas da convenção coletiva assinada em 2018: 8 horas, de segunda a sexta, e sábado 4 horas. Essa é a posição do Sindicato, até porque já vínhamos buscando a redução do horário, pois trabalhar 8 horas por dia já é muito durante a pandemia. Os empresários vão ter que se adequar, caso o prefeito aumente o horário de funcionamento, contratando novos funcionários, por exemplo”, afirmou Ezequiel.

Quanto aos domingos, ele lembra que os comerciários devem receber R$ 32, mais alimentação de R$ 10,46, transporte e folga na semana. Nos feriados, a única alteração é que o valor vai para R$ 42. À reportagem, o presidente do Sindicatos dos Lojistas da Bahia (Sindilojas), Paulo Motta, disse que a informação não procede, porque não tem convenção vigente desde março deste ano. 

Ezequiel é contra as horas extras, pois apenas deixa os trabalhadores com “desgaste físico e mental, além de deixá-los vulneráveis em um período complicado”. Nos dias 25 de dezembro e 1º de janeiro, os centros comerciais não poderão abrir.

Despesas

O presidente do Sindilojas alerta que o setor continua enfrentando um agravamento muito sério decorrente do coronavírus e os protocolos adotados pelos poderes públicos municipal e estadual para evitar aglomerações têm influenciado bastante na presença dos consumidores nas áreas comerciais. A expectativa é que não haja crescimento expressivo nas vendas.

“A extensão do horário de funcionamento traz um lado interessante para ampliar o fluxo de pessoas em um maior espaço de tempo. Contudo, termos um sério problema trabalhista porque os funcionários só podem trabalhar, no máximo 8h diariamente e 44h semanais. As empresas terão que pagar horas extras ou contratar turmas, o que traz custos operacionais. Além disso, não há uma segurança muito clara de que teremos resposta financeira para suportar essa elevação dos custos”, acrescentou Motta.

Ele relata que o comércio já trabalha, desde março, com um quadro “extremamente enxuto” por causa das limitações de funcionamento. “Não há como se pensar que, com a ampliação de horário de funcionamento, poderíamos ter geração de empregos e ainda uma resposta financeira que venha cobrir isso. O melhor caminho talvez seja deixar o funcionamento ampliado facultativo, e não impositivo”, apontou o presidente.

*Atualizada às 9h34 deste domingo (13) 

Classificação Indicativa: Livre

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