Economia & Mercado

Bolsa tem a maior queda desde anulação de condenação de Lula pelo STF

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Bnews - Divulgação Pixabay

Publicado em 08/09/2021, às 19h17   Folhapress


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As declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante os atos de raiz golpista desta terça-feira (7) derrubaram a Bolsa brasileira.

O Ibovespa, principal índice da B3, caiu 3,78%, a 113.412 pontos, na esteira dos ataques do presidente ao STF (Supremo Tribunal Federal) proferidos nas manifestações de 7 de setembro. A queda se acentuou após o presidente do Supremo, Luiz Fux, responder a Bolsonaro.

Ao se referir à afirmação de Bolsonaro sobre descumprir decisões judiciais do ministro Alexandre de Moraes, Fux disse que, se confirmada, a ação configuraria crime de responsabilidade.

A queda desta quarta é a maior desde 8 de março, quando o Ibovespa recuou quase 4% após o STF anular as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na ocasião Lula recuperou os direitos políticos -e hoje é o principal adversário de Bolsonaro para 2022.

Refletindo o clima tenso, o dólar subiu 2,87%, cotado a R$ 5,3250, a maior alta desde 24 de junho de 2020.

"O câmbio reflete as crises sanitária, ambiental e política, que não tiveram início no 7 de setembro, mas não dá para ignorar a importância do que ocorreu no feriado, que foi muito grande", afirma Lívio Ribeiro, pesquisador associado do FGV-Ibre.
O risco-país também aumentou. Medido pelo CDS de cinco anos, o indicador subiu 1,86%, a 179.674 pontos.

O CDS funciona como um termômetro informal da confiança dos investidores em relação às economias, especialmente as emergentes. Se o indicador sobe, é um sinal de que os investidores temem o futuro financeiro do país. Se ele cai, o recado é o inverso: sinaliza aumento da confiança quanto à capacidade que o país tem de saldar suas dívidas.

De acordo com analistas, a principal preocupação do mercado é sobre o efeito da crise no acordo que o governo tenta costurar com o STF para que o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) module o volume de pagamentos de precatórios -dívidas judiciais do governo- para 2022.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, tem afirmado que o pagamento integral da dívida, de R$ 89 bilhões, cria obstáculos ao funcionamento da administração no próximo ano.

Caso o governo não consiga uma solução com a colaboração do Judiciário, dependerá da aprovação de uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que permita o parcelamento dos precatórios, algo pouco provável de ocorrer devido ao constante enfraquecimento do apoio ao presidente no Congresso.

Para Vitor Carettoni, diretor da mesa de renda variável da Lifetime Investimentos, Bolsonaro mandou "para a lata de lixo" todas as negociações do Executivo sobre reformas, mas esse ainda é um problema menor se comparado à questão dos precatórios e, em último caso, ao início de um processo de impeachment do presidente.

"A principal preocupação é realmente em relação aos precatórios, que é a questão fiscal, e se escalar um pouco mais, para um possível processo de impeachment, isso é mais traumático e afugenta qualquer investidor", diz Carettoni.

Mais cedo, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), criticou as declarações de Bolsonaro, mas sem citar o aumento da pressão pelo impeachment e dando sinais de tentativa de apaziguamento.

"É hora de dar um basta a essa escalada, em um infinito looping negativo", afirmou, dizendo também que "bravatas em redes sociais, vídeos e um eterno palanque deixaram de ser um elemento virtual e passaram a impactar o dia a dia do Brasil de verdade".

Imediatamente após a fala de Lira, a Bolsa chegou a oscilar positivamente, superando os 115 mil pontos, para logo depois retomar a queda.

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