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Americanas recorre de decisão que autorizou busca em computadores para apurar fraude

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Americanas alega que, "em momento algum", se indicou que houve fraude contábil na companhia  |   Bnews - Divulgação Divulgação

Publicado em 27/01/2023, às 21h06   Nicola Pamplona/Folhapress



A Americanas recorreu nesta sexta-feira (27) de decisão judicial que autorizava perícia em computadores da empresa em busca de provas de fraude em sua gestão da gigante do varejo, obtida na quinta (26) pelo Bradesco.

A empresa alega que, "em momento algum", se indicou que houve fraude contábil na companhia, que o caso já é investigado por autoridades e que a entrega de e-mails dos executivos gera o risco de vazamento para a imprensa da intimidade de terceiros não relacionados ao caso.

O escritório que representa o Bradesco já se manifestou nos autos pedindo que a Justiça não aceite o recurso. E-mails da direção da empresa são alvo também da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que abriu uma série de investigações sobre o caso.

Na decisão de quinta, a juíza Andréa Galhardo Palma, da 2a Vara Empresarial do Tribunal de Justiça de São Paulo, nomeou a Ernest & Young para acompanhar a diligência nos computadores da varejista. A advogada Patrícia Punder fará a perícia investigativa.

Ela autorizou buscas em todas as caixas de email institucional dos diretores, integrantes do Conselho de Administração e do Comitê de Auditoria, dos funcionários da área de contabilidade e de finanças -tanto dos atuais quanto daqueles que ocuparam esses cargos nos últimos dez anos.

No recurso, a Americanas diz que a própria Ernst & Young já havia sido contratada pelo próprio Grupo Americanas para apuração independente do escândalo contábil que veio à tona no último dia 11.

Afirma ainda que "apesar de inúmeras notícias sensacionalistas que foram acostadas aos autos originários, não se indicou, em momento algum, que teria havido, efetivamente, uma fraude contábil por parte de quaisquer indivíduos, nem pelos acionistas do Grupo Americanas, tampouco por seus administradores".

"O Grupo Americanas não discorda, em momento algum, que os fatos que ocasionaram as inconsistências contábeis recentemente detectadas devem ser objeto de efetiva apuração", diz. "Mas a pressa, como diz o ditado popular, é inimiga da perfeição."

No texto, os escritórios que assessoram a Americanas dizem que a "postura predatória de credores açodados" acabou precipitando movimentos da empresa, como o pedido de proteção judicial contra o resgate antecipado de dívidas.

"Há risco, dado o interesse da mídia, de vazamento, agravado pela da falta de decretação de sigilo dos documentos a serem apreendidos, para mídia de informação da intimidade de terceiros estranhos à lide", prossegue o pedido.

Em resposta ao recurso, o escritório que assessora o Bradesco diz que "o simples fato de a Americanas ter iniciado uma investigação interna não substitui a importância de uma perícia externa, verdadeiramente independente e livre de amarras".

"Especialmente se constatado que os responsáveis pela fraude ou eventuais beneficiados das práticas lesivas podem estar atuando internamente na companhia para apagar informações e prejudicar a investigação", argumenta.

Ainda na quinta, a CVM pediu à juíza Palma acesso às provas obtidas no processo iniciado pelo Bradesco, alegando que podem ser úteis para os processos administrativos que conduz sobre o caso.
A CVM investiga desde o cumprimento de regras para a divulgação de fatos relevantes à venda de ações por diretores da Americanas nos últimos anos.

Um dos processos inclui o trio de bilioniários acionistas de referência e a diretoria da companhia por omissão de informações relevantes no primeiro comunicado sobre o escândalo contábil que levou a ao pedido de recuperação judicial na última quinta-feira (19).

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