Economia & Mercado

Dia Internacional da Mulher: Veja perfis de três líderes baianas em cargos de destaque

Divulgação
Saiba quem são as três líderes homenageadas pelo BNews no Dia Internacional da Mulher  |   Bnews - Divulgação Divulgação
Verônica Macedo

por Verônica Macedo

[email protected]

Publicado em 08/03/2024, às 13h00


FacebookTwitterWhatsApp

O BNews preparou um ping - pong com três líderes baianas, que exercem com sucesso suas profissões com cargos de liderança em Salvador.

Confira a seguir.

Inscreva-se no canal do BNews no WhatsApp.

Mariana Lisbôa - Advogada, head global de Relações Corporativas da Suzano S/A, presidente da Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (ABAF) e diretora do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior Da Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP).

Qual a importância de mulheres em cargos de liderança?

Acredito firmemente que a diversidade é fundamental para o sucesso de uma equipe, pois permite a união de diferentes perspectivas e experiências. Isso leva a uma tomada de decisão mais abrangente e bem-informada, que reflete melhor as necessidades e interesses de todos os envolvidos. E diversos estudos corroboram essa ideia, como, por exemplo, o realizado pelo Instituto McKinsey Global em 2020, mostram que empresas com equipes executivas diversificadas em termos de gênero têm 14% mais probabilidade de superar a performance de seus pares na indústria.

Além disso, a presença de mulheres em cargos de liderança serve como um modelo inspirador para outras mulheres, incentivando-as a buscar oportunidades de liderança e acreditar em seu potencial. Isso ajuda a quebrar estereótipos de gênero e a promover a igualdade de oportunidades no local de trabalho. Temos visto um avanço ao longo dos anos, com empresas e instituições buscando cada vez mais iniciativas de diversidade, igualdade e inclusão. Na Suzano, por exemplo, possuímos os “Compromissos para Renovar a Vida”, que são nossas metas de longo prazo, e um de nossos objetivos é alcançar 30% de mulheres em cargos de liderança até 2025. Felizmente, não estamos sozinhos nesse esforço. Muitas outras empresas estão se empenhando para alcançar metas semelhantes.

Esperamos, ao olhar para o mundo corporativo daqui alguns anos, ver uma mudança efetiva, com mais oportunidades para aqueles que há muito lutam por igualdade. É fundamental que os incentivos para ações e políticas afirmativas se tornem a norma dentro das empresas, não exceções. Devemos continuar abrindo caminhos para as mulheres de hoje e as que ainda virão, até que chegue o momento em que isso não seja mais uma pauta, mas uma realidade plenamente consolidada.

Fale um pouco sobre sua trajetória profissional até aqui.

Entrei na Suzano em 2015, ocupando uma posição regional, baseada em Mucuri, no extremo sul do estado. Rapidamente, fui ganhando novos estados e com eles novos desafios. Assumi, então, um escopo nacional, tornando-me responsável por toda a área de Relações Corporativas da Suzano, incluindo sob a minha gestão também a área de Licenciamento Ambiental, extremamente estratégica para um negócio cuja matéria-prima é a árvore oriunda de florestas plantadas.  São mais 2.5 milhões de hectares pertencentes à Suzano, uma área equivalente ao estado de Sergipe. Sendo quase que metade desses, voltados à conservação florestal, e a outra metade a efetivo plantio de eucalipto.

Em 2021, meu escopo foi ampliado para a esfera global, tornando-me responsável pelo regulatório e políticas públicas na Europa, Oriente Médio e África (EMEA), acompanhando a estratégia de internacionalização da Suzano, empresa de origem brasileira, presente em mais de 100 países, e que impacta com seus produtos mais de dois bilhões de pessoas.

Além disso, em 2022, assumi duas novas posições paralelas às minhas atividades na Suzano: a presidência da Associação Baiana das Empresas de Base Floresta (ABAF) e a diretoria do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior Da Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP).

 Não tenho dúvida de que uma das minhas maiores responsabilidades é viabilizar e impulsionar o crescimento da minha equipe, permitindo que todos possam exercer com excelência o seu talento, alavancando suas carreiras. Com eles, tenho a oportunidade de aprender todos os dias, por isso aproveito cada instante para também me desenvolver como profissional e como pessoa.  

Quais os desafios e obstáculos principais que mulheres enfrentam para atingir cargos de liderança?

Os desafios e obstáculos que as mulheres enfrentam para atingir cargos de liderança são diversos e profundamente enraizados em questões estruturais e culturais. Embora tenhamos conquistado direitos e avançado significativamente ao longo dos anos, ainda enfrentamos uma série de barreiras que nos impedem de alcançar uma representação igualitária em posições de liderança.

Um dos principais desafios é a persistência de estereótipos de gênero e preconceitos que limitam as oportunidades das mulheres no mercado de trabalho. Esses estereótipos muitas vezes levam à sub-representação de mulheres em cargos de liderança, resultando em desigualdades salariais, falta de reconhecimento e dificuldade de ascensão na carreira. Lembremos aqui que as mulheres conquistaram direitos a atividade empregatícia, sem necessidade de autorização por parte de um homem de sua família, há apenas 62 anos. A história de luta por direitos das mulheres é antiga, mas a realização desses é muito recente, portanto, sabemos que ainda temos muito a percorrer.   

Mulheres são mais de 50% da população brasileira, mas ainda são minoria nas esferas de decisão, tanto na iniciativa privada quanto na pública. Com relação ao setor privado, um levantamento do IBGE em 2021 apontou que apenas 37% dos cargos gerenciais são ocupados por mulheres, sendo os outros 63% ocupados por homens. Sob essa mesma ótica, se considerarmos apenas as 500 maiores empresas do Brasil, as mulheres ocupam apenas 13% dos cargos gerenciais, de acordo com o Relatório do Empreendedorismo do Brasil.  

Quando olhamos para o setor florestal, um estudo realizado pela Rede Mulher Florestal em 2023 reportou que 18% dos colaboradores do setor eram mulheres, um número consideravelmente baixo, mas que se comparado ao ano de 2020 representou um aumento de cinco pontos percentuais.

No que diz respeito ao setor público, a taxa de representação feminina no Congresso brasileiro não corresponde nem a metade da média dos outros países da América Latina e do Caribe, de acordo com um estudo realizado em 2021 pela União Interparlamentar. Por aqui, elas são apenas 15% dos parlamentares, enquanto outros países da região conseguem atingir a taxa de 30%. As eleições de 2022 melhoraram minimamente o cenário do Congresso, que passou de 77 para 91 deputadas, mas teve uma diminuição no Senado, saindo de 12 para 11 senadoras titulares – sem considerarmos suplentes.  

Em resumo, os desafios para as mulheres alcançarem cargos de liderança são grandes e variados, envolvendo desde estereótipos de gênero arraigados até disparidades salariais e sub-representação em diferentes setores da sociedade.

O que ainda é necessário mudar na sociedade para que mais mulheres cheguem a cargos de liderança nas empresas na Bahia e no Brasil?

Para superar esses desafios e alcançar uma verdadeira igualdade de gênero em cargos de liderança, é fundamental implementar políticas e programas que promovam a equidade de gênero, incentivar a diversidade e inclusão nas organizações e desafiar os estereótipos de gênero arraigados na sociedade. É hora de transformar a forma como pensamos sobre liderança e criar um ambiente onde todas as mulheres tenham a oportunidade de alcançar seu pleno potencial e contribuir para o progresso da sociedade.

Na Suzano, como já mencionei, temos a meta de alcançar 30% de mulheres nos cargos de liderança até 2025, e desde 2019, ano base da meta, já alcançamos mais de 23% de mulheres em cargos gerenciais. E em linha com o objetivo da companhia, eu tenho orgulho de afirmar que na área de Relações Corporativas e Licenciamento Ambiental, ambas que estão sob minha gestão, temos buscado alcançar um número equalitário de homens e mulheres na liderança. Hoje, em minha equipe direta são 3 homens e 3 mulheres ocupando esses cargos. Além disso, eu busco fazer com que esse espaço seja de ascensão, incentivando e possibilitando oportunidades que estejam dentro do meu alcance. Como mulher e nordestina, sinto que tenho o dever de abrir caminhos para as mulheres que virão depois de mim.

Roberta Santana - secretária da Saúde do Estado da Bahia

Importância de mulheres em cargos de liderança:

A presença de mulheres em cargos de liderança é fundamental para promover a diversidade e a inclusão, trazendo diferentes perspectivas e abordagens para a tomada de decisões e a formulação de políticas. A liderança feminina contribui para o desenvolvimento social e econômico, incentivando outras mulheres a buscar seus objetivos profissionais e pessoais, além de desafiar estereótipos e promover a igualdade de gênero.

Trajetória profissional:

Tenho uma carreira sólida no serviço público. Formei-me em Administração e tenho mestrado em Administração Pública com ênfase em Planejamento e Gestão Estratégica, o que me qualificou para ocupar posições estratégicas no Governo do Estado da Bahia. Tive experiências em diversas secretarias e companhias estaduais. Na Secretaria da Saúde, antes de ser nomeada secretária pelo governador Jerônimo, fui diretora geral e atuei no enfrentamento da pandemia causada pela Covid-19, atuando na reorganização da rede de assistência à saúde, com a implantação de estrutura e reforço nas unidades hospitalares para assegurar o atendimento à população.

Desafios e obstáculos para mulheres em cargos de liderança:

Mulheres frequentemente enfrentam barreiras para alcançar posições de liderança, incluindo preconceitos de gênero, menor acesso a redes de apoio profissional, e a dificuldade de equilibrar demandas profissionais e familiares. Apesar de progressos, a representação feminina em cargos de alta gestão ainda é limitada, refletindo desigualdades estruturais e culturais que persistem na sociedade.

Mudanças necessárias para promover liderança feminina:

Para aumentar a representatividade feminina em posições de liderança na Bahia e no Brasil, é essencial promover políticas de igualdade de gênero, incentivar a educação e o desenvolvimento profissional de mulheres, e combater estereótipos que limitam suas oportunidades de crescimento. Empresas e governos devem adotar medidas como programas de mentoria, promoção da igualdade salarial, e políticas de conciliação entre vida profissional e pessoal, criando um ambiente mais inclusivo e propício para o desenvolvimento de líderes femininas.

A mulher pode ser o que ela quiser, com quatro características essenciais: amor, resiliência, força e coragem!

Ana Paula Matos (PDT) é vice-prefeita e secretária de Saúde de Salvador. Professora, advogada, administradora e servidora concursada da Petrobras, a gestora é pós-graduada em Finanças Corporativas e mestre em Administração, pela UFBA. Iniciou a trajetória na gestão municipal como diretora geral de Educação, em 2013. Ana Paula foi chefe de gabinete da vice-prefeitura, presidente do Instituto de Previdência Municipal, secretária das Prefeituras-Bairro, secretária de Promoção Social e Combate à Pobreza, cargo ocupado por duas vezes e secretária de Governo de Salvador.

Qual a importância de mulheres em cargos de liderança?

A representatividade feminina importa, é justa, essencial e impulsiona. A história mostra que mulheres ocupando espaços de poder incentivam à coletividade, empoderam umas às outras, e, sobretudo fortalecem a luta pela promoção da equidade de gênero e ampliação dos direitos. Então, estarmos em cargos de liderança significa o fortalecimento do papel das mulheres com protagonismo nas tomadas de decisões.

Nossa gestão tem oportunizado lideranças femininas que constroem novas  e efetivas políticas públicas, em pastas importantes como Saúde, Comunicação, Fazenda, Desenvolvimento Econômico, Reparação e em todo o Executivo municipal. Temos 42% do alto escalão comandados por mulheres, decidindo à cidade junto com o prefeito Bruno Reis.

Quais os desafios e obstáculos principais que mulheres enfrentam pra atingir cargos de liderança?

Infelizmente, o machismo estrutural é vivenciado de diversas formas, mesmo que não declaradamente. Em cargos de liderança, as mulheres também passam por experiências em que tentam invalidar ou minimizar suas falas, desconsiderar o  protagonismo, usar da força verbal ou física para impor opiniões, ameaçar ou coibir, retirá-las de cargos sem precedentes plausíveis, tudo isso são algumas formas do machismo atuar e muitas mulheres passam ou já passaram por situações assim. Na minha trajetória particular, eu entrei na vida pública em cargos técnicos e depois fui conquistando novos espaços na política. De forma geral, sempre tive o respeito dos colegas, cheguei com uma carreira já consolidada, cedida pela Petrobras para contribuir com a Secretaria de Educação, estive em pastas majoritariamente composta por mulheres, Smed, Sempre, Saúde..então recebi muito acolhimento e tive a sororidade. Entretanto, entendo que essa experiência não é a realidade de todas as mulheres nos ambientes de trabalho ou político, mas a mensagem que deixo é de motivação e inspiração, que as mulheres exerçam os seus papéis de liderança, seja na família, no trabalho, na comunidade, na religião ou na política.

O que ainda é necessário mudar na sociedade para que mais mulheres cheguem a cargos de liderança nas empresas na Bahia e no Brasil?

Avalio que tivemos avanços, mas ainda há muito a conquistar. Se olharmos de forma geral nos espaços de poder, seja no Executivo, Legislativo ou Judiciário, ainda somos minoria, apesar de sermos mais da metade dos eleitores em todo país, representando quase 53% do eleitorado. Nesse sentido, enxergo que é necessário termos mais representantes femininas na política com olhar atento às causas, discutindo e criando políticas públicas de promoção e igualdade de gênero, inserção no mercado de trabalho, capacitação profissional e oportunidades, pois a política pública mais efetiva é a construção da autonomia.

Clique aqui e se inscreva no canal do BNews no Youtube!

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp