Economia & Mercado

Para um carnaval com menos resíduos é preciso incentivar a economia circular, diz especialista

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Boa parte do vidro e plásticos descartados no carnaval do país ainda vai parar nos lixões  |   Bnews - Divulgação Divulgação
Verônica Macedo

por Verônica Macedo

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Publicado em 08/02/2024, às 11h40 - Atualizado às 11h48


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Sem o apoio dos catadores de materiais recicláveis na limpeza urbana, a tarefa de recolher os resíduos produzidos durante o carnaval e dar destinação adequada ficaria mais difícil do que já é. Dados das prefeituras de São Paulo e Rio de Janeiro revelam que a coleta de resíduos nas ruas e sambódromo chegou a 456,5 toneladas (São Paulo) e 500 toneladas (Rio de Janeiro) nos últimos anos.

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Mesmo com o trabalho dos catadores de recicláveis, muitos materiais descartados (principalmente vidros e plásticos) ainda vão parar nos aterros sanitários e deixam de ser  reaproveitados na cadeia produtiva. Para o coordenador pedagógico do Movimento Circular, Edson Grandisoli, a falta de conhecimento e as campanhas, que estimulem ainda mais a reciclagem, representam uma enorme perda de oportunidades.

“Todo material descartado incorretamente pode gerar problemas de ordem socioambiental, prejudicando os recursos hídricos, o solo, a atmosfera e, diretamente, diferentes formas de vida. Dentro da perspectiva da economia circular, a reciclagem é um processo importante para reduzir os impactos socioecológicos, manter os materiais circulando por mais tempo e criar oportunidades de inclusão no mercado”, argumenta Edson.

Parcerias que incentivam

Quando o assunto é incentivo à reciclagem, Edson cita a cidade de Olinda (PE) como exemplo. Nos últimos anos, a Prefeitura formou uma força-tarefa com 719 catadores da Coocencipe (Cooperativa do Centro da Promoção da Cidadania de Pernambuco) para manter a cidade limpa e impulsionar a economia circular.

No carnaval passado, o esforço da cooperativa coletou 50,8 toneladas de material reciclável nos quatro dias de festa, sendo 43,4 toneladas recolhidas nas ruas do Sítio Histórico e 7,4 toneladas no Camarote Carvalheira (fora das ladeiras).

A iniciativa privada investiu cerca de R$110 mil para aumentar a remuneração dos coletores no período e a prefeitura forneceu kits de Equipamento de Proteção Individual (EPIs). No Carnaval deste ano, o município estima reunir cerca de 1.000 catadores inscritos e recolher mais de 80 toneladas de resíduos nas ruas e camarotes privados.

No carnaval do Rio de Janeiro, a Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana) coleta materiais recicláveis na Passarela do Samba – exceto latinhas de alumínio, que são recolhidas por uma cooperativa.

Outra iniciativa da companhia é disponibilizar o Galpão das Artes Urbanas para o bloco Vagalume O Verde criar fantasias e adereços com base em materiais reaproveitados. Por sua vez, o bloco promove oficinas gratuitas que ensinam o reaproveitamento de resíduos durante o carnaval.

Em parceria com a ONG Sustenta Carnaval, projeto socioambiental de economia criativa, a empresa reaproveita os materiais recolhidos pela ONG na área de dispersão do Sambódromo e participa das oficinas de circularidade. As iniciativas estão prolongando a vida útil do aterro sanitário e minimizando os impactos ambientais associados à folia.

Apesar dos esforços de gestão dos resíduos durante o carnaval e outras épocas do ano, é importante compreender que a primeira regra a ser seguida é a da "não-geração". “Pensar e repensar nossos hábitos de consumo é fundamental para reduzirmos a quantidade de resíduos que produzimos todos os dias”, observa o coordenador.

Ou seja, as parcerias são fundamentais, mas os foliões em todo o Brasil também precisam fazer a sua parte. “Cada um tem que se responsabilizar pelo seu resíduo. Copos, fantasias, bitucas de cigarro, adereços de plástico, praticamente tudo pode ganhar um destino mais nobre que lixões, aterros ou até mesmo a própria rua. Isso é um desafio que envolve boa informação e mudança de cultura”, conclui Edson.

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