Economia & Mercado

'Se meta de inflação está errada, muda-se a meta', diz Lula

Marcelo Camargo / Agência Brasil
Lula fez a declaração em um café da manhã com jornalistas nesta quinta-feira (6)  |   Bnews - Divulgação Marcelo Camargo / Agência Brasil

Publicado em 06/04/2023, às 14h37   Catia Seabra, Bruno Boghossian e Marianna Hollanda// Folhapress


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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a mencionar a possibilidade de mudar a meta de inflação, com o objetivo de segurar a taxa de juros no Brasil.

Lula fez a declaração em um café da manhã com jornalistas nesta quinta-feira (6). Ao fim da conversa, porém, ele disse que apenas discutia uma fala do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e que não pretende brigar com o chefe da instituição.

Lula se referia a uma hipótese levantada pelo presidente do BC. Na semana passada, Campos Neto afirmou que, para cumprir a meta de inflação atual, os juros deveriam estar em 26,5% ao ano –bem acima dos atuais 13,75%. Campos Neto ponderou que aquilo seria impossível.

O petista criticou a hipótese e a política de juros do BC. Em seguida, afirmou: "Se a meta [de inflação] está errada, muda-se a meta".

"Esses dias, eu li uma frase que eu não sei se foi dita pelo presidente do Banco Central que, para atingir a meta de 3%, precisaria de juro de 20% [Campos Neto falou em 26,5%]. Não sei se foi verdade isso, mas no mínimo é uma coisa não razoável. Porque se a meta [de inflação] está errada, muda-se a meta", disse.

O centro da meta oficial para a inflação em 2023 é de 3,25% e, para 2024, de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

Ao fim do café, Lula disse que se referia a uma hipótese e que não quer discutir a meta.

"Eu disse que não ia discutir meta, porque esse é um problema da autonomia do Banco Central e do Senado, que aprovou a autonomia do Banco Central. Ele [Campos Neto] que tenha a sua autonomia, e o povo brasileiro que fique analisando", disse.

A meta de inflação, no entanto, não é determinada apenas pelo presidente do Banco Central. Quem define o percentual é o CMN (Conselho Monetário Nacional), composto pelo presidente do BC e por dois ministros: Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento). O governo, se quisesse, teria maioria para fazer uma mudança.

Lula já havia mencionado essa possibilidade em janeiro, numa entrevista à GloboNews. Pouco depois, no entanto, Haddad afirmou que a meta permaneceria como está. O CMN referendou a decisão.

No café com os jornalistas, o presidente lembrou ter estabelecido e cumprido metas em seus governos passados, mantendo uma boa relação com o Banco Central.

"Eu já fui presidente da República. Já discuti com o Banco Central. Já estabeleci meta neste país. Já cumprimos a meta. Se você estabelecer uma meta para a sua vida e não cumprir, então você está mentindo para si mesmo", declarou.

Lula afirmou que não pretende "ficar brigando" com o presidente do BC. "Quem indicou ele foi o Senado. Daqui a dois anos, vai-se discutir um novo presidente do Banco Central."

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