Educação

Em escola militarizada, sargento manda aluno negro cortar cabelo

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Sargento manda aluno cortar cabelo para não ficar “se camuflando entre as meninas”  |   Bnews - Divulgação Reprodução

Publicado em 22/02/2022, às 08h21 - Atualizado às 08h40   Redação


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Um adolescente negro, de 12 anos, foi constrangido por causa do tamanho do seu cabelo, na semana passada, em uma escola de orientação militar de Brasília A família do adolescente também foi surpreendida com a orientação de um sargento do Centro de Ensino Fundamental 1, conhecida como Sapão, no Núcleo Bandeirante. Na ocasião, um militar do Corpo de Bombeiros teria dito que o jovem deveria cortar o cabelo. O sargento da corporação teria feito, ainda, um comentário preconceituoso, dizendo que ele estava “se camuflando entre as meninas”.

De acordo com o Metrópoles, o fato aconteceu quando o aluno buscou auxílio clínico no colégio. “O olho dele estava doendo, lacrimejando, e ele foi ver o que estava acontecendo. O sargento viu e perguntou: por que você está com o cabelo grande desse jeito?”, conta a irmã do menino, Rosa Carvalho, 25 anos.

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O militar questionou se era alguma promessa ou algo similar. Ao receber a negativa do garoto, o servidor teria dito: “Você está se camuflando no meio das meninas”. Nesse instante, o estudante ficou sem reação. “Meu irmão não soube responder”, revela Rosa.

Em seguida, o militar ligou para a família informando que o menino teria de cortar o cabelo para ficar “enquadrado no regulamento da instituição”. No entanto, a fala pegou a família de surpresa, pois o garoto estuda no local há quase dois anos, sempre usou o cabelo amarrado ou em coque e nunca havia sido abordado nesse sentido.

“O sargento disse que o meu irmão estava indo para a fila das meninas, algo que não é verdade. Ele ficou muito triste, chegou em casa e não queria falar com ninguém. Da forma que foi colocado, acabou abalando muito o meu irmão, que agora está querendo cortar o cabelo”.

Por meio de nota, o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) disse que o “cabelo estava fora do padrão estabelecido nas escolas cívico-militares” e que o sargento orientou o jovem de “forma didática” para que ele se adequasse ao corte exigido pelo “regulamento vigente desde o ano de 2019”.

Mas, no fim de 2019, a Secretaria de Educação flexibilizou as regras sobre corte de cabelo em escolas militarizadas com o objetivo de respeitar a identidade do aluno e avançar com a popularização da gestão compartilhada com a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros. Na época, a pasta também pretendia suavizar as normas para acessórios e tatuagens.

De acordo com o secretário em exercício no período, João Pedro Ferraz, “Flexibilizamos as regras para o corte de cabelo. Se o aluno estiver com cabelo grande e tiver de participar de um evento com boina, por exemplo, basta amarrar o cabelo. Da mesma forma como as mulheres fazem. Acabou a atividade, solta o cabelo e vai ser feliz”, comentou Ferraz na ocasião.

Leia a nota dos bombeiros na íntegra:

“Ao observar o jovem em questão com o cabelo fora do padrão estabelecido nas escolas cívico-militares, o referido monitor orientou de forma didática que o mesmo se adequasse ao corte padrão estabelecido em regulamento vigente desde o ano de 2019.

A conversa instrutiva registrada em ata escolar se deu primeiramente com o jovem e após agendamento com seu responsável legal, no caso o genitor do aluno.
Lembramos que todos os alunos e alunas matriculados em escolas compartilhadas estão sujeitas ao regulamento e normas de tal sistema e que de forma alguma houve represália ou orientação não didática proferida ao adolescente.

Vale ressaltar que o CBMDF não coaduna com qualquer prática discriminatória por parte de seus militares, e destaca ainda, a importância e relevância das escolas no sistema cívico-militar em funcionamento no Distrito Federal, e que o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal está em completo engajamento nesse processo de inovação no sistema de ensino de Brasília.”

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