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Articulação de Lula pode mexer no tabuleiro das eleições na Bahia e trazer dor de cabeça para o PT

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Articulação de Lula quer puxar partido de importante candidato das eleições na Bahia para sua base  |   Bnews - Divulgação Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação

Publicado em 29/07/2022, às 10h52 - Atualizado às 10h55   Vinícius Dias, com informações da Folhapress


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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) articula a saída de Luciano Bivar (União Brasil) da disputa pelo Palácio do Planalto numa negociação que envolve a disputa à reeleição do deputado em Pernambuco, mas que pode ter impacto direto nas eleições da Bahia.

O jornal Folha de São Paulo publicou que Bivar relatou a aliados uma sinalização de Lula para apoiá-lo na disputa pelo comando da Câmara dos Deputados em 2023, caso vença a eleição, em troca do apoio da União Brasil no primeiro turno.

Para Bivar, importa o apoio de Lula não apenas numa eventual busca pela presidência da Câmara no ano que vem, mas também para que ele seja reeleito deputado.

Aliados do presidente da União Brasil dizem que sem uma articulação na qual o PT e o PSB construam o apoio de prefeitos do estado a Bivar, seria difícil o parlamentar conquistar nova vaga na Câmara.

O parlamentar ficou empolgado com a ideia e conversou com correligionários a respeito. Uma decisão é esperada até sábado (30). O partido de Bivar detém a maior fatia de fundo eleitoral e o maior tempo de propaganda de rádio e televisão.

Para aliados de Lula, conseguir mais espaço na TV traria um impacto importante para a campanha petista e aumentaria as chances de uma definição ainda no primeiro turno.

Ainda assim, mesmo que não consiga o apoio formal da União Brasil, a saída de mais um pré-candidato da disputa pelo Planalto e aproximação com o PT teria relevância do ponto de vista da governabilidade de uma eventual gestão Lula.

Caso seja eleito, Lula tem como objetivo ter um aliado na presidência da Câmara em 2023. O cargo é determinante na definição de pautas de votação.

O atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), é aliado de Bolsonaro. Lira exerce forte influência no governo, sobretudo com o controle de parte das emendas de relator, hoje o principal instrumento de negociação entre o Planalto e o Parlamento.

O foco de Lula é tentar atrair a União Brasil para a base do governo. Há uma expectativa de dirigentes partidários de que a legenda consiga eleger mais de 50 deputados.

O União Brasil também é o partido de ACM Neto, pré-candidato a governador da Bahia. O ex-prefeito de Salvador adota uma postura neutra em relação à eleição presidencial, se distanciando de todos os nomes.

Um apoio do UB a Lula logo em primeiro turno seria um banho de água fria na campanha de Jerônimo Rodrigues (PT), que tenta levar o PT ao quinto mandato consecutivo no Estado. Ex-secretário de educação do governo Rui Costa, Jerônimo aposta em atrelar a imagem de ACM Neto ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e a sua própria a Lula, que já declarou que será Jerônimo o seu candidato no estado.

Do outro lado, ainda há João Roma (PL), candidato abertamente bolsonarista e que costuma dizer que ACM Neto, Jerônimo e Lula são 'farinha do mesmo saco'. Roma seria o nome que mais sairia ganhando caso a Lula consiga efetivar a aliança: dessa maneira, teria o argumento perfeito para associar seus dois adversários.

Jerônimo e ACM Neto entrariam numa saia justa: ele continuaria atacando ACM Neto e o próprio União Brasil diretamente, sendo que o partido entrou em consenso com seu principal cabo eleitoral? E, para ACM Neto, como justificar uma neutralidade nacional com seu partido aliado ao ex-presidente?

No entanto, o fato é que o maior perdedor dessa história é Jerônimo. Por mais que seja contraditório adotar uma neutralidade tendo a aliança, se juntar a Lula pode ser benéfico para ACM Neto dentro do cenário baiano

A última pesquisa Quaest/Genial levantou que Lula tem mais do triplo de intenções de votos na Bahia quando comparado a Bolsonaro. Ter a imagem, ainda que indiretamente, associada a ele, poderia ser uma boa ideia para ACM Neto. E péssimo para Jerônimo, que se coloca como o único nome lulista no Estado.

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