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Aumento no número de viagens de Bolsonaro em 2022 surpreende; entenda o motivo e saiba o quanto cresceu

Foto: Émerson Santos
Bolsonaro tem um motivo principal para fazer mais viagens, mas também aproveita para promover candidaturas  |   Bnews - Divulgação Foto: Émerson Santos

Publicado em 22/05/2022, às 17h28   Marianna Holanda, Matheus Teixeira e Lucas Marchesini / Folhapress


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O presidente Jair Bolsonaro (PL) foi ao município de Jardim de Piranhas (RN) no início do ano para participar de um evento de celebração da chegada das águas da transposição do rio São Francisco ao estado.

Antes da cerimônia, colocou chapéu de couro, roteiro tradicional de candidatos à Presidência da República em visitas ao Nordeste, e participou de uma jeguiata ao lado de ministros e apoiadores.

À época, faltavam oito meses para a disputa pelo Palácio do Planalto. Desde então, o presidente passou a viajar mais e a priorizar agendas de caráter político-eleitoral. Neste ano, ele deixou Brasília mais do que o dobro de vezes em relação ao mesmo período de 2021.

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Os deslocamentos de muitas autoridades foram afetados pela pandemia da Covid-19, que teve seus momentos mais agudos no Brasil em 2020 e no ano passado. Bolsonaro, no entanto, sempre foi um crítico de restrições relacionadas ao vírus, inclusive viagens.

A lei obriga autoridades a divulgarem seus compromissos. O levantamento foi feito com base na agenda oficial do presidente, que às vezes não contabiliza deslocamentos de final de semana e motociatas. O entendimento do Planalto é que esses são compromissos privados.

Além de o número de viagens ter aumentado, os eventos oficiais do governo passaram a adotar cada vez mais tom de campanha eleitoral.

Neles, o presidente é recebido por apoiadores e aliados organizam motociatas ou passeios pela cidade visitada. Muitas vezes, Bolsonaro faz o que chama de parada espontânea, quando interrompe a programação para conversar com populares em alguma localidade.

Nessas paradas, ele costuma entrar em comércios locais e comer pastel ou outras comidas populares — outra cena recorrente de candidatos durante campanha eleitoral.

De todos os dias em que o presidente viajou neste ano, apenas 14,6% não tiveram tom eleitoral. Foram dois sobrevoos em áreas afetadas pelas chuvas, três viagens internacionais e um encontro com o presidente do Peru, Pedro Castillo, em Porto Velho (RO).

Nos demais, ainda que fossem cerimônias para entrega de obra ou lançamento de programas governamentais, como em Jardim de Piranhas, o clima de campanha esteve presente —seja com a plateia entoando saudações ao presidente, seja no discurso do chefe do Executivo.

A maioria dos eventos oficiais é pensada de acordo com a pauta eleitoral. As cerimônias de regularização fundiária, por exemplo, são vistas pela pré-campanha do mandatário como forma de tentar entrar em um eleitorado que tem laços históricos com Lula, primeiro colocado nas pesquisas de intenção de voto.

Outra marca é a tentativa de reforçar a relação com o eleitorado evangélico. Em todas as solenidades, o presidente faz questão de dizer que lidera "um governo de Deus", faz citações bíblicas e menciona seu slogan: "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos".

Nos dias viajados, Bolsonaro participou ainda de encontros de pastores e missas. Em Cuiabá, o chefe do Executivo marcou presença na 45ª Assembleia Geral Ordinária da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil.

De janeiro a meados de maio de 2021, Bolsonaro esteve em viagem em 18 dias. Em 2022, foram 41 dias com deslocamentos para fora da capital.

O número também é superior aos dois primeiros anos do mandato: em 2019, foram 33 dias com viagens e, no ano anterior, 20.

Os eventos oficiais também são usados eventualmente para promover candidatos que farão palanque para Bolsonaro nos estados.

Em 15 de abril, sexta-feira de Páscoa, o chefe do Executivo participou de uma motociata com milhares de pessoas em São Paulo. A Acelera para Cristo reuniu motoqueiros com bandeiras do Brasil e também o pré-candidato a governador de São Paulo, o ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas (Republicanos).

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