Eleições

“O perfil dele não é o ideal para o próximo presidente”, diz ACM Neto sobre Doria

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Questionado sobre o que seria o ideal, ex-prefeito de Salvador descreveu um tipo que tenha experiência política, capacidade de transitar na política e organizar a relação do governo com o congresso  |   Bnews - Divulgação Reprodução/Arquivo

Publicado em 31/10/2021, às 07h00   Eliezer Santos e Marcos Maia


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O ex-prefeito de Salvador, e pré-candidato ao Governo da Bahia, ACM Neto (DEM) explicou, durante café da manhã com a imprensa na última semana, o motivo pelo qual não é entusiasta da candidatura do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), à presidência da República em 2022.

Na avaliação de Neto, o pré-candidato tucano não tem o perfil ideal para ocupar a presidência do Brasil após quatro anos de governo Jair Bolsonaro (sem partido). 

O PSDB definirá seu candidato por meio de prévias que serão realizadas em novembro deste ano. Além de Doria, disputam a vaga de candidato do partido o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e o ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio.

Anteriormente, Neto já havia declarado publicamente sua preferência pelo nome de Leite. O democrata salientou que sempre teve uma relação "muito boa" com Doria, anterior a entrada dele na política, e que a divergência é estritamente política.

“Não vamos deixar de conversar com o PSDB caso Doria seja escolhido [para representar o partido na disputa presidencial]  - longe de ser a minha preferência. [...] O perfil dele não é o ideal para o próximo presidente da República”, opinou.

Neto também disse que caso o governador de São Paulo seja escolhido pelo PSDB como candidato, pensa que o União Brasil - novo partido fruto da fusão entre DEM e PSL - não deve deixar de negociar uma parceria com os tucanos para 2022.

“Agora, acho muito difícil, improvável, uma aliança com Doria para a presidência", salientou.

Questionado sobre o que seria o ideal, Neto descreveu um tipo que tenha experiência política, capacidade de transitar na política e organizar a relação do governo com o congresso. 

“Antes de Bolsonaro, no modelo PT, havia o ‘toma-lá-dá-cá’, o loteamento de cargos, as indicações. Cada partido lá tinha seu ministério e suas estatais. Deu errado. Hoje, existe um modelo que não é esse, mas que tem muitos problemas, que é essa história da execução do orçamento, das tais emendas de relator. É um absurdo o que está acontecendo”, opinou.

As chamadas emendas do relator transformam, na prática, um deputado federal - ou um senador da República - em executor do Orçamento, função exclusiva do Poder Executivo.

Assim, os recursos podem ser liberados para financiar projetos que não seguem regras prudenciais sobre prioridade, justificativa e viabilidade da aplicação dos recursos. A prática institui uma espécie de orçamento paralelo, sem controle - ou transparência - quanto ao uso do dinheiro público. 

Desde junho deste ano, o jornal Estado de São Paulo tem publicado uma série de reportagens mostrando a utilização desses recursos para aquisição superfaturada de tratores - o que ficou conhecido como “Tratoraço”.

Na avaliação de Neto, neste contexto, o “governo não governa”, pois boa parte da execução orçamentária - que deveria estar adequada à projetos para o País - acabam nas mãos do congresso para ser objeto de “acomodação política”. 

“Vai ser preciso, no modelo ideal, ter alguém que possa organizar a política. Que tenha liderança política. E aí eu não tô dizendo que precisa ser alguém da política. Tem que ter capacidade de exercer liderança política. Depois, tem que ser alguém que tenha capacidade de montar uma boa equipe e que tenha o mínimo de noção econômica”, disse.

Ele acrescenta que o País vive uma crise econômica que tende a se agravar no ano que vem. Além das altas contínuas na taxa de juros e dos ainda elevados índices de desemprego, Neto cita a inflação e uma perspectiva de crescimento inferior a 2%. “Existem projeções hoje do mercado até para crescimento zero”, concluiu.

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