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Colunista critica, Luana Piovani responde e colunista volta a atacar

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Beleza da mulher foi o tema da discussão  |   Bnews - Divulgação Divulgação

Publicado em 06/05/2013, às 19h25   Redação Bocão News (Twitter: @bocaonews)


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O colunista Joaquim Ferreira dos Santos, do jornal O Globo, despertou a ira de Luana Piovani, que geralmente não se faz de rogada às críticas. Na segunda-feira (29), o colunista escreveu sobre mulheres fora dos padrões de beleza, citando o poema “Receita de Mulher”, de Vinicius de Moraes. No texto, Joaquim sugeriu a Luana, que apresenta o programa “Superbonita” do canal fechado GNT, levasse o poema à pauta da apresentação. E foi aí, que a loira de rebelou, claro, no Twitter:

“Sugestão declinada. Teremos sim programa para como se livrar deles. Precisamos de audiência e ninguém vai assistir a um pgm que incentive a inércia no duvidoso. Incentivamos a sua melhor versão. Todos temos! Agora, você me diz onde estão esses homens que curtem bunda mole com furinhos, a testa giga, barriguinha e cabelos crespos polvorosos pq no planeta q moro, homem tá mais vaidoso q a gente.”

Após ter lido a negativa da atriz, o colunista voltou a comentar o assunto nesta segunda-feira (06) e pediu licença aos leitores para escrever exclusivamente para a Luana. Em uma longa carta, o colunista ‘descasca’ a atriz global e fala sobre beleza interior. Veja:

Querida Luana,

A versão mais bonita de uma mulher é aquela que aprendemos a admirar e, se me permite a simplicidade de incorporar a linguagem twitter, ter tesão. Vamos colocar a língua para fora e deixar escapulir o Einstein que nos habita. Esse negócio de “bunda mole” é muito relativo. Eu conheci uma moça que poderia ser enquadrada nessa categoria e, no entanto, noves fora a suposta flacidez, era linda. Ela se movimentava como uma dessas garças que o Vinicius fazia pairar sobre as árvores de suas poesias, um pescoço de dois metros, e aquilo era um espetáculo de soberba tão deslumbrante que só agora, Luana, provocado por suas palavras, percebo que talvez ela pudesse estar nessa categoria calipígia que você desdenha como um downgrade. No entanto, tal moça tinha borogodó. A soma do quadrado dos seus catetos dava o quadrado de uma hipotenusa fantástica. Fomos felizes assim. Eu estive ali, pertinho, e longe de qualquer acidez crítica, era-lhe só reverência e vassalagem.
De homem eu entendo, Luana, e não sou bobo de desdenhar da carne dura, da pele macia, da bunda desenhada a compasso e outros clássicos da mulher bonita. Mas nem sempre é possível tamanha poesia numa hora dessas. Tenho certeza que havia dois Vinicius de Moraes. Um sentava à escrivaninha, no tempo da caneta tinteiro, e escrevia sobre a necessidade de que os seios tivessem “uma expressão greco-romana, mas que gótica ou barroca” e pudessem “iluminar o escuro com uma capacidade mínima de cinco velas”. Outro Vinicius andava pelas ruas. Seguia as mulheres com os olhos, súdito servil em lhes encontrar outros tipos de graça. Era capaz de, diante de alguma de seios de expressão divertidamente cubista, pedir o favor de que lhe caíssem nas mãos, róseos, plúmbeos, da cor do azeviche ou do maracujá, e fizessem o favor apenas de apagar a dor, aquietar o espírito e pôr ordem na correria insana de uma vida de resto sem sentido.

Definitivamente, Luana, vida real é outra coisa. Não cabe na pauta do ótimo “Superbonita”. Ninguém precisa ser super em nada. Assim como você, também acredito que todos temos a nossa melhor versão e precisamos incentivá-la, mas o que se vê em geral é a tentativa de obrigar todas as mulheres ao mesmo padrão. Fazê-las correr obrigatoriamente atrás do cabelo chapinhado, das pernas musculosas e dos peitos com a centimetragem de uma bomba que vai daqui até o pé da página, mas apontando para o alto, claro, prestes a estourar nos olhos do freguês. Há quem dê preferência, mas existem homens com desejos mais sutis. Eu, a propósito, sou das antigas, e aproveito o ensejo para cantar Noel, aquele do “há tantas santas no mundo, que vivem fora do templo, santas de olhar tão profundo, você, por exemplo, você, por exemplo”.

Nada contra a mulher bonita. Desde a primeira que eu vi, aquela com dois baldinhos na lata do Leite Moça, eu dedico boa parte do meu tempo a trazê-las para dentro das minhas retinas, jamais fatigadas com tamanho espetáculo. Eu só queria dizer, Luana, que homens têm um padrão mais elástico do que o recomendado na pauta do programa. Podemos, sim, curtir uma “barriguinha, a testa giga” e outras delícias a serem declaradas no próximo programa como esteticamente incorretas. Mulheres são desdobráveis, dizia a linda poeta Adélia Prado, e eu, mundano, já que a nossa pauta é outra, completo — elas são capazes de se redesenharem com um jeito de falar, uma maneira de silenciar ou uma promessa de queima de fogos ao se oferecer. Olhamos as linhas do corpo, mas somos capazes também de ler nas entrelinhas. Temos a força, como quer o desenho animado, mas ainda a espada da fantasia, a poesia da imaginação.

Qual de nós, diante daquele sorriso maliciosamente desengonçado, pediria, antes de se apaixonar, para avaliar, se duro ou com estrias, o bumbum da Diane Keaton?

Classificação Indicativa: Livre

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