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Ali Kamel: Saiba quem é o ex-chefão do jornalismo da TV Globo que mandava até em William Bonner

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Diretor-geral de Jornalismo desde 2016, Ali Kamel começou na Globo em 2001, depois de uma trajetória de 12 anos no jornal O Globo  |   Bnews - Divulgação Renato Velasco/Memória Globo
Juliana Barbosa

por Juliana Barbosa

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Publicado em 01/09/2023, às 11h32


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A Globo anunciou nesta terça-feira (29), que, a partir de 1º de janeiro de 2024, Ricardo Villela será o novo diretor-geral de jornalismo da Globo. Até então diretor-executivo de jornalismo, Villela sucederá Ali Kamel, que passa a ocupar a recém-criada função de coordenador do Conselho Editorial do Grupo Globo, presidido por João Roberto Marinho.

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Ali Kamel é uma figura proeminente no cenário jornalístico brasileiro. Nascido no Rio de Janeiro em 1962, começou sua jornada no jornalismo como estagiário no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com formação em Comunicação Social e Ciências Sociais, sua paixão pelo jornalismo o levou a trabalhar como repórter e redator na Rádio Jornal do Brasil.

O Globo e Ascensão Profissional:

Em 1989, Kamel ingressou no jornal O Globo como chefe de reportagem dos jornais de bairro e, posteriormente, chefe de reportagem da editoria Geral. Em sua notável carreira no jornal, ocupou posições de destaque, incluindo editor-executivo. Durante esse período, ele coordenou a cobertura de eventos cruciais, como o impeachment do presidente Fernando Collor de Mello.

Kamel fez a transição para a televisão em 2001, quando assumiu a função de diretor executivo da Central Globo de Jornalismo. Sua gestão coincidiu com eventos significativos, como os ataques de 11 de setembro de 2001 em Nova York, demonstrando sua capacidade de liderança e gestão em situações críticas. Ficou especialmente marcado pela cobertura da ocupação da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão pelas forças de segurança do Rio de Janeiro em 2010.

Na ocasião, a Globo mobilizou uma grande equipe de jornalistas, incluindo repórteres no local, helicópteros e especialistas em segurança no estúdio. Kamel tomou a decisão de se juntar à equipe, dada a relevância do acontecimento, que simbolizou a libertação da área do domínio dos traficantes e a recuperação da região pela população local.

O fato de a operação ocorrer em uma das favelas do Complexo do Alemão, onde o jornalista Tim Lopes fora assassinado nove anos antes, acrescentou um significado adicional à cobertura. A edição do Jornal Nacional sobre a ocupação ganhou o Prêmio Emmy Internacional de 2011, sendo um dos destaques da carreira de Ali Kamel.

Além disso, Kamel também teve um papel importante na cobertura do incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria (RS), em 2013, quando enviou os apresentadores dos principais telejornais para ancoragens ao vivo. Essa cobertura foi notável e comovente, resultando em indicações ao Emmy em 2014 para o Fantástico e o Jornal Nacional.

A trajetória de Ali Kamel inclui também sua atuação na direção-geral de Jornalismo da Globo, onde ele enfatiza a importância da pluralidade, isenção e busca pela apuração precisa dos fatos no telejornalismo.

Em 2013, Kamel assumiu a direção-geral de Jornalismo da Globo, garantindo a linha editorial dos programas jornalísticos da emissora. Seu trabalho incluiu projetos inovadores, como a Caravana JN e o JN no Ar.

Polêmicas

Hábil com as palavras, Kamel comandou com braço-de-ferro o jornalismo da Globo, cumprindo ordens diretas dos irmãos Marinho sobre as diretrizes seguidas pela emissora.

Após as críticas à programas de Lula, como no livro inteiro dedicado às cotas raciais, Kamel teria orquestrado diretamente com Sergio Moro a campanha de difamação do atual presidente durante o lawfare da Lava Jato, segundo insinuou o advogado Rodrigo Tacla Duran.

Foram centenas de horas de exposição das "investigações" da Lava Jato até a condenação do petista, sempre com elementos gráficos de impacto no Jornal Nacional - quem não lembra dos dutos de dinheiro?

O que é certo é que Kamel chefiou a cobertura dos atos nas ruas que deram força ao golpe contra Dilma Rousseff, com sobrevoos de helicóptero e transmissão ao vivo convidando as pessoas a participarem dos eventos golpistas, mentindo que mais de 1 milhão de pessoas se aglomeravam na Avenida Paulista em março de 2015.

Kamel também postergou por mais de um mês a demissão de William Waack após declarações racistas do então apresentador do Jornal Da Globo.

O diretor da Globo também é o autor de uma nota enviada aos jornalistas da emissora em 2018 após vazamento de um áudio em que Chico Pinheiro, então apresentador do Jornal Hoje e substituto do Jornal Nacional, afirma que "realizam o fetiche, o fetiche deles era Lula na cadeia", após a prisão.

“A Globo é apartidária, independente, isenta e correta. Cada vez que isso acontece, o dano não é apenas de quem se comportou de forma inapropriada nas redes sociais. O dano atinge a Globo”, escreveu no e-mail Kamel.

Além de sua carreira na televisão, Ali Kamel é autor de vários livros, incluindo "Não Somos Racistas," "Sobre o Islã" e "Dicionário Lula," que abordam questões sociais, políticas e culturais do Brasil contemporâneo.

Classificação Indicativa: Livre

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