BBB 24: Matteus foi criado com Bolsa Família pela mãe e avó doméstica, abandonado pelo pai e recebia R$ 300 até o reality

Num país com diversas histórias e muitas desigualdades sociais, pessoas como Matteus Vargas e Davi Brito se cruzam. Se o segundo é um franco favorito a levar o prêmio da edição, o primeiro já aparece como um grande azarão nessa corrida. As informações são do portal EXTRA.

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O gaúcho que colocou Alegrete no mapa é chamado de planta por seus adversários dentro da casa mais vigiada do Brasil e de príncipe aqui fora. Já foi apontado como ‘agroboy’ também. No entanto, Matteus não tem coroa, muito menos um pedaço de terra. Até entrar no BBB 24, vivia com R$ 300 de uma bolsa da universidade federal em que estuda Engenharia Agrônoma. E como em tantas realidades brasileiras, sejam no Norte ou Sul do país, de onde ele saiu, Matteus foi criado por mulheres após o pai abandonar a mãe, grávida, aos 17 anos.

"Eu tive a ajuda da minha mãe para criar o Matteus. Na época em que o pai dele me deixou para ficar com outra, eu estava de quatro pra cinco meses de gestação. Lembro que eu nem saía de casa de tanta vergonha, imagina, uma cidade pequena como Alegrete. Eu só queria me esconder", recorda Luciane Amaral, de 45 anos, mãe do brother: "Quando conheci meu ex, meu pai tinha morrido há três meses. Então, era só com a mãe que eu contava".

A avó de Mateus, Dona Neuza França, de 91 anos, a quem o brother venera, botava a comida na mesa e as fraldas no neto. "Minha mãe foi empregada doméstica durante anos, também lavava roupa pra fora na beira do Rio, levava as trouxas e uma bacia na cabeça", conta Luciane.

Quando Matteus completou 4 meses, Luciane decidiu tentar a vida em Porto Alegre, já que a capital poderia oferecer mais oportunidades de emprego. Deixou Matteus com avó e seguiu na esperança de dar um futuro melhor que o dela para o filho. "O problema foi que não aguentei ficar longe dele. Além do mais, as coisas estavam difíceis por lá, então voltei".

Luciane criou Matteus um bom tempo com o auxílio do Bolsa Família. Depois, conseguiu emprego como promotora de vendas num supermercado de Alegrete. Mas, por diversas vezes, mesmo juntando o que ganhava, mais os bicos da mãe e uma pensão de um salário mínimo que o pai dela deixou para Dona Neuza, mal dava para as despesas da casa.

"Não vou ter vergonha de falar, muitas vezes passamos por necessidade e comemos na casa dos outros porque na nossa não tinha", revela, chorando emocionada, ao lembrar dos tempos de sacrifício.

Matteus cresceu longe do pai, Giovane Vargas, de 50 anos. Ele conheceu o filho quando nasceu, registrou, mas segundo Luciane, ela teve que pedir os direitos de Matteus na Justiça: "Na época consegui R$ 100 por mês dele, que mal pagava as fraldas". O pai conta a sua versão. Segundo ele, o namoro acabou porque ele precisava sair de Alegrete e arrumar emprego: "Aqui não tinha nada, eu tinha 22 anos, um filho que a nascer. Como faria pra dar o sustento dele?", justifica.

Fato é que o brother teve como referência o padrasto, Luciano, com quem a mãe está casada há 24 anos, e a avó. Foi por ela que ele se inscreveu outras duas vezes no Big Brother até ser escolhido para esta edição. Foi por ela também que topou, quase que obrigado, participar de concursos de beleza que a mãe cismava em inscrevê-lo.

"Ele não queria nem a pau. Morria de vergonha, Matteus sempre foi tímido, muito na dele. Não tinha essa coisa de aparecer. Daí eu coloquei ele pra concorrer. Devia ter uns 16 anos. Mas, coitado, perdeu. Perdeu, assim, uns três concursos, Era muito magrinho, tadinho. Até que deu certo e ele deslanchou", observa Luciane, orgulhosa da beleza do rapaz.

Giovane concorda com Luciane quando se fala no quesito beleza do filho. Não por acaso, Matteus por pouco não se torna Mister Brasil. Foi vice. Mas o pai relembra que as passarelas não eram o objetivo do futuro engenheiro. Ele queria mesmo era ser jogador de futebol.

"Era a única hora em que via o Matteus com sangue nos olhos. Porque judiavam dele em campo, uns meninos entravam para machucar mesmo. E ele levantava e seguia firme. Acho que só desistiu do futebol mesmo porque não tinha meios de ir para uma cidade grande, treinar e investir na carreira", diz o pai.

Tanto ele como a mãe apontam uma característica predominante em Matteus: a resiliência. Mesmo com o abandono paterno, ele tem um bom convívio com Giovane, principalmente depois que nasceu sua irmã caçula, lorena, de 6 anos, por quem é apaixonado, e com a madrasta, e não se revoltou na adolescência ao ter que trabalhar na roça para ajudar em casa enquanto os amigos se divertiam e traçavam um futuro promissor.

"Matteus tem um coração puro demais. Quando dizem que ele está fingindo ser outra pessoa na casa, me revolta. Porque sei quem ele é. Não é porque ele é meu filho, mas ele é um homem de verdade, difícil de achar po aí".

Deve ser por isso que Deniziane foi fisgada lá dentro, agora Cunhã, e aqui fora, milhares. Matteus ainda é romântico, do tipo que ainda manda flores.

"Ele foi pegador, viu. Já até perdi as contas de quantas meninas ele já ficou. Mas namorar mesmo, sério, só duas vezes. De uma, ele ficou noivo. Mas não deu certo porque ele quer se formar antes de casar, ter as coisinhas dele, e realizar o sonho que sempre teve", aponta Luciane.

"Ele foi focado em ganhar o prêmio para dar à avó um sitiozinho que ela sempre quis, para criar galinhas e uma vaca. Ele disse que não pode ver minha mãe deixar essa vida sem realizar um desejo dela. E sei que ele vai conseguir. Quando ele saiu pela porta de casa, me disse: 'A nossa vida vai mudar a partir de hoje, mas eu vou ser sempre seu filho e neto da vó". E Luciane chora mais uma vez pelo príncipe que criou no meio do pântano que foi a vida apresentada a ela: "Ver o homem que ele se tornou, depois de tudo o que passamos, é o maior prêmio".