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Grande variação nos cachês de artistas em shows no São João chama atenção do Ministério Público

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O órgão chama atenção para variação nos cachês de um mesmo artista para apresentação em cidades diferentes  |   Bnews - Divulgação Reprodução / Instagram
Tiago Di Araújo

por Tiago Di Araújo

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Publicado em 15/06/2023, às 12h36 - Atualizado às 14h36


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Com a proximidade do São João, um dos assuntos que ganham grande repercussão, além das programações juninas das cidades baianas, são os cachês cobrados pelos artistas no período. Na cidade de Ipirá, por exemplo, o valor de R$ 300 mil cobrado por Murilo Huff, gerou indignação de parte da população da cidade.

Mas, um dos fatores que tem chamado atenção do Ministério Público da Bahia (MP-BA) é a variação dos valores de uma mesma atração em cidades diferentes. Nesta quarta-feira (14), o órgão lançou um painel que apresenta investimentos municipais com festas juninas.

O lançamento da ferramenta contou com a presença de promotores de Justiça, chefes e representantes dos Tribunais de Contas do Estado (TCE) e dos Municípios (TCM), dos Ministérios Públicos de Contas junto ao TCE e TCM, União dos Municípios da Bahia (UPB), União das Controladorias Internas do Estado da Bahia (Ucib), além de prefeitos e secretários de diversos municípios.

Em dados acessados pela reportagem do BNews, é possível ver variações de cachês para shows de artistas conhecidos, como é o caso de Thiago Aquino, Jonas Esticado, Forró do Tico, entre outros. "Essas distorções pontuais devem ser analisadas com bastante cautela, pois podem ser justificadas pelos gestores", frisa a promotora Rita Tourinho, em contato com a reportagem do BNews.

Duas das variações mais chamativas, identificadas pela reportagem, são em shows do cantor Jonas Esticado e do Forró do Tico. O sertanejo, por exemplo, foi contratado por R$ 90 mil para se apresentar no dia 25, no município de Araci. Já no dia seguinte, o valor do cachê para show na cidade de Presidente Jânio Quadros é de R$ 200 mil.

O mesmo acontece com o artista baiano, mas ganhando mais em Araci. Para se apresentar no mesmo dia que Jonas tocará por R$ 90 mil, o Forró do Tico foi contratado por R$ 220 mil. Já em Valença e Mata de São João, nos dias 23 e 24 respectivamente, o valor cobrado é de R$ 90 mil.

Após a publicação da matéria, a assessoria de Forró do Tico entrou em contato com o BNews para esclarecer que a banda segue um padrão de ética na cobrança do valor - sem variação - e na contratação de suas apresentações. De acordo com a assessoria, houve um "equívoco ocorrido no site do MP, em conteúdo de acesso público, onde os valores dos artistas Forró do Tico e Jonas Esticado foram invertidos, causando assim, desconfortos e questionamentos".

A assessoria ainda encaminhou o contrato da banda com a prefeitura que confirma o valor do cachê de R$ 90 mil e o email enviado pela prefeitura ao Ministério Público da Bahia em que confirma que os dados foram invertidos.

No caso de Thiago Aquino, a variação foi menor. Enquanto cobra em torno de R$ 200 mil e R$ 250 mil nas cidades de Jucuruçu, Itagibá, Ipiaú e Ibirapitanga, o cachê sobe para R$ 350 mil para um show no dia 23, no município de Coração de Maria.

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"A maioria tende a obedecer um padrão de mercado, mas às vezes encontramos aqui ou acolá alguns desvios desse padrão [...] muitos fatores mercadológicos que podem interferir nos valores (ou mesmo decorrer de um possível erro humano na inserção dos dados nas planilhas ou na sua recepção e tratamento) [...] tomamos essas primeiras constatações como alertas, um ponto de partida que precisa ser melhor investigado, e não como conclusões de sobrepreço", explica Rita Tourinho.

Por outro lado, diversos artistas mantêm um padrão nos valores cobrados para apresentação independente das cidades. Nadson O Ferinha, um dos mais presentes nas grades de atrações do municípios, tem variação entre R$ 90 mil e R$ 150 mil. Nomes como Wesley Safadão, João Gomes, Tarcísio do Acordeon, Murilo Huff, Adelmário Coelho, Calcinha Preta e outros praticamente naõ apresentam diferenciação ns valores.

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  • O que diz o Ministério Público da Bahia (MP-BA)?

"Esse controle preventivo pode vir do Ministério Público, que já pode lançar o questionamento, mas pode ser dos próprios muunicípios através das suas próprias controladorias", esclarece ao antecipar que as informações deverão ser detalhadas a partir do ano que vem.

"No próximo ano, quando tiver um contrato de contratação de artista, vai ter que vim tudo estabelecido, valor do artista, valor da bandam se tem hospedagem, tem que ser descrito. Hoje em dia não sabe se o valor está pagando só o artista ou se está pagando também banda, hospedagem, alimentação. No próximo ano tudo isso vai ter que estar nos contratos".

Apesar da funcionalidade para maior transparência, o painel conta com informações de menos de 200 municípios baianos, dentre os 417 do estado. "Esse painel só não está melhor porque não recebemos os dados da Sufotur, que realiza muita contratação direta. Nós pedimos, insistimos e realmente não encaminharam. Não foi encaminhada ao Ministério Público nenhuma informação com relação às contratações".

Por fim, a promotora explica as ações que podem ser tomadas em caso de falta de esclarecimento sobre a variação de cachês. "Caso não tenha nenhuma justificativa, o Ministéiro Público e o Tribunal de Contas podem atuar, até se for o caso, buscar um ressarcimento de danos, para que haja devolução de valores pagos a mais".

A reportagem procurou a Sufotur para buscar esclarecimento sobre o não fornecimento dos dados, conforme relatado pela promotora Rita Tourinho, mas não tivemos retorno até a publicação desta matéria.

Classificação Indicativa: Livre

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