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Reportagem do Fantástico faz Globo ser processada em R$ 1 milhão; saiba o motivo

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Reportagem do Fantástico usa termo preconceituoso, segundo o Ibrat  |   Bnews - Divulgação Reprodução/Tv Globo
Milena Ribeiro

por Milena Ribeiro

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Publicado em 17/07/2023, às 11h11 - Atualizado às 11h22


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A Globo foi processada pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo por, supostamente, ter vinculado uma reportagem de cunho transfóbico em fevereiro de 2019, no programa Fantástico. De acordo com a instituição, o programa usou um termo preconceituoso ao se referir a Lourival Bezerra, um homem transexual morto em 2018, que viveu mais de 50 anos com documetos falsos.

Na intimação, que o Notícias da TV teve acesso, o Instituto Brasileiro de Transmasculinidades (Ibrat) afirmou que a emissora desrespeitou Lourival ao anunciá-lo como "uma mulher que se passava por homem". A Globo tenta uma conciliação para se livrar de pagar uma indenização de R$ 1 milhão.

Na ocasião, Poliana Abritta, que apresentava o Fantástico com Tadeu Schmidt, ao narrar o caso, disse: "Você vai conhecer hoje o segredo de Lourival. Mulher se passa por homem durante 50 anos. Nem a família sabia".

Essa edição do Fantástico de 3 de fevereiro de 2019 ainda está disponível na Globoplay, contudo a reportagem sobre Lourival foi deletada. Ao telespectador, a plataforma avisou: "Esta versão foi modificada em sua versão web". A mudança não foi especificada.

O Jornal Anhanguera 1ª Edição, da TV Anhanguera - afiliada da Globo em Goiás e Tocantins - reprisou toda a reportagem um dia depois do Fantástico e a apresentadora do JA, Lilian Lynch, repetiu o mesmo termo apontado pelo Ibrat como transfóbico.

"Um segredo íntimo, guardado por muitos anos, traz problemas agora para uma mulher que passou a vida inteira vivendo como homem disse a âncora.

A Globo não comenta casos sob judice.

Quem foi Lourival Bezerra?

Lourival Bezerra de Sá morreu aos 78 anos, em 2018, após um infarto fulminante. Quando os socorristas tiraram o corpo do idoso perceberam que ele era de um gênero diferente daquele com o qual se identificada. Após investigação, foi descoberto que todos os documentos dele eram falsos.

A polícia descobriu que Lourival, na verdade, foi registrado como Enedina Maria de Jesus, contudo, nem Enedina tinha documentos verdadeiros. Lourival constituiu família e morava com outra mulher e chegou a adotar filhos, contudo ele e a companheira nunca tiveram relações sexuais. A família não sabia que Lourival tinha nascido com gênero feminino.

As investigações do caso de Lourival ainda não foram encerradas e a polícia apura se a situação era, de fato, de uma pessoa que se identificava com outro gênero ou se ele mentiu sobre o nome para esconder algum crime.

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