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Dia Nacional da Visibilidade Lésbica: ''hoje temos liberdade de estarmos em lugares héteros, mas estamos desprotegidas'', disse dona de bar LGBT; assista

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No dia 29 de agosto, que marca o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, o BNews trouxe a perspectiva de preconceito de Rosy Silva   |   Bnews - Divulgação Reprodução/ Youtube

Publicado em 29/08/2019, às 14h35   Yasmim Barreto



‘’Hoje nós temos liberdade de estarmos em lugares héteros, mas estamos desprotegidas. A gente desafia estar em ambientes que não sejam LGBTs, preferimos lugares onde tenha ocupação de pessoas héteros, para mostrar que a gente existe, mas é um desafio, porque estamos expostas a um terror de falas, de agressão’’. 

No dia 29 de agosto, que marca o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, o BNews trouxe a perspectiva de preconceito, que ficou mais latente com o passar dos anos, segundo a ativista lésbica, Rosy Silva, 51 anos, proprietária do bar Caras e Bocas, localizado na Carlos Gomes.

A piauiense, que assumiu sua sexualidade aos 19 anos quando veio morar em Salvador, contou que os primeiros sinais de preconceito vieram através de um amigo, que teria impulsionado uma relação entre Rosy e a esposa dele.

‘’Foi uma situação bem traumatizante, porque um amigo me apresentou a esposa dele como amiga, porque ela tinha vontade de ter relação sexual com mulher, eu não sabia de nada, aí foi nessa situação que eu tive minha primeira relação com mulher, contato físico’’. 

A bolha que trazia segurança – Apesar da situação marcante, a empresária ressaltou que nessa época, década de 80, se sentia mais segura em relação aos tempos atuais, porque, segundo ela, o público LGBTQIA+ se limitava a frequentar espaços específicos: não-heteronormativos.  

‘’As coisas eram muito fechadas, tinham os lugares para você frequentar, não era que nem hoje que você frequenta todos os lugares. Tinha que ir para a Carlos gomes, o Beco dos Artistas, nós concentrávamos nesses lugares’’. 

Ocupar ambientes, que não sejam voltados apenas para a população LGBTQIA+, remete a insegurança. Contudo, reitera: ‘’temos direito de ir e vir, de ocupar os espaços, não ficar só em lugares fechados com a bandeira arqueada. Somos livres, pagadores de impostos, os mesmos direitos que o hétero tem, nós temos, frequentar o ambiente que quisermos’’. 

Ataque no Caras e Bocas – O bar, administrado por Rosy e sua esposa, Alesxandra Leitte, que abriu em janeiro de 2018, foi recepcionado com diversos ataques no ano de inauguração. 

‘’O que me marcou de verdade foram os ataques aqui no Caras e Bocas... no dia da inauguração fomos recepcionadas com 8 sacos de pedra na cabeça’’.

O relacionamento – Casadas há sete anos, Rosy Silva e Alexsandra Leitte afirmaram que se sentem inseguras em demonstrar afeto em locais públicos.  ‘’Às vezes eu evito por causa de violência, fico muito preocupada. É como eu disse, eu tenho um trauma muito forte do momento de dor, terror dos ataques’’. 

Ao BNews, Rosy Silva alertou a população LGBTQIA+ sobre a importância de continuar enfrentando o preconceito, mas com cautela. 

‘’O mundo está muito cruel, a gente não pode enfrentar esse monstro chamado preconceito de peito aberto, porque infelizmente estamos numa situação muito ruim. É perigoso, porque hoje as pessoas preconceituosas têm um apoio, nós estamos lutando, mas infelizmente a lei não vai nos abraçar, então é empurrar com a barriga, porque quem perde a vida é a gente, muitas vezes o desafiador se torna muito caro’’. 

Classificação Indicativa: Livre

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