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Balanço aponta déficit recorde de R$ 59 milhões no Vitória em 2017; entenda

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Clube apresenta o balanço contábil nesta segunda-feira (30)  |   Bnews - Divulgação Reprodução

Publicado em 30/04/2018, às 11h10   Redação Galáticos Online


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Nesta segunda-feira (30) o Vitória apresentará seu balanço contábil de 2017. De acordo com o documento, são R$ 59 milhões de déficit acumulado no ano passado, durante as gestões de Ivã de Almeida e, posteriormente, de Agenor Gordilho. Vale lembrar que hoje é o prazo legal para publicação da auditoria, porém, o resultado final já estava com o conselho do clube há algum tempo.

No relatório do escritório de auditoria responsável pelo balanço, há explicações para o déficit recorde. Trata-se da apropriação, pela primeira vez, de dívidas e despesas que em balanços de gestões anteriores não eram devidamente registrados pelo clube.

Dos R$ 59 milhões, mais de R$ 52 milhões vieram da apropriação desses passivos ocultos. É correto dizer, que, caso não fosse isso, o exercício de 2017 terminaria ainda assim com um déficit, mas de aproximadamente R$ 7 milhões. Boa parte dele devido ao gasto excessivo com o futebol profissional.

Segundo informações do Correio da Bahia, o Vitória gastou em 2017, apenas com a folha do futebol profissional, mais de R$ 46 milhões. Para ter uma ideia, em 2016, quando terminou com o mesmo resultado em campo – campeão baiano e 16º lugar na Série A – este gasto com a folha foi de menos da metade: R$ 22 milhões. 

Mas, apesar do balanço apresentar um déficit extraordinário, o clube não está 'quebrado'. Pelo menos é o que indica o relatório. Isso porque, os passivos reconhecidos a partir de agora não exigem pagamento sequer a médio prazo, e não devem interferir no orçamento do Vitória dos próximos anos.

O reconhecimento dos passivos que antes sequer constavam nos balanços faz parte da adequação do Vitória às normas da Apfut (Autoridade Pública do Futebol), que monitora o Profut, o programa de renegociação das dívidas dos clubes com a União. Entenda sobre o assunto: 

Passivos ocultos

Segundo o relatório, quatro passivos foram apropriados pela primeira vez. O mais significativo deles diz respeito ao reconhecimento de uma dívida histórica do Vitória com a Prefeitura de Salvador em relação ao IPTU, no valor de R$ 19.098.307.

Em novembro de 2017, Agenor Gordilho assinou um termo reconhecendo o débito, que seria pago em 60 parcelas mensais. Isso fez com que o item 'parcelamentos fiscais' do balanço saltasse de R$ 24 milhões em 2016 para R$ 40 milhões em 2017.

Sendo assim, o Leão realizou, no final do ano passado, um levantamento dos processos cíveis e trabalhistas que correm contra o clube na Justiça. Com isso, foi possível estimar ações em que provavelmente sairá derrotado e as indenizações que terá que pagar, de R$ 19.353.911. Em 2016, não havia nada no balanço referente a isso. O clube também estima perder mais de R$ 19 milhões com processos cíveis e trabalhistas que correm contra o clube na Justiça.

O Rubro-Negro também contabilizou valores gastos na aquisição de jogadores e na formação destes na sua base como 'ativos intangíveis'. Assim são chamados os ativos com retorno inesperado, já que o clube só terá um retorno deste investimento se os atletas forem de fato vendidos.

Até lá, a despesa com eles precisa ser 'amortizada', ou seja, distribuída ao longo do tempo que eles permanecerem no clube. Em 2017, o valor gasto foi de R$ 12.941.752, incluindo a manutenção da base e a aquisição de atletas. Em 2016, isso sequer aparecia no balanço.

Para finalizar, o Vitória registrou as parcelas do Profut que paga em nome da empresa Vitória S/A. Em 2017, a despesa foi de R$ 1.225.261. Antes, esses pagamentos apareciam no balanço como 'mútuo', um empréstimo do controlador à sua empresa, esperando retorno. Mas, vale destacar, que o clube não reconheceu a dívida total da Vitória S/A como sua, o que aumentaria o déficit consideravelmente.

O clube está quebrando? 

Agora, os passivos estão parcelados a longo prazo, como a dívida do IPTU, em 60 meses. Já as indenizações não têm pagamento garantido, já que precisam de decisões na Justiça para que ocorram. Por fim, as despesas com atletas podem trazer, na realidade, retorno financeiro ao clube, desde que estes sejam negociados.

No entanto, o Vitória está em condição confortável. O próprio balanço aponta uma baixa milionária no caixa do clube. Em 2016, o rubro-negro fechou o ano com mais de R$ 23 milhões guardados. Em dezembro de 2017, esse valor era de pouco mais de R$ 1 milhão.

O balanço aponta uma baixa milionária no caixa do clube. Em 2016, o rubro-negro fechou o ano com mais de R$ 23 milhões guardados. No final de 2017, esse valor era de R$ 1 milhão.

Gastos com futebol

Ainda de acordo com o relatório, o Leão gastou mais de R$ 87 milhões apenas com o futebol profissional em 2017. A maior parte deste valor foi com a folha salarial do elenco: R$ 46 milhões. Em 2016, o clube gastou R$ 50 milhões com todo o futebol, sendo pouco mais de R$ 22 milhões com a folha salarial.

O Vitória em 2017 também passou muito longe do que estava previsto no orçamento, aprovado em dezembro do ano anterior. Segundo o que foi orçado, o custo total do futebol deveria ser de R$ 49 milhões, com uma folha salarial do elenco na casa dos R$ 34 milhões.

O Vitória gastou em 2017 mais de R$ 87 milhões apenas com o futebol profissional. Um aumento considerável em relação a 2016, quando o Leão gastou R$ 50 milhões.

Por outro lado, o aumento das despesas só foi possível por conta de um crescimento considerável das receitas do rubro-negro. Impulsionado pela venda de atletas como Marinho e Marcelo, que renderam aos cofres quase R$ 18 milhões, o Leão arrecadou mais de R$ 84 milhões em 2017.

Sendo assim, apesar da receita recorde, houve um déficit, considerando apenas o futebol profissional, na casa dos R$ 2,5 milhões. Somando as outras áreas do clube – base, administrativo, patrimônio – o Vitória teve o déficit de R$ 7 milhões citado no início desta matéria.

Cotas de televisão

Para finalizar, o relatório traz dados referentes aos contratos de televisão, principal receita do clube, que podem interessar ao seu torcedor. Em novembro de 2015, na gestão Raimundo Viana, o Vitória fechou um contrato com a TV Globo de cessão dos direitos de transmissão dos seus jogos para as temporadas 2019 e 2020.

O Vitória obteve em 2015 um adiantamento de R$ 18 milhões da TV Globo, que será quitado a partir de 2019 em quatro parcelas de R$ 4,5 milhões.

Com isso, obteve naquela temporada, quando disputava a Série B, um adiantamento de R$ 18 milhões de uma só vez. Esse adiantamento será quitado em quatro parcelas anuais de R$ 4,5 milhões, a primeira delas no ano que vem, e serão repetidas nas temporadas 2020, 2021 e 2022.

Ainda de acordo com o Correio, pouco depois, em maio de 2016, o Vitória, ainda na gestão de Raimundo Viana, renegociou com a TV Globo e ampliou a cessão daqueles direitos em mais quatro anos, até 2024. Em troca, recebeu como premiação em luvas o valor de R$ 40 milhões, em uma única parcela. Como é possível ver no balanço, esse valor não consta mais no caixa do rubro-negro.

RESUMO:

Passivos apropriados
Dívida do IPTU: R$ 19.098.307
Indenizações prováveis: R$ 19.353.911
Aquisição de atletas e base: R$ 12.941.752
Dívida do Vitória S/A: R$ 1.225.261

Caixa do clube
Caixa do clube em 2016: R$ 23.053.002
Caixa do clube em 2017: R$ 1.084.126

Futebol em 2017
Receita do futebol: R$ 82.484.587
Folha salarial do elenco: R$ 46.163.852
Total dos gastos com o futebol: R$ 87.013.615
Déficit do futebol: R$ 2.529.028

Futebol em 2016
Receita do futebol: R$ 104.647.790
Folha salarial do elenco: R$ 22.059.379
Total dos gastos com o futebol: R$ 50.841.148
Superávit do futebol: R$ 53.806.642

*As informações são do site Correio*

Classificação Indicativa: Livre

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