Esporte

Aos 17 anos, Endrick escreve carta aberta para irmão e relembra dificuldades antes de se tornar profissional: 'Muitas lágrimas'

Rafael Ribeiro/CBF
Endrick relatou momentos complicados vividos por ele e seus pais antes da negociação com o Real Madrid  |   Bnews - Divulgação Rafael Ribeiro/CBF

Publicado em 25/03/2024, às 21h22   Cadastrado por Victória Valentina


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Autor do único gol do Brasil contra a Inglaterra no amistoso do último sábado (23), o jogador do Palmeiras, Endrick, de apenas 17 anos, já passou por muitas dificuldades antes de alcançar o nível profissional no futebol. Com ida garantida para o Real Madrid, o adolescente compartilhou uma carta aberta ao irmão, de 4 anos, no “The Players Tribune”, detalhando sua infância difícil ao lado dos pais.

"Na nossa família, não nascemos em berço de ouro. Nascemos no berço do futebol. A gente sempre vivia no limite. O Pai conta que eu sentei no sofá e disse a ele: 'Não se preocupe. Com o futebol, vou dar uma vida melhor pra gente’. Antes daquele dia, eu era só uma criança e o futebol, apenas um jogo. Depois daquele dia, o futebol se transformou no caminho para uma vida melhor. Algumas semanas depois, fui pra São Paulo para treinar na Academia do Palmeiras e anotei meu primeiro objetivo: 'Melhorar a situação da nossa família'. Colocar objetivos é algo importante da minha vida. É a minha maneira de conversar com Deus. Quando fui para o Palmeiras, sabia que faria pelo menos 2 a 3 refeições por dia na escola e no treinamento", pontuou.

Endrick revelou que o pai dele chegou a dormir embaixo da bilheteria do estádio do Palmeiras e relatou que o futebol era um sonho de toda a família. "Você acha que quando papai estava dormindo embaixo da bilheteria do estádio do Palmeiras, ele teria sonhado que seu filho jogaria lá um dia? Quando eu tinha 15 anos e me tornei profissional no Palmeiras, posso dizer honestamente que alcancei tudo que eu sempre quis na minha vida, graças a Deus. Consegui comprar uma casa pra mamãe e tirar nossas duas avós de Chaparral, que era perigoso. Depois daquela conversa que tive com o Pai no sofá, eu sabia que agora tinha alcançado meu primeiro objetivo: ajudar minha família a ter uma vida melhor", seguiu.

Ao longo do texto, a jovem promessa do futebol brasileiro deixa claro que reconhece o apoio e a luta incessante dos pais para que ele conseguisse seguir sua trajetória no futebol. "Na verdade, nem mesmo eu conhecia essas histórias até bem pouco tempo atrás, porque a Mãe (Cintia) sempre escondia sua dor para proteger meu sonho. Eu nunca vi a Mãe chorar. Ela costumava entrar no banheiro para eu não perceber. Mas a Mãe telefonava para o Pai muitas vezes, dizendo que não aguentava mais, que queria voltar para casa, só que aí eu voltava dos treinos contando histórias sobre o que aconteceu naquele dia, e os gols que marcamos... E ela via meus olhos brilhando", completou.

O atacante do Palmeiras também enalteceu o sacrifício feito pelo pai, Douglas, que largou tudo para trabalhar no Palmeiras. "Eles só tinham uma vaga. O Pai começou a trabalhar na equipe de limpeza, dentro do estádio. Ele sempre sonhou em estar em um ambiente de vestiário quando era menino, então, ele ia trabalhar com um sorriso no rosto. Ele ficou lá por três anos, primeiro catando lixo no estádio e depois sendo promovido para limpar o vestiário do time titular. Ele dizia para os jogadores que um dia seu filho jogaria com eles".

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