Esporte

Jornalista denuncia misoginia de torcedores do Vitória dentro do Barradão: "o seu lugar não é aqui"

Enaldo Pinto/ BNews
"Hoje eu ouvi que ‘o seu lugar não é aqui’; ‘Só tá na TV ‘sardinha’ (TV Bahia) porque tem alguém de comendo’, denunciou a jornalista  |   Bnews - Divulgação Enaldo Pinto/ BNews
Letícia Rastelly

por Letícia Rastelly

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Publicado em 01/04/2024, às 18h52


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O ano é 2024 e as mulheres ainda passam por situações de misoginia diariamente, mas, quando o assunto é futebol, isso é ainda pior. A prova disso pôde ser sentida na pele pela jornalista Samara Figueiredo, da TV Bahia, que, como já faz há alguns anos, estava trabalhando na partida de ida da final do Campeonato Baiano, entre Bahia e Vitória, neste domingo (31), no Barradão.

A profissional, que tentou apaziguar uma situação onde torcedores rubro-negros atacavam o setorista do Bahia, Antônio Neto, acabou sendo xingada e insultada com adjetivos e insinuações machistas. “Hoje eu ouvi que ‘o seu lugar não é aqui’; ‘Só tá na TV ‘sardinha’ (TV Bahia) porque tem alguém te comendo’, ‘pu**’, ‘vaga*****’ e afins”, relatou a jornalista em sua rede social.

Ainda em sua postagem, Samara contou como se sentiu com as ofensas: “Doeu e tá doendo muito (...) só eu sei o quanto ralei, dei e dou tudo de mim para ter o meu lugar na maior emissora do estado”. Ela também respondeu as insinuações: “Não fui ‘comida’ por ninguém para chegar onde cheguei. Foi o meu trabalho e a minha competência”.

“Tô muito irritada, chateada e desacreditada com a ‘resposta’ dos que poderiam fazer algo. Só é extremamente lamentável viver num mundo tão machista e num mundo onde as pessoas inventam asneiras para fazer com que umas se voltem contra as outras. Viver num mundo onde homens atacam, xingam e menosprezam mulheres”, desabafou Samara.

Fontes do BNews revelaram que a jornalista chegou a ir à sala de imprensa, na tentativa de falar com o presidente do Vitória, Fábio Mota, mas os assessores do clube informaram que ele já não estava no local.

Na sua publicação, Samara também fez críticas e agradecimentos por apoios recebidos no estádio: “Vitória e a Federação Bahiana precisam e MUITO rever certas coisas no estádio. Agradeço imensamente a Polícia Militar, pela ajuda e escolta, e agradeço aos colegas do Canto Rubro-Negro que interviram no momento do caos”, finalizou a jornalista.

Sobre o caso, a Federação disse que "o Regulamento Geral de Competições diz que o clube mandante é responsável por determinar o local de trabalho da imprensa. Nesse caso o Vitória é o responsável. Sobre o ocorrido neste local, a FBF não irá se pronunciar".

A nossa reportagem também buscou uma resposta da Assessoria de Comunicação do rubro-negro baiano, que apenas disse estar “apurando [a situação] para se pronunciar depois”. O espaço permanece aberto ao clube.

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