Esporte
Diferentemente do que muitos pensam, o futebol é um reflexo da nossa sociedade. Dentro dos estádios, ou das arenas, frequentam todo e qualquer tipo de ser humano. E assim como fora das quatro linhas, acontecem diversos episódios envolvendo racismo.
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Um dos exemplos mais conhecidos são os casos que envolvem agressões racistas contra o atacante do Real Madrid, Vinícius Júnior, no futebol espanhol. A nível sul-americano, vários jogos da Copa Libertadores da América foram manchados com denúncias de racismo contra brasileiros.
No futebol baiano, jogadores da dupla Ba-Vi também são alvos do racismo no futebol. O episódio mais recente foi envolvendo o atacante do Vitória, Welder, que foi chamado de "macaco imundo" e "maldito", nas redes sociais. Em janeiro deste ano, ex-atleta do Bahia, Kayky, também sofreu injúria racial nas redes, sendo comparado a um macaco.
Para alguns “torcedores”, o estádio é um local onde tudo pode ser liberado, incluindo assédio, homofobia e racismo. Contudo, as quatro linhas também formam um espaço de convivência, e não é um mundo paralelo ou alternativo ao mundo real. Então, como combater o racismo no futebol?
Para responder à pergunta e debater esse importante tema em pleno Novembro Negro, o BNews conversou com Marcelo Carvalho. Ele é Diretor Executivo do Observatório Racial no Futebol, que desde 2014 monitora os casos de racismo no futebol brasileiro e mundial.
Ao BNews, Marcelo Carvalho ressaltou que para combater o racismo no futebol é necessário um trabalho conjunto, feito por diversas frentes da sociedade. Inclusive, um dos objetivos do Observatório é divulgar ações informativas e educativas que visem erradicar a intolerância racial no esporte.
O combate ao racismo no futebol passa pelo trabalho coletivo de diversas instituições: quem comanda o futebol, Justiça Desportiva, clubes, Polícia e Justiça. Mas, é importante entendermos que o combate ao racismo vai além de pensarmos punições, é necessário ações e campanha de conscientização e educação”, explica.
No futebol baiano, o Observatório já realizou ações afirmativas para o combate ao racismo com a dupla Ba-Vi. Em 2019, o então técnico do Bahia, Roger Machado, utilizou a camisa do projeto no jogo contra o Fluminense, treinado na época por Marcão. Na ocasião, o duelo marcou o encontro dos dois únicos técnicos negros do Brasileirão Série A.
Nosso muito obrigado a tod@s que sempre acreditaram em nosso trabalho e de alguma forma nos fizeram seguir em frente. Começamos por denunciar e monitorar os atos racistas, mas queremos ir além e falar do racismo estrutural e promover ações de conscientização#ChegadePreconceitopic.twitter.com/l53ECf204f
— Observatório Racismo (@ObRacialFutebol) October 12, 2019
Com o Vitória, patrocinado pela marca de material esportivo Volt, o Observatório lançou recentemente as novas camisas em alusão ao Novembro Negro. Os mantos para o mês da Consciência Negra estão à venda nas lojas oficiais do Rubro-Negro baiano.
Para o Diretor Executivo do Observatório, o trabalho que vem sendo desenvolvido há quase 10 anos tem surtido efeito. Antes, o tema sobre combate ao racismo não era amplamente discutido nos clubes, principalmente no Brasil. Atualmente, os times estão mais engajados no assunto.
Houve muita evolução, afinal, lá atrás o debate não acontecia e muito menos as ações dos clubes. Hoje o debate é amplo em diversos espaços, o que leva a conscientização de atletas, torcedores, dirigentes e jornalistas”, afirma Marcelo.
No entanto, o caminho a ser trilhado para uma erradicação da intolerância racial no mundo futebolístico ainda é longo. Para além da ampliação do debate sobre o tema, a promoção da diversidade no futebol é um caminho apontado por Marcelo para evolução do combate ao racismo no esporte.
Espero que os clubes, entidades e patrocinadores entendam que não existe combate ao racismo de forma efetiva sem inclusão de pessoas negras nos espaços de gestão e comando. É crucial a promoção da diversidade”, finaliza.
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