Colunas / Fatos e Pitacos

Fatos e Pitacos: Mães enfrentando o luto

Reprodução
Coluna Fatos & Pitacos vai ao ar toda terça-feira no site BNews, por Bruna Varjão  |   Bnews - Divulgação Reprodução

Publicado em 09/05/2023, às 10h26 - Atualizado às 11h04   Bruna Varjão


FacebookTwitterWhatsApp

Mães enfrentando o luto

É um processo de sofrimento, mas também de encontrar possibilidades para tocar a vida

O luto é um processo individual, de sofrimento, mas também de encontrar possibilidades para tocar a vida. Roberta Queiroz, 39, perdeu um bebê 24h antes do parto, após passar por cinco ciclos de FIV e quatro abortos. Devido ao diagnóstico de endometriose, ela não podia engravidar naturalmente. “Após a perda, passei por tratamento psiquiátrico e também me reconectei com Deus ao encontrar Divaldo Franco e ouvir dele que “meu filho estava bem e já já estaria voltando”. Dois meses após todo esse processo, ela descobriu que estava grávida. “Deus me provou que nada é como queremos, e sim como ele escreve”, diz Roberta, que hoje é mãe de dois filhos. A psicológa Taiana Rubim perdeu o filho de 4 anos e 8 meses em 2021, vítima de leucemia. Para enfrentar o luto, faz terapia com uma psicóloga que também tem uma história de perda. Compartilhou ainda que “a rede social me conectou com outras mães enlutadas e a gente se sustenta uma na outra. Entendi também que ritualizar é importante. Fiz um altar onde eu coloquei as principais coisinhas dele e isso mora na minha sala. Tem muita gente que reage passando por cima, virando a página. Eu entendo que isso é matar duas vezes”, diz a psicóloga, que hoje trabalha com demandas ligadas a maternidades desafiadoras.


Mães: ninho vazio

Para muitas, esse é um momento de sofrimento. Para outras, nem tanto

Sempre chega a hora dos filhos criarem asas. Para muitas mães, esse é um momento de sofrimento. Para outras, nem tanto. A advogada Elisabete Dantas vive a distância dos filhos, que se mudaram para São Paulo. A saudade é amenizada pela chamadas de vídeo. Apesar disso, a advogada acredita que esse é um movimento natural. "Lidei com tranquilidade, entendendo que os filhos precisam viver as suas vidas e o sair do ninho é um processo necessário. Como eles partiram adultos, eu e meu marido já tínhamos nossa vida pessoal independente. Não foi um corte abrupto", afirmou. E ela ressalta: "É preciso ter o amor maior: colocar o bem-estar dos filhos acima do seu, torcendo sempre pelo sucesso deles”. Nesse sentido, Elisabete pontua a importância de seguir a vida. “Eu acho que qualquer ser humano precisa ter seus hobbies, amizades, vida social ativa. É fundamental ser inteira, se bastar", conclui.


Mães: lidando com a ansiedade

Autocobrança pode ser trabalhada dando lugar a uma vida mais leve e produtiva

Autocobrança e ansiedade andam lado a lado. Marcella Costa, administradora, 35 anos, é mãe de um filho de quase 2 anos. Ela conta que já era muito ansiosa e após a maternidade passou a se cobrar ainda mais, não apenas no aspecto pessoal, mas também profissional. Marcella passou a dedicar tempo ao autocuidado para lidar com essa condição. "Tiro um tempo para me cuidar, realizar atividades que eu gosto e procuro fazer tudo com tranquilidade". Leitura, terapia e perfis de Instagram realistas, que buscam não romantizar a maternidade, também fazem parte desse processo. A administradora recomenda: "Os livros que mais me ajudaram não são sobre maternidade. São leituras de controle de ansiedade e implementação de melhorias no dia a dia. Por exemplo, os livros “Você aguenta ser feliz” e “Hábitos atômicos”, que ajudam a conquistar uma rotina mais leve e produtiva".


Educação nas escolas: interferência dos pais

Há uma tendência em resolver os problemas dos filhos

Ao contrário do que ouvi nos últimos dias sobre a ausência de muitos pais no acompanhamento escolar, a Gurilândia compartilhou um desafio diferente. Lígia Diniz, diretora pedagógica da escola, observa que há uma tendência em resolver os problemas dos filhos. “Deixem que seus filhos se frustrem, buscando estratégias para resolver os próprios conflitos. Não tomem as dores com as próprias mãos”, orienta. A confiança nas diretrizes da instituição de ensino é também fundamental, como avalia a administradora Priscila Cavalcanti, cujos filhos estudam na mesma escola. “O pais querem definir como a escola deve agir. Não pode. A escola tem que ter as suas filosofias e a sua forma de conduzir. A escola não pode se adaptar à realidade de cada pai ou mãe”. Priscila ainda mostrou preocupação com crianças que parecem ter um rei na barriga. “Vejo pais colocando seus filhos em pedestais, então tem sido muito difícil que as escolas imponham limites”.


Pais desatentos à saúde mental da criança

Escolas estão mais atentas do que os pais

Não saber lidar ou mesmo ignorar a saúde mental da criança é ainda muito comum. “Alguns pais entregam o diagnóstico à escola e dizem ‘resolva’”, avalia a administradora Priscila Cavalcanti, mãe de dois filhos. A psicóloga Rafaela Machado diz que as escolas estão mais atentas no desenvolvimento das crianças do que os pais. Ela ainda esclarece que a maioria das crianças atendidas em seu consultório não trazem problemas da escola. A maior parte é comportamental ou deriva das relações familiares. “Inclusive, muitas vezes, a escola é quem percebe o problema e solicita o acompanhamento psicológico”, explica. Segundo Ana Cristina, coordenadora pedagógica da Gurilândia, hoje, a preocupação maior é com o emocional. “Os alunos têm enfrentado desafios emocionais e, muitas vezes, as famílias não sabem lidar com isso”.


Ausência dos pais nas escolas

As famílias estão delegando tudo

Quando os pais são ausentes, é comum que a escola seja compreendida como o local onde a criança vai aprender tudo o que precisa. A advogada e administradora Marina Abud, cujos filhos estudam na Panamericana, conta que a participação dos pais é baixa. “Eu já fiz parte do PTA (Parents and Teachers Association) e comitês da escola. Encontros são promovidos, mas os pais não participam”, explicou. Ana Inês Matos é professora e coordenadora da rede pública de ensino e avalia a situação. “O grande problema atualmente é que a família esta delegando tudo à escola. Mas não temos que ficar na posição de acusar. Temos que fortalecer a parceria com pais para que eles se sintam à vontade”, afirma. É o que defende também Ana Cristina, coordenadora pedagógica da Gurilândia. “O que falta nas escolas é abrir espaço para que as famílias tenham acesso porque é na parceria que a gente ajuda o aluno a crescer. Não são todas as escolas que têm esse olhar”.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp