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Cineasta avalia tema da redação do Enem sobre democratização do cinema: “Além das questões políticas”

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Segundo a especialista, tema aborda questões sobre formação de plateia, apropriação cultural e identidade nacional  |   Bnews - Divulgação Arquivo pessoal

Publicado em 03/11/2019, às 18h45   Aina Kaorner


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Diante do posicionamento do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), sobre as produções audiovisuais brasileiras e sobre a Agência Nacional do Cinema (Ancine), muitos se surpreenderam com o tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2019, que abordou a “Democratização do acesso ao cinema no Brasil”.

Segundo a professora, cineasta e diretora da ¡Candela! Produções Audiovisuais, Ceci Alves, o tema vai muito além do que as questões políticas e econômicas que estão sendo debatidas sobre o assunto.

“O tema é mais profundo do que discutir o que está acontecendo, que é a desarticulação do cinema nacional. Essa é a ponta mais aparente do processo, mas não é a única questão que tem que ser vista quando se fala em democratização do acesso ao cinema no Brasil”, observou a especialista.

Segundo Ceci, o tema toca em várias questões, inclusive acadêmicas, que fogem um pouco do âmbito do que é estudado no Ensino Médio.

“É um tema complexo, mas o Ensino Médio brasileiro já vem perpassando as questões do cinema. Desde os primeiros anos da década que já havia sido implantado, no vestibular e no Enem, não só livros-base como também uma filmografia básica. Já existe um pensamento de compreensão do cinema como um cabedal cultural brasileiro. Não é uma coisa nova”, pontuou.

Para ela, o tema vai além da produção do cinema, mas aborda formação de plateia, apropriação cultural e identidade nacional.

“É uma questão que toca uma miríade de assuntos sobre o cinema ser visto como uma peça cultural que ajuda na construção do sentimento de nação. Como disse Gilberto Gil no discurso de posse do Ministério da Cultura, é sobre ter um Brasil plural que se reflete na tela do cinema”, lembrou.

A cineasta citou também a importância da formação de plateia como uma das grandes preocupações da Ancine: “É preciso entender que cinema não é só produção. Tem que discutir a democratização do acesso a partir do conhecimento do que é feito, tendo o audiovisual como uma das ferramentas de cultura e educação”, concluiu.

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