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Bom Jesus: abrigo, que passa por dificuldades, é o lar de 79 idosos

Imagem Bom Jesus: abrigo, que passa por dificuldades, é o lar de 79 idosos
Abrigo, que passa por dificuldades, é o lar de 79 idosos  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 06/04/2012, às 20h00   Caroline Gois





Fim de linha de Paripe, praia do Tubarão. Numa casa com dois andares beirando a curva de uma rua estreita estão hospedados 79 idosos. Eles, com idades entre 50 e 90 anos não têm  família ou mesmo identidade. "Aqui recebemos todos. E, em 2010 o número deles aumentou. Vêm de todas as partes e carregam cada um uma história", conta o diretor e idealizador da instituição, Luis Santana.



Enfermeiro e dono de um coração onde sempre cabe mais um, o pai deste projeto revelou à equipe do Bocão News que 60% dos idosos não têm identidade. "Ainda estão em processo de identficação. Chegam muitas vezes apenas com a roupa do corpo e em um estado que ninguém mais quer", explicou Santana.

O abrigo Bom Jesus nunca esteve tão cheio. Em 2010, após uma denúncia ter fechado um outro abrigo chamado Tio Paulinho por manter os idosos em cárcere privado, o Bom Jesus teve que abrir as portas e receber os 89 velhinhos que lá estavam. "Aí vi a situação se complicar. Não deixo faltar nada, mas estou no meu limite. Tenho outros dois abrigos, estes particulares e, é com o dinheiro deles e doações que mantenho este de Paripe. Aqui, eles tem tudo e não preisam pagar nada", ressalta Luis.



Duas salas de leitos, enfermaria, copa com fogão e geladeira e um ar aconchegante de casa familiar, área de lazer. As paredes já desgatadas e o chão ainda batido de cimento mostram que o lugar precisa de uma reforma. "Preciso de uma estrutura melhor. Precisamos de fraldas e alimentos. Precisamos de ajuda", diz o diretor. Lá, uma equipe ajuda a cuidar de cada paciente ou melhor, de cada amigo que se ganha dentro do abrigo. São quatro técnicos de enfermagem, dois médicos, dois psiquiatras, uma enfermeira, além de cinco funcionários que se alternam na cozinha e limpeza.

Idealizado em 2006, o abrigo nunca contou com o apoio do Governo estadual ou ajuda do município. "Todos já nos visitaram. Sei que faço o que era obrigação do Estado. Mas, nem com as dificudades vou fechar as portas. Se um velhinho vir até aqui ele vai entrar", afirma Luis, que nos contou já ter pedido ajuda a agiotas e ter pego altos empréstimos para manter a casa.

Mas, em meio às dificuldades financeiras e estruturais, nada supera a história e a dificuldade de cada um que hoje faz parte do grupo. Os idosos chegam de toda parte. Hospitais ou mesmo jogados na BR-324, como foi encontrado o seu Vadir, de 57 anos. Tímido com nossa presença e ainda com marcas do passado pelo corpo, ele nos conta que quase nu e com a pele queimada foi socorrido pelos anjos do abrigo. "Não lembro o que aconteceu comigo. Eu ia morrer". Após mais alguns minutos de conversa e deixando a tristeza lá atrás, seu Valdir foi questionado sobre qual time torcia. Sem titubear e estampando um sorriso no rosto ele respondeu: "Sou Bahia".



Luis Santana, diretor do abrigo

Há muitas histórias. Lá tem Edson Guimarães, 68 anos, que foi abandonado pela família e tem dona Maria e dona Angeliki. Lá, tem muitos rostos sofridos, muita gente esquecida aqui fora. Porque lá dentro, há muito amor, cuidado, preocupação e uma doutrina estampada na parede que diz 'Sempre ame o seu próximo'. E, com este sentimento e amor incondicional, Luis e toda a equipe do abrigo constroem uma nova história para cada um deles e nos passa a lição diversas vezes repetida pelo diretor do Bom Jesus: "Faço isso simplesmente para diminuir a quantidade de sofrimento do ser humano".

Para ajudar o Abrigo Bom Jesus:
Conta Corrente:
AGÊNCIA - 3602-1
CONTA CORRENTE - 41755-6
Contato: 3307-4561 / 83259383


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