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Prefeito já foi atendido pelo Samu, mas não recebe médicos

Imagem Prefeito já foi atendido pelo Samu, mas não recebe médicos
Mas a polícia e a guarda municipal montaram uma barreira para recepcionaram os manifestantes  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 12/01/2011, às 18h05   Ivana Braga



Fotos: Edson Ruiz // Bocão News

Médicos estão indignados com o prefeito João Henrique


O prefeito João Henrique não estava no Palácio Thomé de Souza na tarde desta quarta-feira (12) para receber os médicos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) que saíram em passeata da sede da Associação dos Servidores Públicos, na Carlos Gomes, até a prefeitura, com o objetivo de expor publicamente a situação de salários atrasados e defasados, falta de estrutura, precariedade na contratação, entre outras dificuldades que vem atravessando.

Ao invés do prefeito, esperavam os médicos policiais militares e a guarda municipal que fez uma barricada em torno do prédio da prefeitura impedindo o acesso dos manifestantes, que foram informados que uma comissão seria recebida. Só não disseram por quem.

À frente dos médicos, o presidente do sindicato da categoria, José Caires Meira, insistia em saber quem os receberia.  A ameaça de demissão coletiva dos médicos do Samu foi reafirmada por Caires. Insatisfeitos com as condições de funcionamento, salários atrasados, falta de reajuste há cinco anos e de infraestrutura dos postos avançados, os médicos deram um prazo de 30 dias para que a situação seja regularizada, caso contrário vão procurar outro emprego.


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De acordo com eles, essa não é a vontade, mas do jeito que está, o serviço de saúde vai parar por falta de profissionais. “Estamos falando não só por nós, médicos, mas por todos que compõem as equipes do Samu”, assinala Luca Albuquerque, 30, há três anos.

Lucas explica que essa foi a forma que os médicos encontraram para tentar evitar que a qualidade do serviço, que já considerado de ponta e um dos melhores do Brasil, continue despencando. “A situação está cada vez pior. Não é só a questão salarial, mas a falta total de estrutura é grande, enfrentamos uma série de problemas e só continuamos a prestar o serviço porque entendemos que a população não pode ser penalizada”, afirmou.

Para quem não se lembra, o médico Lucas Albuquerque virou herói junto com o seu colega Osvaldo Alves, ao salvar, em dezembro passado, Elielson Carvalho dos Santos, 40, que ficou soterrado nos escombros de um casarão que desabou na Conceição da Praia, centro antigo de Salvador, o que só foi possível com a amputação do braço da vítima numa cirurgia realizada em meio aos escombros.


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Elielson é uma das inúmera pessoas que está vivo graças à interferência dos médicos do Samu. Eles também já prestaram atendimento ao prefeito João Henrique, segundo informa o próprio Lucas. “Osamu já foi acionado algumas vezes para atender João Henrique. Eu já estive na prefeitura e um colega meu na casa do prefeito, em Alphaville”, revela o médico.

Apesar disso, o prefeito sequer teve a gentileza de receber os manifestantes para conversar. João Henrique já conhece as reivindicações da categoria. Isso porque, em março de 2010, foi entregue ao então secretário da Saúde José Carlos Brito o documento que os médicos gostariam de protocolar na prefeitura.

Com a queda de Brito, em outubro uma comissão de médicos do Samu entregou o mesmo documento ao prefeito. Quando José Saturnino Rodrigues assumiu a pasta, voltaram a mais conversar.


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 Apesar de todas essas tentativas, nada aconteceu. “Por isso, quando o secretário Gilberto José nos procurou pedindo que abortássemos ainda à prefeitura e fossemos conversar com ele, não nos mostramos muito simpáticos à proposta”, relata JoséCaires.

Segundo ele, nada impedia a conversa com o secretário. Por isso, foi sugerido que ele (Gilberto José) fosse até a prefeitura para receber os manifestantes juntos com o prefeito. “É preciso uma definição. Os médicos estão realmente dispostos a pedir demissão coletiva. Isso vai parar o Samu e o prefeito será o responsável”, alerta Caires.

Essa possibilidade assustou o protético Raimundo Nonato Bonfim dos Santos, 56, para quem se o serviço parar será o caos total. “Os postos de saúde não funcionam mais, o Programa da Saúde da Família (PSF) também está prestes a parar e agora é o Samu que ameaça suspender os atendimentos. O que será do pobre, aquele que não tem plano de saúde?”, questionou  o protético.

Ele, que já teve a oportunidade de testar o serviço comprovou que o atendimento é excelente, conforme qualificou. “Se esse prefeito deixar o serviço parar será uma irresponsabilidade e ele terá que responder pelo que ocorrer”.

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