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Bonfim: Milhares de baianos pedem bênçãos ao padroeiro da Bahia

Imagem Bonfim: Milhares de baianos pedem bênçãos ao padroeiro da Bahia
Turistas e baianos percorreram 8 km, sob sol e chuva, até a Colina Sagrada  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 13/01/2011, às 17h15   Natália Aguiar e Fabíola Lima




Vestidos de branco e pedindo bênção ao Senhor do Bonfim, o padroeiro do coração dos baianos e símbolo do sincretismo religioso da Bahia, cerca de 1milhão de pessoas percorreu a pé nesta quinta-feira (13), sob sol e chuva, os 12 km,  que separa a Conceição da Praia e a Colina Sagrada, no Bonfim.


O cortejo iniciou às 8h40 na Igreja de Nossa Senhora de Conceição da Praia (Comércio), quando foi realizado um ato inter-religioso com membros das igrejas católica e candomblé. A tradicional caminhada teve início às 9h. No percurso, pais de santo deram banho de cheiro nas pessoas.


Aproximadamente, 50 blocos populares desfilaram, muitos, com mini trios que tocando música, seguiam embalando turistas e baianos na mistura da fé e do profano.  A paulista Luciana Xavier, afirmou que tinha medo de participar de uma festa tão “misturada”, e confessou que se surpreendeu com a organização e com a educação das pessoas que ali estavam.


“Uma festa democrática”. Assim descreveu Luís Antônio Cabral, 43, que embora seja cadeirante, admitiu não deixar de comparecer à festa por causa de suas limitações. Integrante da Companhia de Dança de Cadeira de Rodas, Luís contou que apesar de não seguir uma religião, ele se diz uma pessoa de fé. “Participar de uma festa de tamanha proporção só me faz mais forte”, acrescentou.  

Além dos blocos, estiveram presentes na caminhada, capoeiristas que, ao som do berimbau, mostravam suas performances  ao longo do percurso. O mestre Tonho Matéria que estava à frente da Associação Cultural de Capoeira, disse que já é tradição participar da festa do Senhor do Bonfim e que nela busca a força de Oxalá com a turma da capoeira.

Mas o dia do Senhor do Bonfim também foi de manifestação. O Sindicato dos Químicos e Petroleiros da Bahia aproveitou a oportunidade para denunciar a insegurança nas empresas do Pólo Petroquímico de Camaçari e nas unidades da Petrobrás, além disso, eles também cobram o pagamento de salários de mais de 20 anos de atraso.

No fim da manhã, dezenas de baianas lavaram as escadas da Basílica com água perfumada, onde todos os fieis fizeram seus pedidos e amarraram as fitinhas do Bonfim  na grade da igreja.

Na frente do templo as pessoas continuaram buscando bênçãos, muitas rezando, outras tomando banho de folhas e arroz.  A mãe de Santo, Joana Silva, 42, que participa da lavagem há 20 anos explicou que as pessoas que tomam os banhos vão em busca de paz, saúde, prosperidade, para afastar o mau-olhado e acima de tudo, vão buscar bênçãos para o ano que se inicia. 


A Corrida Sagrada que tradicionalmente abre os festejos da Lavagem do Bonfim teve largada em frente à Igreja da Conceição da Praia e chegada no final da ladeira do Bonfim, teve uma vencedora baiana. Marluce Queiroz Pereira, 37, venceu a categoria feminina que terminou os 6,8 km da prova em 23min10s.

José Nilson Jesus, 33, ganhou na categoria masculina, com o tempo de 19min34s. O sergipano superou o baiano José Everaldo Mota, 31, que chegou 17 segundos depois.

A lavagem da Igreja do Senhor do Bonfim teve início em 1773, quando os integrantes da "irmandade dos devotos leigos" obrigaram os escravos a lavarem o templo como parte dos preparativos para a festa do Senhor do Bonfim, no segundo domingo de janeiro, depois do Dia de Reis.

Com o tempo, adeptos do candomblé passaram a identificar o Senhor do Bonfim com Oxalá. A Arquidiocese de Salvador, então, proibiu a lavagem na parte interna do templo e transferiu o ritual para as escadarias e o adro. Durante a tradicional lavagem, as portas da Igreja permanecem fechadas, as baianas despejam água nos degraus e no adro, ao som de toques e cânticos africanos.

Fotos: Aristeu Chagas e Edson Ruiz // Bocão News


Classificação Indicativa: Livre

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