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Burocracia pode condenar projeto que cuida de crianças soropositivas em SSA

Imagem Burocracia pode condenar projeto que cuida de crianças soropositivas em SSA
IBCM atende 82 menores com HIV em tempo integral, mas em janeiro prefeitura retirou professoras  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 03/07/2013, às 15h50   Redação Bocão News (Twitter: @bocaonews)


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A falta de orientação e a burocracia excessiva do poder público pode condenar ao fim uma importante iniciativa social em Salvador. Por conta de falta de apoio logístico do poder público no âmbito educacional, a Instituição Beneficente Conceição Macedo (IBCM), uma organização sem fins lucrativos fundada em 1989 e que assiste crianças carentes soropositivas em Pernambués, corre risco de fechar as portas.

Em 25 anos de história, a IBMC acumula atendimentos prestados a 20 mil jovens em Salvador. Atualmente, a instituição presta serviços a 22 famílias em que há a presença do vírus HIV, totalizando 82 crianças de 2 a 14 anos. Entretanto, para que todas estas crianças - que recebem apoio e educação em tempo integral - permaneçam no projeto é preciso que haja professores cedidos pela Prefeitura de Salvador, o que não ocorre regularmente e na quantidade necessária desde o mês de janeiro.

Em conversa com Bocão News, a fundadora da Ong, Conceição Macedo, revelou que os organizadores da iniciativa contavam entre 2007 e 2011 com o apoio de quatro professoras enviadas pelo então prefeito de Salvador, João Henrique. Os últimos anos de problemas frequentes de convênios institucionais em Salvador com ONGs, porém, fizeram com que a prefeitura diminuisse o número de educadoras pela metade e, no início deste ano, as duas últimas não mais retornaram à IBCM. O motivo, alegou o poder público, era a suposta necessidade de regularização.

“O que chegou para mim é que elas fazem parte de um programa da prefeitura, 'Programa Criança Viva', e foram transferidas para lecionarem em outro lugar. Passamos por muita dificuldade com nossas crianças, fizemos passeatas, levamos nossas crianças para as ruas e, nesse ano (2013), a Secretaria da Educação enviou uma professora que nos ajuda apenas no período da tarde”, relata Conceição. Para ela, a única professora presente não é suficiente para a ONG.


“Estas crianças têm baixa imunidade. Nós damos a medicação no horário. A gente não cuida só da saúde, nós também cuidamos do pedagógico, preparando elas para uma escola regular. Para onde a gente vai mandar esses meninos? Você conhece alguma escola específica para crianças soropositivas?”, comentou Conceição sobre a necessidade dos pequenos portadores de HIV. A fundadora ressaltou que a instituição vive de doações e não tem recursos para contratar os profissionais por conta própria.

Quem também tentou interceder por melhorias na IBCM foi o oordenador-geral da instituição, padre Alfredo Dórea. Ele redigiu uma carta para o Ministério Público do Estado e à Prefeitura pedindo ajuda no processo de regularização de um convênio entre o Município e a ONG, mas ainda não recebeu resposta. Na carta, o IBCM chega a sugerir a transferência das crianças para outra creche no bairro ou mesmo dar às salas da ONG status de escola municipal para resolver a situação.

O religioso alega que, ao longo dos anos, toda a parceria entre a instituição e a prefeitura ocorreu de maneira informal, o que dificulta a situação hoje. "Precisamos que o secretário nos diga o que está faltando. Nós estamos irregulares? Se estivermos, vamos correr atrás da regularização. O que dificulta é a falta de retorno, de orientação sobre o que fazer", queixa-se.

Dórea revelou que o MP já sinalizou anteriormente que defende a criação de um convênio oficial e que autorizou a Secretaria Municipal de Educação a liberar merenda e as professoras para a ONG, mas as necessidades estão sendo supridas apenas pena metade. “A merenda está indo, mas estamos precisando de professora”, revela Conceição Macedo. A reportagem do Bocão News tentou entrar em contato com o secretário João Carlos Bacelar, mas não teve retorno. 

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