Publicado em 10/12/2013, às 05h58 Alessandro Isabel (twitter: @alesandroisabel)
120 milímetros nos próximos 60 dias. Essa era a expectativa que os moradores de Lajedinho esperava de chuva para que a cidade pudesse sair do estado de emergência por conta da seca. O volume de água pluvial aguardado para dois meses terminou caindo em duas horas no fim de semana e o resultado foi desastroso: 11 pessoas mortas, seis desaparecidas, além de desabrigados e uma cidade inteira destruída.
Por conta do temporal que atingiu o município localizado na Chapada Diamantina, a prefeitura declarou estado de emergência e luto oficial de três dias. O Bocão News segue com uma equipe de reportagem na cidade acompanhando todos os detalhes.
De acordo com a Superintendência da Defesa Civil do Estado (Sudec), o período de seca deixou o solo impermeável, o que bloqueou a entrada da chuva que escorreu pelos vales da região até chegar ao centro da cidade, onde fica o riacho Saracura. A força da água transbordou, arrastando carros, destruindo casas e deixando um rastro de destruição.
Segundo o coordenador da Sudec, Paulo Sérgio Luz, a maioria das vítimas foi morta por afogamento e por ter ficado presa entre os escombros das casas que desabaram. Mais de 1000 pessoas estão desabrigadas, entre elas o prefeito da cidade, Antônio Mário Lima Silva (PSD).
Das 11 vítimas, oito foram identificadas. São elas: Valéria Cruz Lima, Luiza Santos Lima, Tharso Lima dos Santos, de 4 anos, Cátia de Jesus Santos, Sirlene Santos da Silva, Valdete Maria de Jesus, Ilza Cavalcante Silva, de 68 anos e Olivia Andreza de Jesus.
Cerca de 70 casas foram destruídas pela força da água da chuva. Os desabrigados estão alojados em escolas públicas. O número de feridos não foi contabilizado e os corpos estão no Instituto Médico Legal (IML) das cidades de Irecê e Itaberaba.
Segundo o capitão do Corpo de Bombeiros, Ramon Dieggo, os corpos foram arrastados para locais diferentes no curso do córrego que corta a cidade e isso têm dificultado os resgates. “Infelizmente a ação da água foi instantânea e as pessoas não tiveram tempo de escapar. Alguns corpos estavam presos em cercas de arame, outros em escombros e geralmente em locais diferentes e afastados. Isso complica as buscas”, afirma o capitão que garantiu a permanência dos homens na cidade.
A primeira manhã após a tempestade segue marcada de tristeza, comoção e muito trabalho por parte dos homens que fazem parte da força tarefa do Corpo de Bombeiros e Defesa Civil de Salvador, Feira de Santana e Itaberaba.
Além dos bombeiros, técnicos de diversos órgãos estão na área atingida avaliando a dimensão dos danos. Homens da Polícia Técnica, policiais civis e militares com cães farejadores também auxiliam na procura por sobreviventes.
DOAÇÕES - Por conta da tragédia na cidade de Lajedinho, o Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJBA) e a Defesa Civil de Salvador (Codesal) montaram postos de recolhimento de donativos para ajudar as famílias desabrigadas.
O TJBA montou dois pontos para receber doações de água, roupas e alimentos não perecíveis, preferencialmente arroz, feijão e macarrão, que serão enviados para a população de Lajedinho. As doações podem ser entregues no Fórum Ruy Barbosa, em Nazaré, ou na sede do Tribunal de Justiça, no Centro Administrativo da Bahia (CAB), em Salvador. As doações podem ser entregues das 7h às 18h.
Já para a Codesal as doações podem ser feitas das 8h às 17h na sede do órgão, localizada na Avenida Mário Leal Ferreira (Av. Bonocô). Podem ser levadas roupas, água mineral, cobertores e alimentos não perecíveis. O município de Lajedinho foi atingido por uma forte chuva na madrugada do domingo (08), que deixou 11 mortos. Cerca de 200 famílias também tiveram as residências afetadas pelo temporal e estão desabrigadas ou desalojadas.
Foto e informações: Tony Silva | Bocão News 
