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Rolezinho em Salvador foi vazio e membros de movimentos protestam isolados

Imagem Rolezinho em Salvador foi vazio e membros de movimentos protestam isolados
MPL, Intersindical e outros movimentos somaram seis pessoas na manifestação  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 25/01/2014, às 18h29   Tony Silva (twitter:@Tony_SilvaBNews)


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Os Rolezinhos têm tomado conta do país. Depois de São Paulo e Rio de Janeiro, neste sábado (25), o movimento estava marcado nos principais shoppings de Brasília. Não diferente das grandes capitais brasileiras, em Salvador, o Rolezinho também tinha data e hora agendadas. A manifestação, que tem o foco na descriminação racial, foi marcada para às 16 horas no Salvador Shopping, na Avenida Tancredo Neves.

Não houve Rolezinho dentro do Shopping, apesar do clima de alerta entre os seguranças. Apenas seis representantes de movimentos e associações foram à frente do estabelecimento para protestar, utilizando um microfone e uma caixa de som. Eles disseram que integrantes do Rolezinho estavam dispersos dentro do shopping.

Mesmo em pequeno número, o protesto chamou atenção de clientes, e principalmente da administração do Salvador Shopping, que ficou assistindo "de canto" toda movimentação. Entre os lideres presentes, Valter Altino, membro do Movimento Passe Livre (MPL) de Salvador, afirmou que faz parte da organização que construiu a manifestação, e declarou que “o Rolezinho acontece há muito tempo espontaneamente em Salvador, quando jovens vão junto ao shopping. Mas o problema começa a partir do momento que esses jovens são negros e sofrem discriminação racial por estarem reunidos em estabelecimentos como esse”, denuncia.

Valter ainda explicou o motivo do Rolezinho deste sábado (25). “O violência e discriminação contra os jovens de São Paulo levou o movimento negro a se manifestar como estamos fazendo, contra esse tipo de descriminação. O que estamos fazendo aqui hoje na verdade, é um ato contra discriminação dos direitos de ir e vir dos jovens negros da periferia”, explica.

Quem também foi apoiar o movimento foi Franklin Oliveira, que é diretor do Intersindical, - central que reúne diversas entidades sindicais do país. “Estamos apoiando esse movimento porque acreditamos que é uma possibilidade de denunciar o que está existindo no Brasil. Os empresários estão transformando as coisas públicas, a exemplo dos shoppings, em locais apenas para quem tem dinheiro. É preciso ter uma reorientação dos funcionários, é preciso que haja uma nova postura, porque não adianta um shopping como esse ser construído com dinheiro do BNDES, do Desenbahia, com apoio do estado e da prefeitura e usar esse dinheiro público para restringir a um público, atendendo mal e de forma discriminatória as pessoas”, protesta.

 Francisco Mirees, presidente do Movimento Periférico de Salvador, que também apoiou a manifestação, acusou o Serviço de Atendimento ao Cidadão SAC do Salvador Shopping de atender de forma discriminatória. “Queremos combater o desequilíbrio de tratamento dentro do shopping, que existe até dentro do próprio SAC. Onde a aparência determina o tipo de tratamento das atendentes, mais especificamente os negros que são tratados com discriminação. A gente precisa mudar essa educação dos atendentes do shopping em geral”, disse.

A retirada de algumas linhas de ônibus de bairros periféricos para Barra, também foi alvo de protestos na manifestação deste sábado (25). De acordo com Eudes Oliveira, do movimento Negro Atitude Quilombola, a decisão da prefeitura de Salvador impede que a juventude da periferia chegue às praias da Barra, a exemplo do Porto. “Estão querendo impedir a população da periferia, ir a bairros nobres de Salvador, como Graça e Barra. Também estamos denunciando essa atitude aqui”, afirma Eudes.

A manifestação, que foi pacífica, terminou por volta das 17h30 e não houve muita adesão, ficando restrita aos membros de movimentos e sindicatos presentes.


Fotos: Gilberto Júnior / Bocão News

Classificação Indicativa: Livre

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