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Fiscalização resgata 11 trabalhadores em cruzeiro no Porto de Salvador

Imagem Fiscalização resgata 11 trabalhadores em cruzeiro no Porto de Salvador
Os contratos de trabalho são firmados com base em um acordo internacional  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 05/04/2014, às 06h51   Redação Bocão News (Twitter: @bocaonews)


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Onze pessoas que estavam em condições de trabalho análogo ao de escravos foram resgatadas na manhã da última terça-feira (1º/04) no Porto de Salvador por uma força-tarefa composta por procuradores e auditores fiscais do trabalho. Eles eram empregados da MSC Crociere, empresa que explora cruzeiros marítimos e estavam a bordo do navio MSC Magnifica, que esteve na cidade entre as 8h a as 17h. Os funcionários cumpriam jornadas de trabalho de até 11 horas diárias, além de sofrer assédio moral, dentre outras irregularidades. O resgate só foi possível porque a força-tarefa colheu depoimentos que configuraram situação de trabalho degradante, ou seja, análoga à de escravos, e eles se dispuseram a deixar a embarcação.
Os resgatados foram levados para um hotel, onde permaneceram até o momento. Eles receberam apenas os dias trabalhados, mas o MPT já ajuizou uma ação cautelar solicitando o bloqueio dos bens da companhia a fim de garantir a indenização de todos os resgatados. A força-tarefa é composta pelo Ministério Público do Trabalho, pelo Ministério do Trabalho e Emprego, pela Defensoria Pública da União e pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos, com o apoio da Polícia Federal. As denúncias feitas por trabalhadores do navio vinham sendo apuradas desde o início do mês, quando uma primeira inspeção foi feita na embarcação no Porto de Santos, litoral paulista.
Nos depoimentos, os 11 trabalhadores relataram que ficaram sujeitos a jornadas de trabalho de 11 horas ou mais, sem direito a folgas e que sofriam constantemente assédio moral, com cobranças excessivas, humilhações, punições e até assédio sexual. Os primeiros depoimentos foram colhidos ainda no Porto de Santos. A investigação continuou e culminou com a ação em Salvador, quando outros trabalhadores brasileiros deram depoimentos à força-tarefa. Aos tripulantes que conversaram com os fiscais, foi oferecida a opção de serem resgatados.
A MSC é uma empresa italiana, das maiores do mundo do ramo de cruzeiros marítimos. O Magnifica aportou em Salvador  com 3.323 passageiros e segue hoje para Recife e em seguida para a Europa. Dos tripulantes, mais de 200 são brasileiros. O descumprimento da legislação trabalhista para esses empregados deverá ser cumprido pela empresa. Caso não aceite firmar um compromisso para ajuste de conduta, o MPT pode entrar com uma ação trabalhista pedindo que a Justiça determine a adequação dos contratos de trabalho à lei brasileira.
Os contratos de trabalho são firmados com base em um acordo internacional, mas no entendimento dos procuradores do MPT envolvidos na operação, brasileiros contratados e prestando serviço no país estão submetidos à Consolidação das Leis do Trabalho. Com o resgate, foram iniciadas negociações com a empresa multinacional e suas subsidiárias, mas não houve avanços, com a MSC se negando a reconhecer a condição degradante e a arcar com despesas de hospedagem e passagem de retorno a suas cidades de origem. Também não concordou com os cálculos das verbas rescisórias feitas pelos auditores fiscais do trabalho.
Para tentar garantir recursos para o pagamento desses valores, o MPT ajuizou ação cautelar na Justiça do Trabalho solicitanto o bloqueio das contas bancárias da subsidiária brasileira, MSC Cruzeiros do Brasil. Se o Judiciário acatar a tese dos procuradores, o dinheiro ficará retido até que o caso seja avaliado e se decida pela liberação aos resgatados. A Defensoria Pública da União também garantiu ao grupo toda a assistência jurídica necessária para ações judiciais individuais por danos morais.
Da coletiva, partiticipal o procurador do trabalho Rafael Garcia, coordenador regional de combate ao trabalho escravo do MPT na Bahia; o auditor fiscal do MTE Alexandre Lyra e o chefe da Defensoria Pública da União na Bahia Átila Dias.

Fonte: MPT/ Bahia

Postada às 11h23 do dia 04 de abril

Classificação Indicativa: Livre

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