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Alterações climáticas secam rios no Nordeste

Divulgação/ Ministério da Integração Nacional
Relatório do IPCC alerta para impactos irreversíveis no meio ambiente para os próximos anos  |   Bnews - Divulgação Divulgação/ Ministério da Integração Nacional

Publicado em 07/03/2022, às 08h47   Redação


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O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) alerta para impactos irreversíveis no meio ambiente caso a humanidade não freie o aquecimento Global. Entre os problemas apontados pelo relatório está a secagem dos rios em três regiões incluindo o Nordeste. O documento traça um mapa global da tendência do fluxo médio anual de rios feito por 7.250 observatórios entre 1971 e 2010. “Algumas regiões estão secando”, diz o texto do documento que aponta o Nordeste do Brasil, o sul da Austrália e a região do Mediterrâneo.

De acordo com o portal Uol, os pesquisadores apontam para as mudanças climáticas como um dos principais fatores para esse acontecimento. "Principalmente, pelas mudanças em grande escala na precipitação, fator que influencia a evapotranspiração; e alterações do tempo de acumulação de neve e degelo devido ao aumento das temperaturas”, diz o relatório.

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O IPCC alerta que essas mudanças tendem a se agravar caso as temperaturas continuem a subir nos próximos anos. "Espera-se que quaisquer mudanças induzidas por mudanças climáticas nos regimes de fluxo e na conectividade dos rios alterem composição de espécies, além de ter impactos sociais", diz o documento que completa, “o aumento da frequência e intensidade das secas pode fazer com que rios perenes se tornem intermitentes; e rios intermitentes desapareçam, ameaçando peixes de água doce em habitats já caracterizados por calor e secas”.

Entre 2012 e 2017 o semiárido, entre o Nordeste e norte de Minas Gerais, sofreu a maior seca da história. Isso ocasionou consequências ambientais como a morte de animais, migrações e problemas para as plantações e vegetações. E a situação desse bioma continua se agravando segundo pesquisadores. "No ano passado nós vivenciamos temperaturas de até 41°C em média, enquanto nos anos anteriores 1,5°C grau a menos. O ano de 2021 foi bem severo para o semiárido", diz o professor e pesquisador Emerson Carlos Soares, do campus de Ciências Agrárias da Ufal (Universidade Federal de Alagoas), citando o desmatamento como um dos problemas que impacta a temperatura na região.

"Nós estamos tendo uma substituição da rica vegetação da caatinga, que gera maiores áreas erodidas — que também se alia à questão da diminuição de chuva. Consequentemente a pastagem vai invadindo e as áreas vão ficando com solo frágil. E sem chuva a dificuldade é maior para o plantio e para a economia da região”, explica.

Outra mudança na região Nordeste que chama atenção é a situação do Rio São Francisco que é o maior rio 100% brasileiro e que, num período de sete anos de poucas chuvas, reduziu a vazão e causou impactos ambientais no seu percurso. Segundo o coordenador do projeto Expedição Cientifica do Baixo São Francisco, Costa, “nós estamos tendo aqui também um aumento da aridez, que causa um aumento de áreas desérticas, com o solo cada vez mais pobre. Nós tivemos uma perda, segundo artigos científicos, na ordem de 30% da vegetação nos últimos anos no semiárido”.

A previsão do meteorologista e coordenador do Laboratório de Processamento de Imagens de Satélite da Ufal, Humberto Barbosa, é o aquecimento dos oceanos que trará um impacto na distribuição das chuvas e fará alteração em todo o ciclo hidrológico. “As secas do semiárido vão ser cada vez mais frequentes e intensas em funções dessas características.

Já para a região costeira do Nordeste isso pode trazer chuvas mais intensas. É meio paradoxal, mas é exatamente o que a gente tem visto e que vai intensificar nos próximos anos. A distribuição das chuvas não será linear, podendo ter áreas com secas intensas e no mesmo estado ter com inundações”, diz Humberto.

Além disso, segundo o professor do departamento de Ecologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Carlos Roberto Fonseca, essas mudanças colocam em risco de extinção milhares de espécies animais e vegetais na caatinga. "Além disso, todas estas mudanças têm o efeito causador da segurança hídrica e alimentar das pessoas", completa.

Diante desse cenário preocupante, no ano passado o mundo entrou na Década da Restauração dos Ecossistemas da ONU (Organização das Nações Unidas). "Este é um esforço mundial para evitarmos a perda da biodiversidade, as mudanças climáticas globais e a promoção da justiça social", diz Fonseca.

Ele cita que, com a ação, já é possível ver recursos internacionais sendo disponibilizados para restauração. "Até mesmo no Brasil temos visto o surgimento de recursos para este fim. O problema é que, se não determinarmos prioridades, estes recursos podem ser gastos sem se alcançar nenhuma meta", diz

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