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Agronegócio brasileiro teme alta de fertilizantes para a próxima safra devido ao impacto da guerra da Ucrânia

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Com o risco de desabastecimento, o agronegócio brasileiro teme alta de fertilizantes para a próxima safra  |   Bnews - Divulgação Valter Campanato/Agência Brasil

Publicado em 04/03/2022, às 08h12   Redação BNews


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Diferentemente do que afirmou a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) apontam que o estoque de fertilizantes no país só deve durar até junho. O prazo indicado pela ministra era até o início da próxima safra, em outubro, no caso de escassez provocada pelo conflito entre Rússia e Ucrânia.

Com o risco de desabastecimento, o agronegócio brasileiro teme alta no preço de fertilizantes para a próxima safra.

De acordo com o jornal O Globo, o volume atual de fertilizantes no Brasil está acima da média de anos anteriores, mas o país importa 9 milhões de toneladas por ano de insumos para o produto do Leste Europeu, ou seja, cerca de 25% de tudo que é comprado no exterior.

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Ainda segundo a publicação, os preços já vinham em trajetória de escalada, com alta de mais de 100% em 2021. O fosfato saiu de US$ 400 a tonelada para US$ 800 no fim do ano passado. O potássio saltou de US$ 290 para US$ 780. Com os problemas nas cadeias de logística e produção em razão do conflito, haverá novos aumentos.

O governo deve lançar nos próximos dias o Plano Nacional de Fertilizantes, elaborado desde o ano passado em parceria com outros ministérios e com a iniciativa privada, para reduzir a dependência do Brasil da importação de fertilizantes.

Importação

Atualmente, o Brasil é o quarto consumidor global de fertilizantes, responsável por cerca de 8% deste volume e é o maior importador mundial. O Brasil importa cerca de 80% de todo o fertilizante usado na produção agrícola nacional. No caso do potássio, o percentual importado é de cerca de 95%. A Rússia é responsável por fornecer cerca de 25% dos fertilizantes para o Brasil.

A Rússia é a maior exportadora mundial de fertilizantes, com praticamente US$ 7,0 bilhões exportados em 2020. É também a maior fornecedora do Brasil, com US$ 1,79 bilhão dos US$ 8,03 bilhões que importamos (2020).

Em relação aos fertilizantes potássicos, a Rússia é responsável por cerca de 20% da produção global e é origem de 28% das importações brasileiras. Já para os nitrogenados, o país é o segundo maior produtor global. Como fornecedor para o Brasil a Rússia participa com 21% dos nitrogenados e, no caso específico do nitrato de amônio, o país é praticamente o único fornecedor para o Brasil, segundo dados da Conab.

Bielorrussia

As exportações de fertilizantes da Bielorrussia para o Brasil estão suspensas desde o início de fevereiro por causa do fechamento dos portos da Lituânia para o escoamento desse produto. Desde que soube que a Bielorrusia sofreria sanções econômicas dos Estados Unidos e da União Europeia, o governo brasileiro vem buscando alternativas para suprir a demanda do setor.

A ministra Tereza Cristina esteve na Rússia no ano passado e no Irã em fevereiro deste ano negociando o aumento de exportações de fertilizantes para o Brasil. A estatal iraniana National Petrochemical Company (NPC) afirmou que o Irã poderá triplicar as exportações de ureia para o Brasil, chegando a 2 milhões de toneladas ao ano. No dia 12 março está prevista uma viagem da ministra para o Canadá para negociar o aumento das exportações de potássio para o Brasil.

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